Este é o fundamento de todos os acontecimentos da vida carnal. Caso não aconteça algum deles, o espírito poderá futuramente alegar que não conseguiu a evolução porque a prova, missão ou expiação que necessitava para a sua evolução não aconteceu. Reclamaria com razão já que esta falha seria o motivo pelo qual não evoluiu.
Por isso, no livro da vida de cada ser que encarna existem acontecimentos determinantes da vida de um espírito na carne: o seu dia de nascimento, a família à qual irá pertencer, os acontecimentos de sua infância, juventude e maturidade; seus empregos, amigos íntimos, casamento e prole; sua profissão, o sucesso de sua carreira e o seu círculo social; suas carências materiais e abundâncias; sua saúde física e as doenças que põem limites à sua ação. Tudo existe e é estabelecido de tal forma que o espírito possa utilizar-se das situações decorrentes destes aspectos para executar os trabalhos (expiações, provas e missões) que o elevarão.
Chamamos a estas situações pré-estabelecidas de ‘carma de vidas passadas’, pois elas são influenciadas diretamente pelos resultados obtidos pelo espírito em outras encarnações. Estas situações não poderão ser alteradas, pois, além de terem sido traçadas com a interseção do próprio espírito, são as necessárias para alcançar o patamar de evolução ao qual o espírito se propôs.
Vivenciando os acontecimentos originados por estas situações o espírito encarnado sem o gozo do prazer ou o pesar do sofrimento pode alcançar a perfeição e com isso entrar na felicidade que Deus tem prometido aos seus filhos. Isso, no entanto, não assegura a felicidade como entendida pelos humanos. Ou seja, não é porque o ser humanizado consegue vivenciar os carmas de vidas passadas de uma forma condizente com a sua condição espiritual que não mais acontecerão situações que contrarie os anseios do ser humanizado. Aliás, aquele que realmente aprende a vivenciar o seu carma de vidas passadas dentro de uma postura madura, espiritualmente falando, nem precisa disso, pois aprendeu a colocar em prática o amor universal.
Tomemos como exemplo um casamento. Antes da encarnação o espírito, em comum acordo com outro, escreve no seu livro da vida que irão unir-se para formar um núcleo conjugal. Esta união para os dois servirá como expiação de erros passados que cada um cometeu e de prova para que consigam conviver com o amor universal. Além disso, a ação de cada um na relação servirá como missão, pois ao fazer alguma coisa um está criando uma provação para o outro.
Isto está escrito e acontecerá na forma estipulada, ou seja, dentro de determinadas condições e no prazo previsto. Apenas realizar a união não garante a estes espíritos que eles alcançarão a elevação espiritual. Para que isso aconteça é preciso que eles aprendam a conviver entre si com o sentimento que é o objeto da provação: o amor universal. Isso é dessa forma porque somente a vivência deste amor em todos os atos da vida pode garantir a felicidade aos dois espíritos.
Eles continuarão pelo prazo determinado no livro da vida deles. Não importa se vivem aos beijos ou aos tapas: eles permanecerão juntos enquanto isso estiver escrito. Irão se separar quando isso estiver previsto. O motivo para esta separação também será determinado pelo livro da vida: morte ou separação de corpos. Não importa o quando se gostem, se estiver escrito que a separação acontecerá ainda em vida, isso ocorrerá e no momento pré-estabelecido. Existem casais que se amam e não conseguem mais viverem juntos, bem como outros que chegam inclusive às agressões físicas, mas que não conseguem se separar. O casamento só chega ao fim no momento estipulado no livro da vida e não porque um ou outro queira terminá-lo.
Tudo do relacionamento deles estará previsto de tal forma que cada um possa vivenciar o seu carma de vidas passadas. No entanto, no livro da vida não há previsão de que aquela união venha a trazer a evolução espiritual para os dois.
Como vimos, durante a união, a elevação espiritual só será alcançada quando os espíritos envolvidos utilizarem o amor universal nos seus relacionamentos. Reparem que estou falando de amor universal e não de amor humano. Muitos casais até podem dizer que se amam, mas materialmente, porque o amor universal é diferente do amor material.
O amor material é fundamentado em condições humanas. Ele existe quando e porque um ser humanizado satisfaz as expectativas do outro. O amor universal é incondicional: ele existe independente do que cada um faz.
Para existir o amor humano, necessita que o amado encaixe-se dentro das expectativas de quem ama e aja apenas pensando em satisfazê-lo. Quem ama universalmente não precisa da submissão do outro, mas não exige que nada seja feito para satisfazê-lo.
Como o ser humanizado confunde o amor humano com o universal, aquilo que é necessário para a evolução espiritual não é alcançado nos relacionamentos conjugais. Com isso, acontece o que chamamos de ‘carma da vida atual’. Cada vez que o espírito vivencia um acontecimento com um sentimento que não seja o amor universal, ele gera para si a necessidade de vivenciar uma nova situação onde a verdade defendida no momento terá que ser questionada.
Não podemos chamar esta nova situação de carma de vidas passadas, porque, na verdade, a necessidade dela foi criada no momento onde não houve o aproveitamento da provação. Trata-se, portanto, de um carma gerado naquele momento e não em um anterior.
Os novos acontecimentos gerados pelo carma da vida atual, entretanto, não podem ferir o livro da vida, ou seja, as condições pré-estabelecidas para a encarnação. O aproveitamento ou não de uma oportunidade não pode gerar diferenças significativas na vida porque senão isso alteraria os outros carmas de vidas passadas estipulados para acontecerem ao longo da encarnação. Na verdade, os carmas da vida atual são repetições de provações e não novos carmas que se apresentam.
Também não podemos dizer que são situações que são criadas naquele momento, pois com isso estaríamos dizendo que a Onisciência de Deus não conseguiu prever o que poderia acontecer. Deus sabe tudo e com certeza já previu a queda frente a um carma de vida passadas. Por isso também já previu o carma da vida atual para que a luta pela evolução espiritual prossiga até o seu fim.
Em face destes ensinamentos, podemos dizer que a vida de um ser humano é determinada pelos carmas de vidas anteriores, mas também determinada pelos carmas de vidas atuais. É o somatório das duas coisas administrado pelo Amor Sublime e pela Onisciência de Deus que traça todos os acontecimentos da vida.
Sim, a existência está programada, mas a elevação espiritual depende da ação sentimental com que se vivenciam os acontecimentos pré-concebidos. Por isso, o ser humanizado não é apenas um fantoche, mas alguém que tem algo a fazer: optar por viver sentimentalmente a partir dos critérios humanos ou vivenciar o amor universal em qualquer situação.
Tal escolha é fundamental para o ser humanizado e tira dele a visão de ser um fantoche, pois é ela quem decide os carmas que serão vivenciados durante a encarnação.
Fonte: Espiritualismo Ecumênico Universal - www.meeu.com.br
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