A TEMPESTADE ( REFLEXÃO )

[KATIA CEI]

A TEMPESTADE A tempestade começou. O tempo virou, as nuvens estão pesadas, o céu está prestes a cair sobre nossas cabeças. Enquanto isso, eu vejo que muitas pessoas não estão preocupadas, elas pensam somente em seguir seu caminho, realizando suas tarefas diárias e assim com a mente fechada para o que acontece bem em frente a elas.
Não é o melhor dia para um desabafo, mas este talvez seja um dos dias mais difíceis pelo qual estou passando, uma vez que precisei escolher entre ficar na tempestade e me molhar ou fugir e deixar os outros se molharem. Optei pela segunda opção.
Deveria eu ter feito o que fiz? Ou seria talvez uma coisa muito errada? Um ato impensado poderia me deixar muito triste comigo mesmo. Este pensamento me consome por dias. Quanto mais penso sobre isso, menos consigo arrumar uma resposta.
É como estar perdido numa floresta procurando uma saída: Você sempre espera que o caminho que você está escolhendo seja aquele que te levará na direção correta, mas pode ser que esteja dando voltas em torno de um mesmo ponto sem se dar conta.
A vida é como um labirinto: Podemos seguir um caminho único ou entrar em ramificações alternativas, visando sempre encontrar um jeito mais rápido de achar a saída. Nem sempre é fácil. Na verdade, na maioria das vezes, acabamos por contornar um mesmo ponto diversas vezes, pois não encontramos outra maneira de continuar procurando a saída. E numa tempestade, fica ainda mais difícil enxergar todos os caminhos possíveis. Às vezes, só enxergamos aquilo que está a nossa frente e esquecemos o que está ao nosso redor.
Por isso mesmo a vida é uma caixinha de surpresas. Você nunca sabe o que vai encontrar no final além da sua própria morte. Sim, um dia vamos todos morrer. Esta é a única certeza que temos.
Evitamos pensar que o mundo prossegue mesmo com a nossa morte porque não conseguimos imaginar a vida sem a nossa existência, uma vez que não podemos viver após a morte. Muitas pessoas inclusive não conseguem suportar o fato de que não somos ninguém comparado ao vasto universo e aos mistérios que ele possui.
Uma das formas de não pensar na vida é se ocupar. Enchendo-se de tarefas, o ser humano esquece de que faz parte de uma complexa cadeia de vida e morte, de inicio e fim, de tempo e espaço. Passamos apenas a pensar no que precisamos fazer nas próximas horas e, principalmente, esquecemos que fazemos parte do mundo e passamos a acreditar que o mundo é que faz parte de nós.
Quando estamos tristes, queremos que o mundo nos conforte. Quando estamos alegres, queremos que o mundo se divirta conosco. Quando estamos com um problema grave, precisamos que o mundo arrume soluções, mas talvez tenhamos esquecido que fizemos nossa escolha e que, chegando ao fim do labirinto, teremos nossa recompensa, seja ela boa ou ruim.
Esquecemos de observar a tempestade chegando. Não tomamos as medidas necessárias para nos proteger da chuva e dos relâmpagos e dos problemas que estavam acima de nossas cabeças. Bastava olhar para cima.
Mas nós não olhamos. E agora? O que deve ser feito: Ficar e se molhar ou fugir e deixar os outros se molharem? Será que fiz a melhor escolha ou não? E você: Está sempre observando o mundo ao seu redor ou acaba sempre tendo que pensar o que fazer durante a tempestade?