Não há como comungar com Cisto (dizer-se cristão) e vivenciar a vida carnal priorizando ao mesmo tempo a possessão sobre os bens materiais e a busca do prazer individualista. Por não comungar com isso é que Paulo diz que já “morreu para o pecado” e exorta a todos que realmente se digam seguidores de Cristo a fazer o mesmo.
Aquele que realmente pode se dizer cristão é quem busca não depender da satisfação de seus desejos, que são oriundos de suas paixões e posses, para ser feliz.
Mas, isso não vale apenas para os cristãos. Aquele que realmente pode se dizer mulçumano é quem busca seguir à risca, mesmo em detrimento da felicidade material, os ensinamentos do Anjo Gabriel a Maomé, assim como o verdadeiro hindu é quem faz a mesma coisa com os ensinamentos de Krishna.
Assim, quando fomos batizados, fomos enterrados com ele por termos morrido junto com ele. (Capítulo 6 – versículo 4).
Quando o ser humanizado se liga a Cristo (diz-se seguidor dos ensinamentos do mestre, cristão), morre junto com ele para os bens materiais e, assim como ele nunca dependeu dos acontecimentos da vida carnal para ser feliz, o verdadeiro cristão também deve viver dessa forma. É esse o sentido de “ser enterrado com ele”: viver a vida carnal com o objetivo de alcançar a glória espiritual.
Jesus Cristo viveu o tempo inteiro para a vida futura e não para essa. Então, quando Paulo diz que o seguidor do mestre deve ser enterrado com ele, fala que o cristão deve eliminar a vivência dos acontecimentos da existência material objetivando o retorno nesta vida, esperando o bem material (prazer). Mas, não é assim que os seres humanizados vivem.
A maioria se diz seguidor dos ensinamentos do mestre (religioso), mas, quando chega na hora de dar o testemunho de sua crença, premiam a busca do prazer. Ou seja, seguem os ensinamentos, desde que estes não firam os seus interesses mundanos.
O verdadeiro religioso é aquele que prioriza a busca do bem celeste (a vivência do amor universal), mesmo nos momentos onde seus desejos, paixões e possessões são “feridos” por alguém. Quando alguém vê o seu desejo agredido por outro, mas recusa-se a sofrer por isso (não julga, acusa ou critica), dá o testemunho público de sua submissão aos ensinamentos de Cristo, pois comunga com o mestre dos mesmos ideais.
Por isso Cristo ensina: “A todos que afirmarem publicamente que são meus, eu farei o mesmo por eles diante do meu Pai que está no céu. Mas os que negarem pubicamente que são meus, eu também os negarei diante do meu Pai que está n céu”. (Mateus, capítulo 10, versículos 32 e 33).
E isso para que, como Cristo foi ressuscitado pelo poder glorioso do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova. (Capítulo 6 – versículo 4).
É preciso que, assim como Cristo, o ser humanizado que siga os ensinamentos cristãos, sinta-se “morto” para esta vida. Ou seja, liberte-se do ego (personagem humano) como sendo ele próprio e não viva mais para satisfazer a vida carnal, para o prazer. Só assim o ser humanizado poderá viver uma nova vida.
Neste ensinamento de Paulo está sendo abordada a questão do renascimento proposto por Cristo. O mestre ensina que é preciso se nascer de novo para ver o reino do céu. Mas o que não foi compreendido e nem mostrado pelos “professores da lei” é que para que haja um renascimento, primeiro precisa acontecer uma morte.
Que renascimento pode acontecer para quem não morreu? Então, é preciso matar um (o ser humano), para que você, o espírito, renasça para uma nova vida em comunhão com Deus, através de Cristo.
Pois, se fomos unidos com ele por uma morte igual à dele, também seremos unidos com ele por meio de uma ressurreição igual à dele. (Capítulo 6 – versículo 5).
É exatamente disso que estamos tratando aqui: da necessidade de se viver como o mestre viveu para atingir o resultado que ele atingiu depois da sua encarnação...
Porque sabemos que a nossa velha natureza pecadora já foi morta com Cristo na cruz para que fosse destruída, e assim não fôssemos mais escravos do pecado. (Capítulo 6 – versículo 6).
Trata-se aqui do exemplo deixado por Cristo. Ele matou o ser humano, ou seja, não brigou pelo seu prazer, satisfação e vontade, mesmo tendo uma vida pontilhada por difamações e calúnias.
A partir deste exemplo que culminou na glória da ressurreição, Paulo afirma que a natureza humana de Cristo foi morta na cruz, pois quando alcançou a ressurreição naquele momento, acabou com a necessidade de reencarnação para provas.
No caso do mestre não se tratava de uma encarnação para provas, mas como missão, como um exemplo de como se atinge a elevação espiritual: matando a natureza humana à qual cada ser universal está ligado durante uma encarnação...
Pois quem morre fica livre do poder do pecado. Se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. (Capítulo 6 – versículos 7 e 8).
Viveremos com ele na glória eterna...
Sabemos que Cristo foi ressuscitado e nunca mais morrerá, pois a morte não tem mais poder sobre ele. (Capítulo 6 – versículo 9).
Não mais entrará no círculo de encarnações para provas e expiações.
A sua morte foi uma morte para o pecado e valeu de uma vez para sempre. E a vida que ele agora vive é uma vida para Deus. (Capítulo 6 – versículo 10).
A “morte” de Cristo que serve como lição para acabar com os “pecados” não é a física, mas a do individualismo. Quando esta “morte” é alcançada, o ser, então, pode viver exclusivamente para o seu relacionamento com o Pai.
