Uso nos terreiros:
Planta utilizada para Xangô, Oxosi e Obaluaiyé, conhecida nos terreiros pelo nome de ewé ogbe àkùko que significa “folha crista de galo”. Tem a função de proteger e defender contra feitiços, mas, também, atrai prosperidade.
As folhas entram no àgbo e em banhos de purificação dos iniciados e banhos para afastar negativismos.
Na “santeria”, em Cuba, este vegetal tem o nome lucumi aguéyí sendo usado para Obàtálá e a Oxun.
Ligado ao elemento Fogo, suas folhas possuem caracteristicas gún.
Uso em Ifá:
Do odu Osá òfún em “trabalho para tomar alguma coisa de alguém” (Verger 1995:411)
Do odu Owonrín ìretè em “trabalho para fazer alguém cair num poço” (Verger 1995:427)
Ofó do Odú Ìwòrìbogbè (ìwòrì ogbè) – Para mandar o mal de volta. (Verger 1967:16 -17)
Bi’kú bá ri mi
K’ikú o má lè pa mi
Bi agógó igún bá so
A si se ’nu kóròlò s’odì
Se a morte olhar para mim
Que não seja capaz de me matar
Quando o bico do abutre colhe o fruto
Sua boca volta-se para o outro lado
O nome agógó igún significa bico de abutre.
Conforme os mitos foi usado por Orunmilá, juntamente com outras folhas para acalmar a cólera das ìyámi.
Outros nomes yorùbá: àgógo igún, ògún, ogbe àkùkö, àkùkö dúdú, àkùkö funfun (Verger 1995:677).
Nomes populares: Crista-de-galo, heliotrópio, borragem, erva-de-são-fiacre.
Nome latino: Heliotropium indicum L., Borraginaceae
Uso nos terreiros:
Utilizado com freqüência na cozinha litúrgica no preparo de iguarias para os orixás.
Tanto na santeria quanto no culto de Ifá, em cuba, o coco funciona como um oráculo substituindo o obì (Cola acuminata (P.Beauv.) Sch. & Endl.).
Seu fruto redondo está assoociado a Orí (a cabeça), pois a água que ele contém serve para lavar a cabeça no sentido de refresca-la quando a pessoa esta com ela muito quente, e o coco do qual se retirou a água, enche-se com ekó (mingau de milho branco) e coloca-se sobre o assentamento de Oxalá ou Yemanjá pedindo tranquilidade para o seu Orí.
É uma palmeira muito utilizada para Osányìn e Oxosi, todavia seus frutos são oferecidos Oxosi, Xangô, Oxalá e a Orúnmìlà.
Árvore do compartimento Ar, com características masculinas e eró.
Uso em Ifá:
Do odu Òdí méjì em “receita para tratar hemorróidas externas” (Verger 1995:159).
Do odu Ogbè òtúrá em “trabalho para escapar de processos na justiça” (Verger 1995:341)
Em trabalho contra pessoa que não mantém uma promessa, ofó do odu Ìkádí (Ìká Òdí) (Verger 1967:14-15)
Àgbon l’o ni ki ng gbón.
Ologbòn pupo sa l’àgbon ise
Coco diz que sou inteligente
Inteligência e criatividade pertence ao coco
Na África, em algumas regiões de Ifé, o coco é utilizado em rituais para Olokun.
Nomes populares: Coqueiro, coqueiro-da-bahia, coco, coco-da-bahia
Nome latino: Cocos nucifera L., Palmae
Uso nos terreiros:
As folhas são usadas em Àgbo, banhos de purificação e prosperidade.
Sob a árvore coloca-se oferendas para Osányìn.
As folhas tem propriedade gún e são utilizadas para Xàngó e sua mãe, Ìyámase.
Na Santeria cubana, a imbaúba e conhecida pelos nomes Lucumi igi ogugú e láro e pertence a Obàtálà.
Uso em Ifá:
A única referência encontrada diz respeito à espécie Musanga cecropioides R.Br., que também, pertence a família das Moraceae,
Outro nome yorubá: Agà. (Verger 1995:699)
Nome popular: Imbaúba, árvore-da-preguiça, umbaúba e embaúba.
Nome latino: Cecropia palmata Willd., Moraceae
Uso nos terreiros:
Àgbàdó funfun = Milho Branco para Òxàlá e todos os outros orixás.
Àgbàdó pupa = Milho amarelo para Èxù, Ògún, Oxoosi, Lògún Ede e Öbà.
Àgbàdó kékeré = Milho alho, para Obaluaiyé, Nàná e Oxún.
Espigas de milho para Oxoosi e Xàngó.
As folhas são usadas em omi-eró de prosperidade e para lavar Èxù.
A água do milho branco cozido é utilizada em banho calmante.
Os grãos são utilizados nos terreiros, no preparo de varias iguarias que são ofertadas aos òrìxà, tais como: Ègbo, ègboyá, axoxo, àdun, guguru, akasá branco, akasá de leite, egidi (akasá de milho amarelo), ekó etc.
Vegetal gún, utilizado para atrair prosperidade e boa sorte.
