Rabindranath Tagore* conta que certa vez, passeando de barco pelas águas do rio Ganges, viu um peixe vir à superfície para apanhar alguma coisa, um inseto ou um fruto. Quando o animal girou o corpo para mergulhar novamente, suas escamas prateadas refletiram o céu límpido daquela tarde ficando totalmente azuis, espelhando o céu luminoso. Um espetáculo de beleza natural! O grande poeta indiano então concluiu: “A intuição deve ser isso, algo que emerge das profundezas da alma e que por um momento reflete o infinito...”
Essa é ao meu ver uma das mais magníficas expressões que conceituam a intuição. Mas não é fácil conceituar a intuição. Se perscrutarmos os dicionários, encontraremos algo do tipo: a intuição é o ato de ver, perceber, discernir, pressentir.
Fica-nos, então, aquela impressão de que a intuição é o ato de ver algum objeto ou fenômeno de maneira diferente daquela normalmente vista pela maioria das pessoas que olham para esse objeto ou fenômeno.
Por exemplo: bilhões de pessoas, no decorrer de milhares de anos, já devem ter se deparado com um cenário, ao cair da tarde, onde, por trás de uma macieira repleta de frutos suspensos por pedúnculos, visualiza-se a Lua, fixa no firmamento. Quantos viram algo além de maçãs e da Lua?
Pois é bem possível que num cenário como este e em seu sítio, em Woolsthorpe, o jovem Isaac Newton, com apenas 24 anos de idade, tenha visualizado, além de maçãs e da Lua, a inércia retilínea e a atração entre corpos com massa.
Entre a visão normal, ou o ato puro e simples de olhar, e a visão sofisticada, qual seja, o ato de ver, de perceber, de discernir, de pressentir, reside o segredo da intuição, também descrita como a contemplação pela qual se atinge a verdade por meio não racional.
Vamos, então, trabalhar um pouco mais este conceito no sentido de esclarecer o que aqui entendemos por verdade e por que o processo intuitivo seria não racional como muitos pensam.
O cientista é, diferentemente dos outros, um homem magnífico que procura pela verdade e que, portanto, assume a existência dessa verdade. Nessa procura, admite como certo o que poderíamos chamar de verdade provisória. Mais magnífico ainda quando se diz "provisoriedade". Será?
Digamos, então, que esta última seja o que consideramos como verdade científica, e o que a distingue das demais verdades provisórias, encontradas pelos que não são cientistas, seria o seu acoplamento ao método científico ou à experimentação.
Para resumir, poderíamos dizer que a verdade científica é uma verdade provisória tomada por empréstimo da natureza e da forma como ela aparenta ser real. As hipóteses e conjecturas científicas assumem, com freqüência, esse papel de verdades científicas.
Eu adoro verdades científicas. E você?
Digamos, então, que o primeiro passo, mas não o único e/ou o derradeiro, para chegarmos às verdades científicas seria a contemplação da natureza. Olha só a natureza voltando!
A não racionalidade, atribuída à intuição, retrata o seu caráter essencial, mas não engloba, propriamente, todo o processo intuitivo. Digamos que se refere ao insight ou o famoso estalo ou, ainda, à percepção de alguma coisa estranha, não notada nas outras vezes em que se observou o mesmo objeto ou fenômeno.
É óbvio que esta percepção, ao ser trabalhada racionalmente, poderá vir a se constituir numa conjectura ou hipótese. No entanto, mesmo antes de formularmos uma conjectura ou hipótese, já estamos frente a algo a que podemos associar o conceito de verdade provisória.
Existe um conceito popular a dizer: Gato escaldado tem medo de água fria. Seria isto equivalente a admitir que o gato raciocina?
Seria isto coerente com a afirmação de que o gato formula hipóteses (a água queima) e as generaliza (as próximas águas queimarão)?
Provavelmente seria muito engraçado pensarmos num gato mais científico agora, não!
Mas podemos, pelo exemplo, simplesmente inferir que o gato está dotado de uma intuição primitiva e da capacidade de memorizar fatos e, em conseqüência disso, em condições de aprender por um meio não racional. Que gato inteligente, não???
Se a ciência experimental começa pela intuição, poderíamos concluir que o intuitivismo é a base fundamental de todos os conhecimentos humanos oriundos das ciências empíricas.
É importante não confundir intuitivismo com intuicionismo. Este último relaciona-se à doutrina que faz da intuição o instrumento próprio do conhecimento da verdade: lembram do ver para crer???
Mesmo porque o cientista parte da contemplação do que realmente existe, e interpreta esta verdade seguindo um raciocínio lógico aprisionado ao método científico. O cientista, então, parte da verdade (intuitivismo) e procura por novas verdades científicas por meio da construção e da corroboração de teorias.
Afirmar que a ciência começa pela intuição é, portanto, bem diferente de dizer que a ciência começa pela observação.
