:: Osvaldo Shimoda ::
Existem três coisas às quais corremos atrás durante toda nossa vida: felicidade, amor e paz interior. Felicidade no final de cada experiência; amor em nossos relacionamentos e paz de espírito. Mas estamos fadados ao fracasso. E por quê?
Porque buscamos essas três coisas fora e não dentro de nós.
Sendo assim, a solidão é um estado de alma, um vazio interior, uma insatisfação que muitos buscam preencher externamente, através de bens materiais (carros, roupas, aquisição de uma casa, etc.), trabalho (muitos se tornam workaholics, viciados em trabalho), comida, sexo, jogos, etc.
Daí as queixas mais comuns de pacientes que me procuram no consultório por sofrerem de solidão: "Sou fechado, sério, me isolo das pessoas, não tenho amigos e nem uma vida social; "Sou casada, mas infeliz em meu casamento, sinto solidão, pois não me sinto amada, compreendida"; "Gostaria de casar, constituir uma família, mas não tenho sorte no amor, meus relacionamentos amorosos não dão certo"; "Tenho tudo: marido bom, filhos saudáveis, um ótimo emprego, mas sinto muita solidão".
Portanto, há pessoas que, mesmo rodeadas de gente, sentem uma solidão profunda. Há ainda casais que sofrem do que chamo de solidão a dois: apesar de estarem juntos, sentem-se sós, há um vazio, um tédio interminável.
Em muitos casos, por mais que a pessoa solitária busque preencher esse vazio da alma fora, não resolve sua solidão, pois o vazio continua presente. Isso é uma prova do quanto a pessoa está alienada, distante de si mesma, de sua essência divina, de sua verdadeira natureza.
Na TRE (Terapia Regressiva Evolutiva) - a Terapia do Mentor Espiritual, abordagem psicológica e espiritual breve, criada por mim, o mentor espiritual (ser desencarnado diretamente responsável pela nossa evolução espiritual) do paciente irá lhe revelar a causa verdadeira de sua solidão, bem como solucionar o problema. Nessa terapia, muitos pacientes descobrem que estão fechados à vida, ao amor, por ainda estarem presos pelos laços do passado (são bloqueios emocionais oriundos de vidas passadas).
Ao passar pela regressão de memória, a causa da solidão é desvendada, rompendo a barreira da memória que o impedia de entrar em contato com a experiência traumática, causadora de seu sintoma. É importante informar aqui que o mentor espiritual do paciente o conhece profundamente, pois vem acompanhando-o em várias encarnações, sabendo se o mesmo tem -ou não-, estrutura emocional para regredir ao seu passado e revivenciar aquela experiência traumática. Desta forma, se tiver condições, o mentor irá lhe revelar; caso contrário, não permitirá que regrida.
Nunca é demais lembrar a máxima secular de Cristo "Conhecereis a Verdade e a Verdade Vos Libertará". Sem dúvida alguma, ela se aplica perfeitamente a essa terapia.
Certa ocasião, uma paciente veio a descobrir na TRE -através de seu mentor espiritual-, que seu estilo de vida solitário na verdade vinha acompanhando-a em várias encarnações, inclusive na existência atual, porque não conseguia se desligar de uma experiência traumática de uma existência passada: fora abandonada pelo marido e acabou morrendo louca e sozinha. Portanto, a causa de sua solidão, além do desamor, estava em seu auto-abandono que trazia dessa vida passada.
Outros ainda descobrem na regressão de memória que a dificuldade de fazer amizade, ou mesmo de se envolver afetivamente é conseqüência do medo da intimidade, da entrega. Portanto, o medo de se entregar advém do temor de vir a sofrer novamente por ter confiado no sexo oposto. O abandono e a traição são as principais causas que levam as pessoas a não confiarem em ninguém.
Resultado: solidão e permanente estado de déficit de amor. Sendo assim, o desamor por si mesmo e pelos outros diz que essa pessoa é disfuncional do ponto de vista amoroso, ou seja, sua capacidade de dar e receber amor está comprometida.
Não foi por acaso que Freud, o pai da psicanálise, definiu Felicidade como "sexualidade e sociabilidade naturais, espontânea satisfação pelo trabalho e capacidade de amar".
