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A GARRAIADA - 0 TROTE ( OS FORCADOS , FORÇADOS )

Naquela manha, de outono de novembro de 1969 , quando de mala e cuia, tendo a companhia do meu pai, Sr Washington Luiz Silveira também conhecido como Seu Woston, em frente da minha casa a Rua 58 n 38 esquina com a Rua 33 na Vila Santa Cecília em Volta Redonda, estávamos nos dirigindo para o ponto de ônibus que nos lavaria a Rodoviária com destino ao Rio de Janeiro, onde embarcaria na Praça quinze no navio da Linha C, que me levaria a Lisboa de onde embarcaria para a cidade do norte de Portugal , denominada Porto, onde iniciaria o curso de Medicina e Cirurgia, na famosa e centenária Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, olhei para traz para me despedir de minha mãe, chorosa e inconsolável , Sra Maria Yolanda de Jesus Silveira, também conhecida como Dona Mariazinha, senti um forte aperto no coração e um soluço me entalando na garganta senti que meu pai, percebendo a situação, me puxava pelo braço, e, via ela....impávida, imóvel , chorando muito e soluçando me acenando a mão direita dizendo : Vá meu filho, Vá ao encontro do seu sonho e que Deus o guarde e o acompanhe.....Nos te amamos muito.. e não se esqueça de voltar para nos... Esta imagem da minha mãe e depois do meu pai quando do Cais porto , já a bordo do navio , me acessava com um lenço branco, com lagrima nos olhos o via acenando, acenando... , ate perdê-lo de vista. Tinha 19 anos, mas , nunca havia antes me separado da minha família, melhor dizendo, nunca havia saído de Volta Redonda. Nesta viagem tinha como companhia mais dois colegas com o mesmo objetivo que o meu, o Norberto Pereira que era mais velho tinha 24 anos e morava na Rua 54, e trabalhava como eu na CSN , namorava uma colega minha da LCV a Norma, e o Cláudio Umberto Granato, que tinha 22 anos e morava no Conforto, ocupávamos uma cabine de quatro, mas ocupado por somente nos três, que nos custara cento e oitenta dólares para cada. A viagem transcorreu sem nenhum problema por nove dias, a não ser o fato de ter arranjado uma namorada e o fato de estar num cabine de três tinha o inconveniente da privacidade, e , combinamos que ao estarmos com companhia feminina, colocaríamos por sobre o vão da porta, que estaria fechada, uma meia, sinal de não incomode. Qual era a minha surpresa que toda as vezes que me dirigia a cabina, os sacanas colocavam uma meia e o babaca aqui respeitava, horas a fio ate perceber que era sacanagem dos dois. Talvez inveja de eu ser o único na viagem a ter se dado Bem, pois os dois não pegaram nem resfriado. O importante e que também todas as vezes que eu colocava a meia sobre o portal ,tinha a minha privacidade era respeitada.
Ao chegarmos em Lisboa nos dirigimos ao Consulado Brasileiro, para acertos burocráticos das nossas documentações . Só havia um problema, eu havia esquecido o endereço que me fora fornecido em Vota Redonda, por colegas que moravam na pensão que nos iríamos nos hospedar na nossa estadia no Porto, eu sabia o nome da dona de pensão que era Dona Cândida e que era na Rua da Consolação, não foi a nossa sorte ter encontrado no Consulado , um outro brazuca ( nome que os portugueses chamavam nos brasileiros) , que também iria para a pensão da Dona Cândida, a Rua de Constituição n 7...., com tudo resolvido , fomos a Estação Ferroviária de Lisboa e compramos nossos bilhetes para o Porto. E chegamos finalmente na cidade do Porto em Portugal, que para variar estava chovendo. Nos dirigimos imediatamente a pensão da dona Cândida onde moravam o Célio e Sylvio, dois brasileiros que faziam medicina , eram de Volta Redonda, porem , fomos direcionados para outro endereços, pois , na Dona Cândida estava com lotação esgotada, fomos imediatamente para os endereços indicados, eu e Cláudio ficamos na pensão da Dona Rosa na Rua Miguel Bombarda e o Norberto foi para outro em que havia outros Brasileiros : o Flavio e Luiza la para os lados da praça da Batalha. Os brasileiros que estudava na Universidade de Porto, sob os auspícios do Convenio entre Brasil e Portugal, eram na sua maioria de Medicina, mas tinha gente fazendo engenharia, economia, farmácia e outros. Iniciamos nossa vida acadêmica com as cadeiras do primeiro ano: Física Medica, Química Medica, Anatomia Descritiva. Os portugueses universitário tem o habito de estudar em Cafés, onde fazem a vida estudantil e social. O Pa, ( corruptela de rapariga) que gaja ( menina) gira (bonita) ,onde e o café que ela para? O café escolhido por nos foi o Café Guanabara, talvez porque o nome lembrava a capital do Rio de Janeiro. O Centro Desportivo Universitário ficava na Rua da Hora, bem pertinho da Miguel Bombarda onde fui me matricular para treinar Judô, e ao saber que o professor um japonês 5 Dan havia retornado para o Japão, ofereci-me para a vaga aberta sendo contratado como o mais novo professor de Judô do Porto, pois era faixa preta 1 DAN situação esta que realmente mudou a maneira de ser visto pelos colegas portugueses, deixaria de ser o Paulo, o brasileiro (Brazuca) maneira pejorativa de como somos conhecidos, para Paulo o Professor de Judô do Centro Desportivo Universitário do Porto, onde toda a Universidade do Porto praticava Esportes. Naquele ano da Graça de 1969, numa festa Universitária realizada ao final do Ano Letivo, quando os formandos da Universidade do Porte se despede de sua vida Acadêmica, queima simbolicamente as fitas inerentes ao Curso Superior efetuado com um livro de couro saindo 6 fitas que significava os anos cursados, a cartola e o anel de doutor da mesma cor e um vestimenta denominada