Uso em Ifá
“As folhas (ewe àgbàdo) são usadas em um trabalho para trazer boa sorte (àwúre oríre) que se classifica no odú ìwòrì òfún, também chamado ìwòrì àgbàdo” e em “trabalho para se obter favores das feiticeiras” (Verger 1995:41/42). Do odu Èjìogbè em “receita para tratar vômito e diarréia” (Verger 1995:185).
“A espiga de milho inteira, odidi àgbàdo, é usada em uma receita para ajudar a mulher a ter um bom parto (awebí) classificada no odu que trata do nascimento de crianças, (...) ogbè òtúrúpon ou ogbè tún omo pon” (Verger 1995:43)
“O sabugo do milho (pòpórò àgbàdo) é usado em trabalho para sair vitorioso de uma luta (ìsegun ìjàkadi), classificado no odù ose méjì ou ose oníjà, “ose-que-gosta-de-briga” (Verger 1995:43,351)
“A palha (háríhá) que envolve a espiga de milho é usada em uma receita para ajudar a mulher grávida a sentir o corpo leve (...), classificada no odu ogbè òtúrá ou ogbè aláso funfun, “ogbè-dono-da-roupa-branca” (Verger 1995:44,277)
O cabelo-de-milho é utilizado em “trabalho para conseguir proteção contra Exu” do odu Ose òtúrá (Verger 1995:295).
“... os grãos de milho torrados (àgbàdo súnsun) são usados em trabalhos para fazer um processo judicial cair no esquecimento (àwúre aforàn ou ìdáàbòbò l’owo ejo) pertencendo ao odu ogbè òtùrá ou ogbè kòléjó, “ogbè-não-tem-processo-na-justiça”.” (Verger 1995:44-45, 341), e em “receita para tratar inchaço da barriga” do odu Ose ìká (Verger 1995:193).
Do odu Ose òtúrá consta um curioso “trabalho para juntar novamente partes cortadas de um corpo” (Verger 1995:385)
Ofo ti nmu ní se oríre (Para ter boa sorte) do odu Ìwòrì wòfún (ìwòrì òfún),
Kini àgbàdo á mú bó? Igba omo.
Kini àgbàdo á mú bó? Igba asó.
Orí’re ni ti àgbàdo.
Àgbàdo rin hòhò l’óko.
O kó ‘re bó wá ‘lé.
Orí’re ni ti àgbàdo
O que o milho está trazendo de volta? Duzentas crianças.
O que o milho está trazendo de volta? Duzentas roupas.
O milho traz boa sorte.
O milho vai para o campo.
E retorna para casa com boa sorte.
O milho traz boa sorte
Outros nomes yorubá: Ìgbàdo, okà, yangan, erinigbado, erinkà, eginrin àgbado, elépèè, ìjèéré (Verger 1995:737).
Nome popular: Milho, milho branco, milho vermelho, milho alho
Nome latino: Zea mays L., Gramineae
Uso nos terreiros:
As sementes conhecidas pelo nome olibé, por serem redondas e grandes dão a ideia de fartura, por isto são utilizadas nos assentamentos de Xango para que este orixá proporcione prosperidade aos seus filhos.
Uso em Ifá:
Pouco citada, todavia, é uma planta utilizada em trabalhos de Ifá.
Nome popular: Fava-de-Xangô
Nomes latino: Entada gigas (L.) Fawc. & Rendle., Leguminosae-Mimosoideae
ÀFÒMAN
Uso nos terreiros:
Àfòman é o nome nagô dado a diversas plantas das famílias das lorantáceas, polipodiáceas ou convolvulaceas que se utilizam do substrato de outros vegetais. São chamadas de parasitas ou hemiparasitas.
“A palavra àfòman significa “doença contagiosa”, ou “planta parasita ou epífita” (visco, orquídea etc), (...) as folhas mais usadas em trabalhos dedicados a Xapanán, o deus da varíola e das doenças contagiosas, são as plantas parasitas ou epífitas.” (Verger 1995:56)
Somente a espécie conhecida como erva-de-passarinho (Phthirusa abdita S.Moore) é usada no àgbo, as outras são utilizadas nos rituais de iniciação sob as esteiras onde dormem os iniciados.
Dentre os Àfòman temos:
- Erva-silvina, que tem o nome nagô de ewé afoman odan;
- Cipó-chumbo com o nome nagô de àwó pupa, também conhecida no jéje, como “cabelo de aziza” e utilisada para Osanyìn. No keto recebe, também, o nome de labo-labo que significa “vai e volta”, usada nos rituais de Ogun e Omolu.
- E, as espécies estreliça e barba-de-pau.
Para uso ritualístico são utilizadas apenas as que são colhidas em árvores que não possuem espinhos. Possuem característica gún e sua utilização em rituais de Obaluaye se faz no sentido de proteção conta doenças.
Uso em Ifá:
Das espécies citadas não encontramos nenhuma menção na literatura sobre Ifá.
Nome popular: Erva-de-passarinho
Nome latino: Phthirusa abdita S.Moore., Loranthaceae