Neste aspecto, a TRE, através do mentor espiritual, busca resgatar ao paciente sua capacidade de amar, ou seja, ser funcional do ponto de vista amoroso.
Quero finalizar esse artigo com um lembrete às pessoas solitárias: "Se você está sendo ruim consigo mesmo há muito tempo, um pingo de amor faz uma diferença enorme. Experimente e verá"!
Caso Clínico:
Reencontro com a família
Homem de 52 anos, separado, uma filha
O paciente veio ao meu consultório se queixando de depressão, pois se sentia só, num vazio e tristeza profundos. Tinha muita dificuldade de expressar, de compartilhar seus verdadeiros sentimentos e não conseguia chorar. Sentia também uma dor muito aguda no peito, achando que tinha problemas cardíacos; no entanto, ao fazer todos os exames médicos, os resultados deram todos normais.
Na entrevista de avaliação, o paciente assim me relatou:
"Dr. Osvaldo, o motivo pelo qual estou procurando o senhor é o seguinte: vim de uma família muito pobre, meus pais eram da roça, trabalhávamos dia após dia, sem parar, não tínhamos descanso. Eu sou o mais velho de seis filhos. Quando a minha mãe teve o último filho, o médico disse que ela não podia mais ter filhos, pois se isso acontecesse poderia correr risco de vida por conta de sua saúde debilitada. O médico falou isso para o meu pai na minha frente. Um dia, vindo da escola, vi meu pai embriagado violentando minha mãe; recordo-me dos gritos dela pedindo para ele parar. Eu era pequeno, tinha uns oito anos quando isso aconteceu, não pude fazer nada para ajudar a minha mãe. Não demorou muito, a barriga da minha mãe começou a crescer. Fiquei apavorado, pois ela era tudo o que tínhamos de bom, minha mãezinha era uma pessoa dócil, muito boa, gentil, cantava para mim e para meus irmãos, nos dava carinho. Mas com essa gravidez, acredito que ela sabia que iria morrer. Meu pai era um covarde, um maníaco, um bêbado. Aqueles meses foram tão bons e ao mesmo tempo eu sofria tanto, pois pressentia que ia perder a minha mãe.
Ela falava assim para mim: 'fiquem sempre juntos, nunca abandone seus irmãos, não se preocupe, vocês são meus anjinhos, sempre estarei por perto.
Ainda escuto a voz dela'...
"Chegou o dia do nascimento do bebê, ela estava muito fraca e como o médico havia dito, ela não agüentou. Lembro da última cena, antes dela morrer, dentro de uma carroça dando adeus para mim, eu correndo atrás e meus irmãos chorando. No dia seguinte, o desgraçado de meu pai chegou com o caixão e a minha mãe dentro. Ele dizia que eu tinha que ser homem, que não tinha que chorar. Que ódio, quem era ele para me dizer sobre atitudes de homem. Minha mãe tinha ido por causa dele e eu não tive coragem de enfrentá-lo.
Seis meses depois, meu pai pediu para que arrumássemos as nossas coisas que íamos sair. Arrumei os meus irmãos e seguimos o meu pai por uma estrada de terra. Andamos por um bom tempo até chegarmos a uma construção com um muro bem alto. Veio uma freira e nos colocou para dentro, meu pai deu as costas e foi embora nos deixando lá.
Nunca mais vi aquele desgraçado. Vinha na minha mente o que a minha mãe me disse: "Nunca se separem!". Era um orfanato. Tentava ao máximo deixar meus irmãos perto de mim, mas logo o bebezinho foi adotado. Daí os dois mais novos também foram, depois o outro, e outro; acabei ficando sozinho, pois ninguém queria adotar um menino com quase 10 anos. Fiquei no orfanato até os 18 anos, sempre muito triste e depressivo, não conseguia sentir alegria, sentia muita raiva, revolta de tudo, do que estava passando e, principalmente, por não ter conseguido ficar com meus irmãos, nem sabia onde eles estavam. Sentia um vazio, uma mágoa, mas, o pior de tudo, não conseguia e até hoje não consigo chorar. É por isso, doutor, que vim procurar o senhor, pois sou um homem triste, não consigo sorrir, demonstrar afeto. Vivo numa solidão que parece a imensidão do mar.