Capa e Batina ( um terno preto imitando a roupa eclesiástica na gola (a batina) e uma capa preta enorme parecendo a do Conde Dracula, e as mulheres usavam a saia e a capa. As fitas variam a cor de acordo com o curso: a medicina era amarela, a de direto vermelha, de engenharia marron, de farmácia roxa, de licenciaturas gerais era azul escuro, de biologia azul claro e assim por diante. Os alunos de outros anos, portavam a pasta de couro com as fitas inerentes aos anos cursados os do quinto ano tinha cinco fitas, os do quarto ano tinham quatro fitas, e assim por diante ate os do primeiro ano que tinham somente uma única e misera fita . E a festa se prorrogava por toda uma semana , culminando com uma festa de garraiada ( garraio: uma espécie de bezerro do touro miura) na Praça de Touros numa cidade perto do Porto denominada Viana do Castelo, do qual todo os calouros eram intimados a comparecer. Tínhamos uma participação especial para deleite dos formandos da Universidade do Porto, o negocio era o seguinte, lembrava o Coliseu romano eles a a nobreza e população sedenta de sangue nos os calouro ( ai então eu compreendi) éramos os Gladiadores. Ave César nos que vamos morrer te Saudamos! Tínhamos que participar de todos os jogos era esse o nosso trote! Vários esquetes em que nos os calouros vestindo a bata branca de medico carregávamos um cara todo pintado de mercúrio cromo quando de repete saia quatro garraios de cada 4 das portas , estavam furiosos, e pesavam cerca meia tonelada , a vantagem era que em vez de chifres tinha dois botaozinhos no lugar. Menino a gente soltava o paciente que de um pulo também se botava a correr, com os garraios em nosso encalço. E era salve que puder, de um lado para outro aquela loucura,o objetivo era atingir a cerca de cercas de dois metros e ficar equilibrada nela, eram o que nos ensinavam, e orientavam motivo, dentro da cerca correndo mais furioso ainda os pais dos garraios isto mesmo o Touro Miura a vivo e a cores com dobro do peso e com os chifres afiadíssimos, caçavam sem do e nem piedade os incautos que achavam ser aquele o lugar mais seguro, o que definitivamente não o eram, não era mesmo sim senhor, para desespero nosso calouros e delírio da multidão..... como no Coliseu Romano ..... E havia vários enquetes......Nos calouros sentados no meio da arena em cadeiras e mesas, fingíamos estar estudando, quando a corneta soava indicando a saída de mais quatro furiosos garraios pelas porteiras, para nossa segurança se podia se falar nessa palavra eram obrigados soarem as cornetas anunciando touro no pedaço, Menino era correr ou ser impiedosamente atingidos pelas cabeças sem chifres dos furiosos garraio ai entendi o nome de garraiada. Nem precisa falar o que acontecia com as pobres cadeiras e mesas eram literalmente reduzidas a pó, pois o miurinhas não se contentavam com as marradas ( chifradas) eles pisoteavam ate não poder mais, mas o ponto alto ainda estava por vir. Era quando éramos obrigados a dar uma de forcados , aqueles toureiros portugueses que pegam o touro a unha , nas touradas portuguesas ao contrario das espanholas o touro não morre, e pego a unha, naquele momento me veio o filme Quo Vadis?, onde o escravo era obrigado a pegar o miura para salvar a mocinha, eu logicamente, por ser o professor de Judô, e também conhecido como Sansão ( o apelido de Volta Redonda fora levado por Cláudio e Norberto), fui unanimamente eleito o forcado numero Hum, ou seja de um lado o maior do garraios , mais forte, já com um esboço maior de chifres , no lugar dos botaozinhos digamos um Miura, adolescente de um lado e do outro uma fila de calouros tendo a frente numero hum que grita: He Touro! He Touro! He Touro! Quando o garraio partia para cima, tinha de retroceder e jogado o peso do corpo por cima da cabeça do bruto agarrar o mais forte que pudesse o pescoço num mata leão definitivo e fatal, quando os outros saiam de trás e se punha um a segurar o rabo e os outro desesperadamente a empurra aquela montanha de músculos e fúria para o chão, enquanto o objetivo não era conseguido sentia no meu abdomem o calor, a baba e meu Deus como doía as marradas, huma, duas, três, quatro ate que finalmente exausto ele cedia e caia com todos seus quinhentos a setecentos quilo no chão, tínhamos então que manter a posição do miura adolescente no chão imobilizado como uma luta de Judô, aguardar o soar da corneta quando tínhamos que soltar o bicho e era perna pra quem te quero, e na direção a cerca salvadora atingir de um único e preciso pulo e o mais importante não se esquecer , repito nunca se esquecer que lá dentro da baia estava correndo o pai, o verdadeiro Touro Miura, negro, mais de uma tonelada de músculos e fúria, e aqueles chifres , meu irmão aqueles chifres verdadeiros e assassinos.
Foi o dia em que me tornei um forcado pelas circunstâncias , forçado e pode botar forçado nisso. Quando vejo os calouros sofrerem com toda a resignação e paciência os trotes impostos pelos veteranos, eu me lembro do que passara e digo sem pestanejar esses calouro são sortudos.
Norberto ficou somente seis meses, ornando definitivamente para o Brasil onde se casaria com Norma e reataria seu emprego a CSN. Cláudio Granato e eu continuamos ate nos formamos em julho de1975. Cláudio continua no Porto e trabalha como Medico Hematologista no Hospital Universitário São João esta casado e tem três filhas já adultas. Eu retornei ao Brasil definitivamente em janeiro de l976. Quando pude murmurar nos ouvidos de minha mãe, que havia realizado o seu maior desejo, eu estava de volta, e tinha realizado o meu sonho de ser MEDICO.

