A falsidade e traição perante o tribunal divino - www.almasdivinas.com.br/

[Jean]

Uma noite, ao sentar-se para conversar com sua família espiritual de monges e irmãs, o Mestre disse:

 

As posses nada significam para mim agora, mas a amizade é tudo. Na verdadeira amizade pode-se captar um vislumbre do Amigo por detrás de todos os amigos.

É por isso que jamais devem ser falsos com um amigo ou trair alguém. Tais atitudes são alguns dos maiores pecados perante o tribunal de Deus.

 

As pessoas traiçoeiras não ousam mostrar as suas opiniões abertamente. Nos erros cometidos através da escravidão dos sentidos há uma compulsão, mas a traição é voluntária.

    Assim, quando os escribas e os fariseus perguntaram a Jesus se deveriam seguir a lei de Moisés e apedrejar Maria Madalena por adultério, ele disse: “Aquele dentre vós que estiver sem pecado, que atire a primeira pedra”.

E um a um, todos se retiraram.

A falsidade e traição perante o tribunal divino    Mas esse mesmo Jesus que pediu a misericórdia de Deus, mesmo para aqueles que o crucificaram, disse do traidor Judas: "Ai daquele por quem o Filho do Homem é traído! Teria sido melhor que ele não  tivesse nascido."

    Jesus queria dizer claramente que aquele que é traiçoeiro é o maior pecador.

   

                                  O pecado deliberado da traição é desprezado por Deus.

 

                                          Trecho de O Mestre Disse e Crise mundial

 

 

         Outra mensagem de P. Yogananda sobre o assunto: A traíção é o mais terrível de todos os crimes

 

 

 

" Um amigo falso e insincero é mais temível que um animal selvagem; o animal pode ferir seu corpo, mas um falso amigo irá ferir sua alma." Buddha

 

Esta página é dedicada àqueles que já experimentaram (ou experimentam), o abraço gélido da traição, vestida de sorrisos falsos e de lábios trapaceiros e enganadores, que mentem, distorcem e lançam fora valores morais. A traição calculada, que espera para agir, autojustificada em propósitos egoístas, porque não mede consequências,  e indiferente a extensão de seus danos, do quanto irão durar, de quantos prejudicará, apunhala a boa fé e confiança do outro,  talvez até na vida.

 

Não há consolo, quando em troca do bem que fazemos, da franqueza, ética e honestidade que exercitamos, recebemos de uma pessoa que prezamos - às vezes até de um familiar ou irmã consanguínea -, o bote sub-reptício com o veneno aniquilador. Pois como diz Budha -

Mas se serve de esperança, convém lembrar que todos os grandes iluminados que desceram à Terra - sem exceção - sofreram com essa experiência na encenação de seus papéis. E o golpe não partiu de estranhos ignorantes, mas de seus amigos, parentes, ou discípulos próximos.

Certamente permitiram esta cilada do livre-arbítrio, para nos deixar o exemplo de como reagir diante desse torpe desvio da conduta humana, o qual, nas palavras de Yogananda, é o mais terrível perante o tribunal divino.

 

E é nessas horas, durante a batalha com um misto de emoções - questionamentos, raiva, tristeza, decepção, indignação - que os ensinamentos amorosos do Bem são testados, o discernimento se estabelece, a luz se ancora em nossa dor e resgata a alma.

 

"Por mais que na batalha se vença a um ou mais inimigos, a vitória sobre si mesmo é a maior de todas as vitórias." Buddha

 

"Se você é bondoso e franco poderão enganá-lo. Seja bondoso e franco assim mesmo! Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante. Veja que, no final das contas é entre você e Deus. Nunca foi entre você e os outros!" (Madre Tereza de Calcutá)

 

Na certeza de ter agido com a verdade e o coração íntegro, abandonando as emoções nocivas do drama, o ator se despede do papel de traído e finalmente descansa feliz em um indelével abraço espiritual, enquanto ouve o sussurro no coração: "alegre-se, você venceu..." A voz maternal nos conforta e desperta para seguir em frente, confiantes na Justiça Divina, e Se manifesta em almas sinceras que passam a cruzar  nosso caminho.

 

Para nós, simples buscadores do autoconhecimento, aprendemos que a traição não se dá no momento flagrante. Ela já aconteceu há muito tempo na alma - do outro. Nos deixamos ficar vulneráveis porque escolhemos crer no melhor do outro, e sobretudo aprendemos, que permanecer vulneráveis e confiantes na vida, é a principal derrota de maya - no traidor. Porque significa que vencemos na sintonia - com o AMOR.

No entanto, fica tudo por isso mesmo? Se o trapaceiro "age" de forma errônea, inversamente devemos nos guiar para a Ação Correta. A passividade e omissão, (que muitos confundem com "não-violência"), nunca foram ensinadas pelos sábios. Mas é só depois de recuperado o equilíbrio, que então a Ação Correta pode ser tomada, à luz dos mesmos ensinamentos e aprendizados que nos socorreram. Foi o o que Krishna ensinou à Arjuna durante a batalha com seus parentes: lutar sem envolvimento emocional, sem apêgos e sem pressa (o que é uma vida  diante do infinito?).

 

"O iogue avançado, não trata do ouro e da  terra, o santo e o  pecador, com indiferença imparcial.  Ele sabiamente reconhece suas diferenças dramáticas na plano mundano. O iogue reconhece valores relativos. Endossa as atividades dos virtuosos que servem como arautos do bem aos seus semelhantes, e denuncia as atividades do mal que causam dano a si e aos outros. "  Deus fala com Arjuna 

 

"Vamos deixar claro uma coisa: muitos acham que ter compaixão, é se render ao outro. Temos que separar o agente da ação. O perdão pode ser para a  pessoa, mas não para o que ela faz. Devemos nos opor a ação,  criticar, denunciar e mostrar que desaprovamos. Dizer também que todo infortúnio é mero resultado do carma equivale a dizer que somos totalmente impotentes diante da vida. Carma é uma palavra sânscrita que significa "ação".  Não podemos portanto, sacudir os ombros ao nos confrontarmos com o sofrimento inevitável e a injustiça." Dalai Lama

 

"Não devemos temer estas provas e sim enfrentar as pessoas, as condições e tudo na vida com a coragem que surge da total dependência de Deus." PY

 

 

"Um dos fardos oriundos da traição, é inclusive o sentimento de culpa que nos assola: por que confiamos naquela pessoa, por que ignoramos os "sinais", o som dos "guizos", por que permitimos? A resposta simples, pode estar no fato de que não esperamos do outro, aquilo que inexiste em nossa conduta: a semente do mal. No fundo, o traiçoeiro é apenas um pobre faminto de energia. Ele em tudo se justifica para alimentar sua fome energética. Manipula,  se apossa e ludibria, porque nada tem para oferecer de seu.  Carente de amor, vazio de honestidade e virtudes genuínas, em sua escuridão enganosa, o único reflexo que ele vê no outro, é o seu próprio breu. " MM

 

 

"Quem tem ouvidos que ouça. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui  está a perseverança e a fé dos santos." Apocalipse 13:9-10

 

 

           Felizes os isentos dessa falta perante o tribunal divino e que poderão dizer ao desencarnar :

                                                         "eu nunca traí ninguém".

 

                                                                   NAMASTÊ