a alma

[ismael de almeida]

Eu estava lendo o livro da Vida, escrito na Natureza. Caminhava e observava, anotava  detalhes,  dos pequenos e dos grandes, desde a nervura das folhas , ao firmamento. Numa caminhada solitária e em quietude, adentrei  uma trilha estreita e sinuosa, e vi logo a frente, uma colmeia de abelhas.  As abelhas , operosas, disciplinadas , em harmonia e comunhão entre si, buscavam nas flores próximas e distantes , o nectar das flôres , e o transformavam na colmeia, em MEL que depois era ofertado  a humanidade, na mais lídima doação de amôr. Caminhando despreocupado e em reverência com  a Mãe Natureza, mais adiante numa elevação, vi uma nascente de água pura e cristalina. Eram bilhões de bilhões  de gotas de água,  quais diamantes líquidos , que seguiam em leito sinuoso ao seu destino final que é o oceano. No  seu trajeto impassivel, fluiam mansamente, dessedentando , formigas, insetos, pássaros, animais e homens, numa doação  inequívoca de puro amôr . Aturdido perguntei a mim mesmo: Como pode a Fonte não se esgotar?  De onde fluiam este lençol  de diamantes líquidos, que se renovava, ampliando o seu volume de água?

Numa noite límpida olhei para o firmamento, e pude vislumbrar bilhões e bilhões de astros que  navegava no oceano cósmico, em harmonia,  numa trajetória  rumo ao seu destino.  Eram astros e planetas dentro de constelações, contidas em galáxias , que formavam universos, e continentes  contidos no ABSOLUTO! Como estrelas e almas se parecem , os astros são humanidades , que como os homens buscam  sua  caminhada  cósmica. E depois, perguntei a mim mesmo? O incognocivel...!!!???.

Vislumbrado e atônito, voltei-me para os abismos insondáveis do meu mundo interno, no recôndito do Eu Sou.Em minha caminhada interior,  ví uma esplosão de fogo elétrico,  fulgores e esplendores, sem limites, raios de rubis de luzes que irradiavam côres e fogos, que não ferriam, mas deixavam  uma brisa de frescor, uma ternura e bondade que era carícia  e suavidade, era o amôr irradiado pela alma. Era a Alma!  Meu Deus, exclamei, como pode ser? A alma , riquezas e poder sem limites, e o homem , tendo alma, vive como pária a mendigar esmolas!?. É que o homem está separado da alma, por um abismo, como uma garganta profunda  que separa a ilha do continente.  è preciso construir uma ponte com cabos de luz, ANTAKARANA,   unindo a ilha ao continente ou seja o homem à alma. Lembrei-me de Francisco de Assis, que em sua magistral sabedoria afirmou em doce oração: "é dando que recebemos" e o homem , de ambição sem limites só quer receber, e vive como mendigo esmolando sem parar! Como é possivel, o homem , criado a imagem e semelhança de Deus,  o Cristo interno, filho de Deus,  viver na miséria quando é herdeiro do infinito?

O homem precisa mergulhar no mundo do silêncio, observar e sentir , sua própria alma, fazer perguntas a si mesmo, descobrir os mistérios do seu mundo interno, e conhecer  aquele astro de luz de primeira grandeza , sua ALMA.