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Co-criando A NOVA TERRA

«Que os Santos Seres, cujos discípulos aspiramos ser, nos mostrem a luz que
buscamos e nos dêem a poderosa ajuda
de sua Compaixão e Sabedoria. Existe
um AMOR que transcende a toda compreensão e que mora nos corações
daqueles que vivem no Eterno. Há um
Poder que remove todas as coisas. É Ele que vive e se move em quem o Eu é Uno.
Que esse AMOR esteja conosco e que esse
PODER nos eleve até chegar onde o
Iniciador Único é invocado, até ver o Fulgor de Sua Estrela.
Que o AMOR e a bênção dos Santos Seres
se difunda nos mundos.
PAZ e AMOR a todos os Seres»

A lente que olha para um mundo material vê uma realidade, enquanto a lente que olha através do coração vê uma cena totalmente diferente, ainda que elas estejam olhando para o mesmo mundo. A lente que vocês escolherem determinará como experienciarão a sua realidade.

Oração ao Criador

“Amado Criador, eu invoco a sua sagrada e divina luz para fluir em meu ser e através de todo o meu ser agora. Permita-me aceitar uma vibração mais elevada de sua energia, do que eu experienciei anteriormente; envolva-me com as suas verdadeiras qualidades do amor incondicional, da aceitação e do equilíbrio. Permita-me amar a minha alma e a mim mesmo incondicionalmente, aceitando a verdade que existe em meu interior e ao meu redor. Auxilie-me a alcançar a minha iluminação espiritual a partir de um espaço de paz e de equilíbrio, em todos os momentos, promovendo a clareza em meu coração, mente e realidade.
Encoraje-me através da minha conexão profunda e segura e da energia de fluxo eterno do amor incondicional, do equilíbrio e da aceitação, a amar, aceitar e valorizar  todos os aspectos do Criador a minha volta, enquanto aceito a minha verdadeira jornada e missão na Terra.
Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

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