A PRECE

[Fatyma Zart]

A PRECE

A prece é a expressão mais alta da comunhão das almas. Considerada sob este aspecto, ela perde toda a analogia com as formulas banais, os recitativos monótonos em uso, para se tornar um transporte do coração, um ato da vontade, pelo qual o Espírito se desliga das servidões da Matéria, das vulgaridades terrestres, para perscrutar as leis, os mistérios do poder infinito e a ele submeter-se em todas as coisas: “Pedi e recebereis !” Tomada neste sentido, a prece é o ato mais importante da vida; é a aspiração ardente do ser humano que sente sua pequenez e sua miséria e procura, pelo menos um instante, pôr as vibrações do seu pensamento em harmonia com a sintonia eterna. É na obra da meditação que, no recolhimento e no silêncio, eleva a Alma até essas alturas celestes onde aumenta suas forças, onde a impregna das irradiações da luz e do amor divinos. Mas quão poucos sabem orar! As religiões nos fizeram desaprender a prece, transformando em exercício ocioso, as vezes ridículo.
Sob a influência do Novo Espiritualismo, a prece tornar-se-á mais nobre e mais digna; será feita em mais respeito ao Poder Supremo, em mais fé, confiança e sinceridade, em completo destaque das coisas materiais. Todas as nossas ansiedades e incertezas quando tivermos compreendido que a vida é a comunhão universal e que Deus e todos os seus filhos vivem, em conjunto, essa vida. Então, a prece tornar-se-á a linguagem de todos, a irradiação da Alma que, em seus transportes, agita o dinamismo espiritual e divino. Seus benefícios se estenderão por todos os seres e particularmente por aqueles que sofrem, pelos ignorados da Terra e do Espaço.
Ela chegará áqueles em que ninguém pensa, e que jazem na sombra, na tristeza e no esquecimento, diante de um passado acusador. Ela originará neles aspirações novas; fortificar-lhe-á o coração e o pensamento – porque a ação da prece não tem limites, e assim as forças e os poderes que ela pode pôr em elaboração para o bem dos outros.
A prece, em verdade, nada pode mudar ás leis imutáveis; ela não poderia, de maneira alguma, mudar os nossos destinos; seu papel é proporcionar-nos socorros e luzes que nos tornem mais fácil o cumprimento de nossa tarefa terrestre. A prece fervente abre, de par em par, as portas da Alma e, por essas aberturas, os raios de força, as irradiações do foco eterno nos penetram e nos vivificam.

Leon Denis
Do livro “O GRANDE ENIGMA”