O amor de Abigail

[ismael de almeida]

Saulo era rabino no colegiado judeu, um sacerdote de destaque, que estava encarregado pelo sinédrio de perseguir cristãos. Estevão era um destacado membro do cristianismo, e juntamente com Pedro, ensinava levando a mensagem do mestre, para as comunidades próximas de Jerusalém.

O colegiado judeu queria dar exemplo da perseguição aos cristãos punindo um membro de destaque da grei cristã e Estevão foi o escolhido, tendo sido perseguido e preso pelos soldados de Caifas.

Saulo foi o sacerdote encarregado do julgamento de Estevão, e com vigor condenou Estevão ao apedrejamento. Este costume bárbaro era comemorado com festa pelos rabinos, que se vangloriavam de eliminar os inimigos de Moises, como eles classificavam todos que não seguissem os dogmas judeus.

O julgamento de Estevão era considerado um triunfo para a carreira de Saulo, no templo.

Saulo convidou Abigail para assistir o apedrejamento de Estevão, e quando este já expirava pelas pedras recebidas, Abigail viu que o acusado era seu irmão, e comunicou a Saulo que seu irmão estava morrendo.

Saulo mandou recolher o corpo de Estevão ainda com vida em uma dependência do templo, e Abigail se despediu do irmão, naquele momento de dor, e o irmão partiu abençoando Saulo, e abraçando a irmã querida.

Saulo depois do episódio se afastou de Abigail, e a perseguição aos cristãos, foi feita com instinto assassino.

Não obstante, Saulo amava Abigail e depois de um ano do ocorrido, com saudade imensa da noiva repudiada procurou Abigail que morava numa chácara próxima de Jerusalém. Mas sua surpresa foi estonteante, Abigail pela grande dor sofrida estava tísica e seus dias estavam contados na Terra. O amor de Saulo explodiu em sua alma, vendo aquele corpo magro nos estertores da morte, porem de rosto cheio de luz e ternura e a bondade do coração de Abigail que era um remanso de paz e amor. Encantou a alma do rabino. Abigail morreu. Saulo ficou desolado.

Saulo estava encarregado pelo sinédrio de ir a Damasco prender Ananias, um pregador humilde e bondoso.  Quando Saulo com seus asseclas estavam próximos de Damasco, uma luz misteriosa envolveu Saulo, e uma voz doce como canto de pomba e ressoante como trovão disse: Saulo, Saulo porque me persegues?

A partir de então Saulo sentiu nas profundidades da sua alma, aquele convite amoroso do mestre, que escancarou o mundo interno do odioso rabino. Saulo se rendeu a doce voz do Cristo.

Saulo sentiu no coração a doçura do Cristo a imensidão de seu amor, e se tornou cristão.

Alma fanática e cruel se transformou em candura de pássaro. O grande e inolvidável amor de Abigail preencheu o coração de Saulo e este amor divino foi sua redenção. Saulo chorava de saudades da amada inesquecível e seu rosto era banhado em lágrimas. Um amor puro e divino pode mudar a alma de um criminoso em santo. Saulo seguiu para um Oasis no deserto de damasco, onde foi esquecer a sua dor, exercendo o oficio de tecelão.  Quando a noite chegava Saulo orava ao Cristo pedindo perdão e o amor de sua noiva querida enchia sua alma de saudade e dor.

Saulo se redimiu e se transformou em Paulo o apóstolo! Começou sua missão de servidor da humanidade!

Quando um amor puro e verdadeiro surge na alma, a vida busca a santidade. A alma se torna faminta de Deus, e neste amor que incendeia mas não queima, a entrega é feita ao Criador com frenesi. Tudo se dá, tudo se entrega, tudo se renuncia! O mundo exterior perde todos seus atrativos e aquele amor elétrico se torna uma fogueira no interior do mundo subjetivo. Descobre-se o Deus interno e seu inigualável amor, e uma imensidão de ternura, invade o âmago do ser, que tudo entrega ao bem amado o Pai Celestial! A entrega é total e absoluta. Quando tudo se dá tudo se tem, perde-se no mundo exterior e ganha-se no mundo interno, e todo o universo lhe passa a pertencer.

Deus e a alma passam a ser amantes eternos, e este infindável amor só terminará na união final, no UNO o incognocivel!

Extraido de Paulo e Estevão de Francisco Cândido Xavier.

Ismael de Almeida.

 

[Maria das Graças da Silva]

Li esse livro a alguns anos atrás, mas sempre que me lembro de algumas passagens, ainda fico comovida. Mas O Mestre no seu Infindável Amor conseguiu resgatar uma alma que ferozmente aniquilava aqueles que julgava ser inimigos por crerem em outra doutrina. AMÈM, AMÉM, AMÉM!!!!!

[Marco Rocha]

Belíssima história. Obrigado.