A Voz sem Som.

[ismael de almeida]

A Voz sem Som.

 

Ismael de Almeida

E nas profundezas da alma uma voz ressoará: mata o desejo, e ao fazê-lo, cuida bem para que ele não renasça da morte.

Não desejes nada. Não te indignes contra as vicissitudes que te afligem a existência, mas que tua indignação seja contra o transitório, o evanescente que deve perecer, contra o egoísmo que quer te dominar, a ambição que te prende nos aguilhões da posse e da separação, que te isola dos demais.

Observa a Natureza, veja sua força e beleza, os segredos e as lições que ela esconde, e ela será tua amiga e o terá como um dos seus criadores e te obedecerá.

E ela te mostrará um a um, os seus mistérios, desnudará ante teus olhos atônitos os tesouros ocultos que existem nas profundezas do seu ser.

Mas os olhos que a observam não sejam os olhos da tua carne, mas os olhos da tua alma impoluta, -- olhos que nunca se fecham e que não são ofuscados por nenhum véu.

E ela te mostrará o caminho a seguir, cuja gloria apenas a alma pode pressentir, e ao se aproximar do fim da senda a Voz sem som, a voz do silêncio será ouvida, em vibrações de clarim, dizendo: EU SOU TEU DEUS!

E a Voz dirá ainda: estrangula teus pecados, torna-os inertes para sempre, antes que dês um passo no caminho. Longo e estreito é o caminho. Não te voltes para traz ou estarás perdido.

É alimentando o vicio que ele cresce e fortifica como o verme que se alimenta da seiva da flor.

Que tua carne seja passiva, a cabeça lúcida e o coração puro como um diamante que cintila.

Ouça o som sem ruído, aguça teu ouvido interno, e retira todo som que não seja da alma, para que ele não lance uma sombra negra sobre o altar da tua alma.

Bibliografia: A VOZ DO SILÊNCIO. Helena P. Blavatsky.