Acreditem quem quiser!

[Cristal]

Eu tinha 10 anos quando isso aconteceu. Lembro-me bem porque foi uma semana muito importante em minha vida. Meu irmão havia se casado em 31.05.1969 e viajado em lua de mel e eu, que nunca tinha ficado tanto tempo sem ele por perto, entrei numa depressão infantil, chorava e chorava e não queria saber de nada, nem de escola, nem de comer e meus pais não sabiam o que fazer para me tirar daquela apatia. Para mim, o que me interessava era ver meu irmão! Só isso aliviaria minha alma de criança.
Naquela primeira semana de junho de 1969 o frio da madrugada já mostrava seus sinais. Meu pai tinha o hábito de acordar muito cedo, normalmente quatro horas da manhã, para cuidar dos passarinhos, que ele amava de paixão. Era o que chamavam de passarinheiro. Segundo seu próprio relato, ele acordou bem cedo naquele dia e, como hábito, abriu a janelinha da porta da sala e, para sua surpresa, observou algo diferente no céu. Ficou pasmo! Era algo que nunca tinha visto nem imaginado ver! Contava ele que, para não achar que estava ficando louco, acordou minha mãe para que ela comprovasse que não era mentira o que se passava. E ela também observou, com espanto, aquele espetáculo inusitado.
No céu daquela madrugada fria de junho, sem fazer um ruído sequer, um objeto imenso, colorido, desfilava lentamente pela quase manhã de uma Belo Horizonte silenciosa. Minha mãe não se conteve e saiu para a rua, tentando imaginar o que era aquilo. Meu pai, mais moderado em suas atitudes, quis dissuadi-la, mas não conseguiu. Num momento seguinte estavam os dois, apenas eles, no meio da nossa rua, que naquele tempo quase não tinha casas, além de ser uma rua sem saída, olhando para o céu, acompanhando o movimento daquele objeto indescritível. Ele seguia lentamente seu curso, estava numa altura relativamente baixa e, de repente desapareceu por trás das montanhas da serra do Curral.
Na manhã, depois do despertar de todos nós, o assunto não poderia ser outro. Lembro-me bem, apesar de criança e do momento de dor( saudade de meu irmão ) que passava, a discussão lá em casa entre meus irmãos era: _Por que, pai, você não nos chamou para ver? E a resposta de meus pais: _Sei lá, ficamos sem ação diante da surpresa dessa visão! Não dava para pensar em nada no momento!
Meus pais, que não entendiam o que era aquilo, e temendo serem tachados de "malucos" pediram para que não comentássemos com ninguém, pois não havia como comprovar a veracidade do ocorrido. E, assim, o fantástico episódio ficou só entre nós.
Só que eles não imaginavam que outras pessoas também haviam compartilhado da mesma experiência. Nos jornais dos dias que se seguiram, as manchetes relatavam que, lá pelas bandas de Ouro Preto, em Minas Gerais, várias pessoas haviam visto no céu um objeto voador não identificado.
Acreditem ou não, esse fato aconteceu de verdade. Eu, infelizmente, não participei da visão mesmo porque era tão criança que ainda não me interessava muito por esses assuntos mas, com que intuito meus pais haveriam de inventar tal história? Se eles quisessem "aparecer" teriam alardeado o ocorrido, o que não aconteceu. Preferiram guardar para eles e, além do mais, outros em lugares mais distantes se encarregaram de propagar a notícia.
É, nossos "amigos das estrelas" sempre estiveram por aqui. Agora, com que intuito só se dão a perceber por alguns...ah!...isso eu realmente não sei. Como dizem: "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que possa imaginar nossa vã filosofia!"

-autoria: Sueli Coelho