Entrei no mercado de trabalho, e só no trabalho não encontro problemas. Tive alguns relacionamentos e de um deles veio a minha filha, mas não consigo sentir nada por ela. Já me chamaram de frio, calculista, sem sentimento, não consigo chorar, não consigo me entregar em nenhum relacionamento. Não consigo sorrir, sentir alegria. Hoje vivo só, tenho 52 anos".
Ao passar pelas sessões de regressão, o paciente não via nem ouvia nada, foram três sessões sem resultado algum, nada. Foi frustrante para todos. Pedi então que fizéssemos uma nova tentativa na semana seguinte.
Para minha surpresa, quando comecei o relaxamento o paciente me interrompeu e relatou:
- "Doutor, estou vendo uma luz amarela e ela me diz algo".
Perguntei o que ela dizia. Paciente me respondeu:
- "Não pode ser, deve ser uma fantasia, fruto de minha imaginação... essa voz está me falando dos meus irmãos e também de minha mãe".
Falando o quê? - Perguntei.
- "Falando onde meus irmãos estão, e que a minha mãe está encarnada. Diz que minha mãe nasceu novamente, reencarnou dois anos depois de sua morte, e que ela também sofre muito, vive uma grande busca, há um grande vazio nela. Ela veio novamente, casou, mas não teve filhos. Adotou várias crianças e está envolvida com trabalhos sociais, mas é também uma pessoa triste". (pausa).
Prossiga - Pedi ao paciente.
- "Essa luz está mostrando os meus irmãos... Vejo o Zezinho, a Catarina, Rosa, Venâncio e o Assis. Estão como eu, velhos. Vejo cada um em locais diferentes... Doutor Osvaldo, a luz revela onde meus irmãos estão, revela também que a minha mãe nos procura, só não sabe onde. Ela sempre sonha com as seis crianças perdidas; é por isso que ela adotou aquelas crianças. A luz diz que vamos nos encontrar em breve. Sinto agora que a luz toca meu peito"... (Paciente começa a chorar sem parar, copiosamente, um choro sentido, intenso, como estivesse se lavando com as próprias lágrimas).
Três meses após o término da terapia, recebo este e-mail:
"Para o Doutor Osvaldo e toda a sua equipe terrena e espiritual,
É com muita alegria e felicidade que mando este e-mail. Confesso que no dia em que saí do seu consultório estava atordoado, tinha conseguido o que queria, ou seja, chorar, sentir emoção, mas saí também muito ansioso. Com os nomes das cidades que a luz havia me revelado, tirei férias do trabalho e saí em busca de meus irmãos.
Doutor Osvaldo, por incrível que pareça, encontrei todos os meus irmãos, todos! Confesso que não foi fácil encontrá-los, pois tinham mudado de nome, mas a luz havia me dito que eu iria reconhecer seus rostos. O nosso encontro foi muito emocionante, com muita alegria e felicidade. Fiquei sabendo que tenho sobrinhos, sou tio avô, uma família linda! Mas não é só isso, o senhor deve se recordar que na última sessão de regressão, a luz me mostrou uma mulher que tinha por volta de 40 e poucos anos. Uma mulher muito bonita e com os nossos traços; pois é, eu a encontrei, quer dizer ela me encontrou, pois resolvi fazer um trabalho voluntário com crianças carentes e logo ficamos amigos, houve uma grande amizade, parecia que já nos conhecíamos. Um dia quando ela me falou que sonhava sempre com seis crianças perdidas, meus olhos se encheram de lágrimas, ela não entendeu o motivo de eu estar chorando; então, contei toda a minha história, inclusive a minha ida ao seu consultório e como a luz me falou dos meus irmãos e de minha mãe, que agora estava encarnada nos procurando. Doutor, que emoção, de novo chorei feito uma criança, pedi perdão a essa mulher, a minha mãe, por não ter conseguido ficar com meus irmãos. Ela me abraçou do mesmo jeito que fazia quando eu era garoto. E disse: - te amo, meu filho! Ficamos um bom tempo em silêncio olhando um para o outro, emocionados, felizes. Ansiosa, chorando, ela me pediu para ver meus irmãos. O senhor pode imaginar a festa que houve com o reencontro de todos.