A mãe de todas as drogas.

[Haroldinho Sá]

A ilusão é a mãe de todas as drogas. E, como toda droga, vicia. Graças a ela, existem todas as outras drogas. Tanto aquelas que as sociedades elegeram como ilícitas, quanto as que aceitamos como lícitas. O ato de se drogar é que transforma qualquer coisa em droga. O tabaco, a maconha, a cana-de-açúcar, a folha da coca, a flor da papola, são plantas naturais usadas exclusivamente em rituais tribais, que o homem “civilizado” transformou em droga, assim como a televisão, o dinheiro, os bens materiais, a internet e até atividades mais primitivas e comuns, como o sexo, o trabalho e a religião, apenas para ficarmos nas mais evidentes. A ilusão funciona como todas as outras drogas, suas filhas, ou seja, me proporciona uma falsa sensação de prazer e felicidade. Tanto é falsa que acaba. E quando acaba, busco outra vez esta sensação me drogando novamente, e assim vou cada vez mais me atolando na areia movediça da ilusão. A droga, portanto, é a vulgarização de qualquer ato. E ela é tão perniciosa que não permite que eu perceba que estou doente. Às vezes preciso sofrer um bocado para buscar ajuda. Outras vezes, essa ajuda pode chegar como uma inspiração, um estalo, um átimo de intuição, e nesse momento raro, procuro me curar, convencido de que estou doente. A ajuda pode vir também através de um amigo, de um parente, de um livro, de um mestre ou de um religioso. Nessa oportunidade, a decisão de me curar não pode ser adiada. É aqui e agora.  Se deixar para “começar na segunda-feira”, aí já foi. “A fila andou” e a oportunidade ficou para trás. É como está diante de um caminhão em alta velocidade vindo em minha direção, e eu deixar para tomar a decisão de sair da frente - para não morrer atropelado - na semana seguinte.

Continuar iludido ou se desiludir é uma decisão única e exclusivamente minha. Uma decisão a ser tomada NO PRESENTE e não “quando for possível”, “quando me aposentar”, “quando passar esse momento de estresse” e tantas outras desculpas, como fazem os alcoólicos antes de passar o efeito do álcool.  Sair da ilusão é sair de todas as drogas, as “lícitas” e as “ilícitas”. Sair da ilusão é voltar à realidade, é me libertar de todos os vícios. Não apenas de um, dois, três ou mais, mas de TODOS OS VÍCIOS. Sair da ilusão é me livrar definitivamente do medo e de todas as crenças que me escravizam e me aprisionam. É uma verdadeira carta de alforria. E, como já disse, uma verdadeira bênção. Basta apenas aceitá-la para obter a cura definitiva. Peço a Deus todos os dias que me ajude a aceitar esse verdadeiro Presente, e aprofundar cada vez mais a minha cura.

Haroldinho.