É comum contemplarmos a natureza por vias indiretas. Newton, por exemplo, conhecedor da inércia circular de Galileu, viu a Lua em movimento e deve ter associado este movimento à desnecessidade de um pedúnculo para que a Lua permanecesse a uma distância fixa da Terra, o que não acontecia com as maçãs.
Essa maçãs de Newton como foram fantásticas!!!
Ou seja, Newton contemplou a natureza com conhecimentos adquiridos em seus estudos, o que é diferente de observar um fenômeno sem conhecimento algum. Me poupem agora, pois observar é algo profundamente necessário para todos que queiram adquirir boa saúde e energia.
Já o Einstein, por outro lado, contemplou a natureza utilizando-se unicamente da imaginação e de seus conhecimentos prévios, deixando a observação momentaneamente de lado.
Vocês já pensaram em seus conhecimentos sobre eletromagnetismo, aos quinze anos de idade, relacionavam-se a brincadeiras com uma bússola ganha na infância e ao que pôde aprender no segundo grau a respeito do eletromagnetismo vigente na época.
Eu adorava estudar eletromagnetismo e acho até que consigo fazer isso quando escrevo ou quando estou nos estudos e atendimentos com o Tarô.
Não se assustem com a palavra eletromagnetismo no Tarô. Realmente existe! Mas acalmem-se que tenho mais coisas para lhes falar.
Certamente eu também me encantei quando ouvi falar sobre a experiência de Oersted, em que a bússola sofre uma deflexão ao ser colocada nas vizinhanças de um fio conduzindo uma corrente elétrica.
A teoria de Maxwell explicava o fenômeno afirmando que o campo elétrico gerado por cargas em movimento (corrente elétrica) manifestar-se-ia em objetos em repouso (no caso, a bússola) como um campo magnético; daí a deflexão sofrida pela bússola. De alguma maneira, parte do campo elétrico transformava-se em magnético em virtude do movimento.
Por um mecanismo do mesmo tipo, pelo menos em sua origem, a teoria de Maxwell explicava também o caráter eletromagnético da luz: campos elétricos e magnéticos iriam se alternando à medida que a luz se propagasse. Em essência, foram essas as referências utilizadas pelo magnífico jovem Einstein para construir o cenário onde visualizou o nascimento de sua teoria da relatividade.
Nossa, ele simplesmente imaginou estar lado a lado com uma onda eletromagnética. E percebeu que, a ser verdadeira a teoria de Maxwell, neste cenário construído os campos elétrico e magnético estariam em repouso.
Como explicar, neste repouso, a alternância entre os campos elétrico e magnético?
Como explicar a coerência da teoria de Maxwell frente ao que lhe pareceu ser um absurdo?
A saída encontrada foi conjeturar sobre a impossibilidade em se acompanhar uma onda eletromagnética. Daí, para afirmar que a constante c, inerente às equações do eletromagnetismo, é universal e independente do referencial utilizado, ele se valeu de um trabalho de refinamento de sua conclusão primeira, o que foi possível graças a seus conhecimentos sobre a teoria de Maxwell bem como à sua tentativa de compatibilizá-la com a relatividade de Galileu;
Calminha pessoal, o trabalho dos rapazes aqui citados foram concluídos por Einstein aos 25 anos de idade e publicado sob o título de Sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento.
Que título, hein???
Mas sobre o processo intuitivo que eu já li por toda a minha vida! O difícil mesmo é saber como ela opera em cada pessoa, tamanha é a sua particularidade, a sua pessoalidade infinita.
Mas as minhas ondas de intuição como ficam?
Bem, certamente o amigo Tarot é um dos meus instrumentos de trabalho e meditação que melhor exercita e desenvolve a minha intuição. Uma vez que abri as portas dessa percepção eu nunca mais fechei. Pois quando precisamos de orientação precisamos realmente da intuição no seu mais potente estado eletromagnético dentro de uma consulta ao Tarot!
É fascinante quando vemos que as cartas funcionam como letras combinadas de um enorme alfabeto a ser desvendado.
É como se cada Arcano recebesse um calor do meio ambiente e realiza-se o grande trabalho em volta da grande pergunta do consulente.
A jornada daquele Arcano passa a ser naquele momento o caminho percorrido pelo sistema e trabalho que realiza.
Porém, nem calor nem trabalho são coisas possuídas apenas pelos sistemas tarológicos, pois um Arcano reflete apenas a energia em trânsito do consulente naquele momento, aquilo que atravessou as paredes do seu recipiente chamado inconsciente.
O método com o Tarot que uso, por seu turno, retrata o caminho percorrido também pelo cientista entre o "captar de uma informação" e a produção de um artigo científico ou de um protótipo.
E é entre este "captar da informação do Arcano" que o tarólogo passa pelas etapas seqüenciais do método científico, quais sejam: observação, análise, síntese.
Concluído o processo o Arcano devolve ao meio ambiente do consulente uma informação trabalhada e, portanto, observada por ele, e prossegue para o novo ciclo de perguntas.
Um grande abraço para todos,
Cristina Guedes
coluna afroditequemquiser