Elza e Antonia se ajudam e tiram dúvidas durante a aula (Foto: Alícia Uchôa)
“A gente nasce sem saber nada e morre aprendendo.” Foi essa a filosofia de vida que levou a dona-de-casa Antonia Alteodia, de 88 anos, a encarar pela primeira vez o computador.
Ela é uma das cerca de 250 pessoas que têm aproveitado o sistema de internet sem fio instalado em Copacabana, na Zona Sul do Rio, para vencer o preconceito contra a máquina e ter aulas de informática em plena areia da praia.
“É mais um motivo para sair de casa. Depois vou poder me comunicar com amigos e parentes que estão longe”, diz ela, na segunda aula, enquanto aprendia a criar seu email próprio. “Minha neta está radiante”, orgulha-se a vovó.
Ex-'analfabeta digital'
Sem netos, a colega de turma Elza Azeredo, de 66 anos, conta com apenas um incentivador: um sobrinho analista de sistemas. “Vai ser uma surpresa para a família. Enquanto estou aqui, eles acham que fui ao mercado. Tinha ojeriza a computador, me intitulava analfabeta digital. Até que resolvi comprar um e comecei a perder o medo”, conta.
João Honorato quer ter mais segurança para entrar na internet sem riscos (Foto: Alícia Uchôa)
O receio em relação à máquina, o aposentado João Honorato, de 71 anos já perdeu. “Tenho um computador em casa, mas só quero colocar a internet quando aprender a mexer com segurança”, resume ele.
“A maior parte dos nossos alunos são idosos, que se sentiam excluídos e ficam maravilhados com o que podem aprender aqui. A maior parte tem computador em casa, mas o filho não tem paciência de ensinar, ou o neto não os deixa usar”, conta a coordenadora do projeto Dayse Garcia, que vê os alunos, depois de treinados, voltarem para aproveitar a internet livre.
