De acordo com os pesquisadores do Centro de Previsão de Clima Espacial dos EUA, SWPC, o fenômeno não foi causado devido às tempestades aleatórias que ocorrem na superfície solar, mas por uma rachadura que se abriu na magnetosfera da Terra e que permitiu que o vento solar penetrasse nas camadas mais elevadas da atmosfera.
A tempestade dessa terça-feira foi classificada como de classe G1, de pequena intensidade, e por não ter sido causada por distúrbios de forte intensidade na superfície do Sol, não provocou alterações no fluxo de raios-x registrado pelos satélites geoestacionários que medem a energia emitida pela estrela. Em outras palavras, a tempestade geomagnética não deu sinais de que iria ocorrer.
Rachaduras
Apesar de invisível, nosso planeta é cercado por uma espécie de bolha magnética chamada magnetosfera, criada pelos movimentos ocorrem na região dos núcleos da Terra. Essa bolha é fundamental para a proteção do Planeta contra as partículas emitidas pelo Sol e sem ela a vida na Terra seria praticamente impossível.
No entanto, estudos recentes mostraram que algumas vezes essa bolha desenvolve enormes rachaduras que podem permanecer abertas por horas. Quando isso acontece, as partículas solares penetram em nosso planeta e ionizam a ionosfera a 160 km de altitude, produzindo os distúrbios geomagnéticos como o ocorrido nesta terça-feira.
Os primeiros trabalhos sobre as rachaduras na magnetosfera foram realizados em 1961, por Jin Dungey, do Imperial College, no Reino Unido. As pesquisas mostraram que a anomalia podia se formar quando o campo magnético das partículas vindas do sol tinha orientação oposta a do campo magnético em algum ponto da Terra. Nessas regiões, os dois campos magnéticos podem ser interligar através de um processo chamado "reconexão magnética", criando uma trinca no escudo através do qual as partículas eletricamente carregadas do vento solar poderiam fluir.
Em 1979, o cientista Goetz Paschmann, ligado ao laboratório de física extraterrestre do Instituto Max Planck, na Alemanha, detectou as rachaduras utilizando o satélite de exploração solar ISEE (International Sun Earth Explorer). No entanto, devido à órbita o satélite permanecia pouco tempo sobre as falhas, não permitindo saber se as fendas eram temporárias ou se permaneciam estáveis por longos períodos.
As mais modernas observações começaram a ser feitas em 2003 com auxílio do satélite IMAGE, especializado no estudo da magnetosfera. De acordo com as pesquisas, diversas auroras de prótons foram registradas sobre a região do Ciclo Polar Ártico, alimentadas pelo vento solar que penetrava por rachaduras na magnetosfera. Em alguns casos essas fendas tinham o tamanho da Região Sudeste do Brasil e permaneciam abertas por mais de 9 horas ininterruptas. Outras observações mostraram rachaduras duas vezes maiores que a Terra a uma altitude de 60 mil quilômetros.
Foto: Imagem registrada às 14h41 (hora de Brasília) de 28 de dezembro de 2010 pelos satélites F17 do Departamento de Defesa dos EUA. No topo, a cena mostra intensas auroras boreais sobre o círculo polar ártico, provocadas por uma rachadura momentânea na magnetosfera terrestre. Para se ter uma ideia do brilho dessas auroras, os pontos amarelos mostrados sobre as áreas continentais causados pela iluminação das grandes cidades. Crédito: US Navy's Fleet Numerical Meteorology and Oceanography Center/Apolo11.com
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