A morte para o “pecado”, para o individualismo, o fim do “eu”, quando alcançada no coração, é eterna e acaba com o ciclo de encarnações para provas e expiações.
Assim também vocês devem considerar-se como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, por estarem unidos com Cristo Jesus. (Capítulo 6 – versículo 11).
Aqueles que querem seguir Cristo precisam se considerar “morto” para o “pecado” (a prisão às posses, paixões e desejos), ou seja, não ter ações com intencionalidades individualistas. Estes, apesar de “mortos”, estarão vivos para Deus, para o Universo.
Todos que “morreram” como Cristo (morto para as coisas materiais), vivem só para Deus e não para si.
Portanto, que o pecado não domine os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos desejos da natureza humana. (Capítulo 6 – versículo 12).
Não é isso que estamos falando? O desejo da natureza humana é aquilo que leva o ser humano a buscar o prazer.
Participante: Se está tão claro, porque até hoje não foi entendido o que o senhor está falando?
Não vou dizer que nunca tenha sido: um dia já foi. Na época que os cristãos se entregavam para serem alvos da perseguição romana e em outros momentos onde a fé foi testada ao longo da história, estes ensinamentos eram compreendidos como estamos falando agora. Além disso, isoladamente, muitos deram o testemunho daquilo que estamos falando.
Mas, de um modo geral, esta interpretação foi esquecida para que a religião pudesse ser mais branda com os costumes da sociedade e, com isso, manter os fiéis.
Pergunta: Não estou falando apenas com relação à igreja. Pergunto a respeito da humanidade como um todo...
Da mesma forma... Grandes grupos já tiveram esta consciência, mas hoje ela está na minoria. Isto porque a humanidade, em sua grande maioria, com o advento da industrialização, entregou-se ao prazer do “eu”.
Para estes, a vida eterna ficou em segundo plano. Eles não se preocupam com o amanhã pós desencarne e deixam para ver o que irão fazer a respeito disso depois da morte.
Mas, não espere que o que estamos conversando aqui sirva para mudar a humanidade como um todo: isso é utopia. Esta nova forma de ver e entender a vida alcançará apenas uma minoria e não todos.
As pessoas estão vivendo há mais de mil anos a parti do “eu” e, por isso, ainda continuarão sem ter a compreensão que estamos tendo aqui por muito mais tempo. Por causa deste hábito de viver a existência carnal buscando o prazer, muitos deverão permanecer por mais algum tempo presos a esta forma de viver, pois poucos estão realmente dispostos a abrir mão da busca da felicidade material, que é o que compõe a natureza humana.
Além disso, é preciso ter fé em Deus, artigo em falta nos dias de hoje. A compreensão da necessidade do renascimento através do abandono da necessidade de ter prazer nesta vida, só pode ser conseguida através da fé em Deus.
E também não entreguem ao pecado nenhuma parte do corpo de vocês a fim de ser usada para o mal. (Capítulo 6 – versículo 13).
Principalmente a mente... Mas, tem outras partes que você não deve entregar, como a orelha, que precisa de determinado brinco para estar bonita, a boca, que precisa de um batom, etc.
Ao contrário, entreguem-se a Deus como pessoas que foram trazidas da morte para a vida; entreguem-se completamente a ele a fim de serem usados para fazer o que é bom. (Capítulo 6 - versículo 13).
Participante: Não entendi...
Se aplicarmos tudo o que vimos até agora, o texto fica claro.... Não entregue nenhuma das suas partes ao prazer, mas ao contrário, entregue sua mente e todo resto do corpo a Deus e deixe tudo isso ser usado por Ele.
Esta entrega é fruto da consciência de que Deus utiliza os corpos e as mentes dos seres humanizados para a realização dos Seus desígnios, ou seja, para promover a roda do carma de todos os espíritos encarnados. Isto fica bem claro com este texto do Espírito da Verdade: “Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”. (O Livro dos Espíritos – pergunta 132).
Só na hora que o ser humano ao qual o espírito se liga naquilo que é chamado de encarnação compreender que é o instrumento de Deus para a obra geral, ou seja, o elemento que servirá de instrumento carmático para os seres universais, ele compreenderá o que Paulo está dizendo.
Ninguém precisa conhecer nada nem julgar se as coisas o mundo (pessoas, acontecimentos e objetos) estão “certas ou erradas”, se são “boas ou más”, mas simplesmente viver a glória de Deus em todas elas. É por isso que Cristo diz: venha para mim que meu jugo é leve.
Ninguém precisa carregar o peso de ser juiz do mundo, de consertar a raça humana. A única coisa que os seres humanos precisam vivenciar é mudança para Deus (o abandono do saber, ser e ter), não importa qual seja o acontecimento ou momento.
Não há leis que tenham que ser decoradas e/ou compreendidas, ciência para saber, muita coisa para pensar, ao contrário: o ser humanizado precisa se libertar do fruto do conhecimento (saber) para poder fechar os olhos e devolver a Deus o direito de “julgar” o mundo...
Que o pecado não os domine, pois vocês não vivem debaixo da Lei, mas debaixo da graça de Deus.
Ou seja, seus atos não são julgados por um código de normas (lei), já que tudo o que qualquer um pode fazer como atitude é formado primariamente pela ação amorosa de Deus, a graça Dele.
Fonte: EEU - Espiritualismo Ecumênico Universal: www.meeu.com.br
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