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Conto de Natal... Feliz Natal!!!


ERA UMA TARDE DE SÁBADO, pouco antes do Natal. Verão com poucas chuvas torrenciais, pouco vento e calor. A lista de coisas por fazer já estava
longa e continuava crescendo como mofo. Humor: impaciente. Biorritmo:
quase stress. Horóscopo: sugerindo cautela. E os jornais da manhã
propondo corrupção, destruição e mortes como tema para a meditação do
dia. Nada de “propício”, para melhorar o astral.

O momento “sagrado” da preguiça foi interrompido por alguém que batia à porta. Suspiro fundo: e agora? O que será? Abro, resignado a encarar
qualquer que fosse o problema, e levo um susto.

Uma criança, com uma máscara de Papai Noel e um saco de papel amassado na mão, aponta para minha barriga:

- É truque ou é trato? – grita o Papai Noel.

- O quê?!

- É truque ou é trato?! Papai Noel torna a gritar, sempre com o saco apontado para minha barriga.

Mudo, aterrado, fico sem saber o que fazer. Mas a aparição sacode o saco de papel na minha barriga e eu, automaticamente, meto a mão no bolso para
apanhar a carteira e lhe dar uns cinco reais. Papai Noel então tira a
máscara e vejo um menino, com o rosto aberto num sorriso de mais de
vinte reais:

- Quer que eu cante uma canção de Natal? – perguntou.

Já havia reconhecido o moleque. É de uma família que mora nas vizinhanças desde o ano passado. Quase todos os dias ele e seus irmãos passam por
meu quarteirão. Não sei seu nome, mas deve ter uns oito anos.

- Quer que eu cante uma canção de Natal?

Fiz que sim com a cabeça, imaginando que atrás dele viria uma legião de outros meninos, até ali escondida atrás dos carros e das árvores, à
espera de que seu líder desse por encerradas as negociações
preliminares.

- Claro que sim, mas aonde está o coral?

- O coral sou eu – disse o menino.

E soltou a voz numa versão em rotação acelerada de Jingle Bells. Emendou logo, sempre a plenos pulmões, o que identifiquei como Noite Feliz, mas apenas por aproximação. Logo, porém, mudou de estilo e brindou-me com outra versão de Noite Feliz, agora de olhos fechados, a cabeça levemente caída para trás, reverente, emocionado, cantando com toda a alma, do fundo do coração.

De olhos rasos d’água, tocado pela impressionante interpretação de meu pequeno visitante, tornei a tirar do bolso a carteira e enfiei uma nota
de vinte reais no saco de papel. Ato contínuo, ele meteu a mão no bolso e
tirou de lá uma bala que, solenemente, me entregou. Com o mesmo sorriso
de vinte reais, gritando “Deus o abençoe!”, lá se foi o meu cantor.

Quem era o menino da máscara? Era um cantor que, sozinho, valia por uma coral inteiro e que ia, de porta em porta, como menino de entregas,
trazendo o Natal.

Confesso que, em geral, o Natal me deixa atrapalhado. Na verdade, acho que nunca o entendi direito. Parece-me meio irreal. Desde o dia em que descobri
que Papai Noel não existe, transformei-me numa espécie de cínico de
coração. Falar e cantar, pensando num trenó puxado por uma rena, é
ridículo. Nunca vi coisa semelhante nem nunca andei num trenó desses.
Jamais comi castanhas assadas em fogueiras de rua. Não sei como seriam
as coisas se tivesse mesmo tido um trenó puxado por renas, mas
de qualquer modo já ouvi dizer que não é grande coisa. Reis Magos com
presentes e pastores que passam a vida andando por aí atrás de ovelhas
sempre me deixaram muito desconfiado. Nunca pus os olhos num anjo. Não
tenho o mínimo interesse em reis recém-nascidos. A cidade de Belém, a
julgar pelo depoimento dos que andaram por lá, é como muitas e muitas
cidades .

Cantar sobre coisas que nunca vi ou fiz ou desejei, sonhar com um Natal ao qual nunca assisti... O Natal não me parece real. E, no entanto, apesar
de tudo... Suponho que seja porque já estou velho demais para acreditar,
mas continuo criança demais para abrir mão de minhas fantasias. Cínico
demais para aceitar, e desamparado demais para esquecer.

Será o Natal apenas aquela cantoria, muita comida, montanhas de dinheiro gastas em presentes. Aquela trabalheira toda? É truque ou é trato? Depois que fechei a porta e meu pequeno cantor se foi, eu estava a beira da histeria – ria e chorava e tinha todas aquelas sensações
estranhas que temos quando se descobre que, mais uma vez, é Natal. Bem
ali, pela chaminé de minha casa, Papai-Menino-Noel havia descido com seu
saco. Claro que chegou um tanto atrapalhado com os detalhes da
cerimônia, como eu, aliás, mas trazia bem claros sinais de que havia
entendido o espírito geral “da coisa”. Pode parecer que eu esteja apenas
querendo um bom pretexto para “entrar na festa”, comer, beber e ganhar
presentes de consciência tranquila. Mas não.

Perguntei a mim mesmo: “Onde estará o Natal?” E ouvi uma resposta bem clara:

- Estou aqui...

E tornei a perguntar, e o eco tornou a responder. Lá estava: de olhos fechados, a cabeça levemente caída para trás, reverente, emocionado. Foi
então que cantei, e nem me lembro qual foi a canção que tive coragem de
cantar, mas era uma canção de Natal, em pleno espírito de Natal, como
aprendi com aquele menino.

Dizem que Deus certa vez enviou ao mundo uma criança numa noite estrelada, para trazer esperança e alegria aos homens. Acho que não acredito muito
nessa história, ou nas outras centenas de histórias que foram se
acumulando sobre o enredo original ao longo de mais de dois mil anos.
Mas não tenho dúvidas de que acredito naquela criança, o menino-coral,
que propunha um “trato”, de porta em porta. Não sei quem, ou o quê, o
teria enviado até minha casa, mas sei que veio fazer “um trato” comigo,
me convidar a participar de seu coral, que anda pelo mundo semeando uma
mensagem de alegria e esperança. Uma criança, outra vez, me “contratou”
para o Natal. 

(Baseado  no livro “Tudo Que Eu Devia Saber Na Vida Aprendi no Jardim de Infância”, de Robert Fulghum)

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buscamos e nos dêem a poderosa ajuda
de sua Compaixão e Sabedoria. Existe
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daqueles que vivem no Eterno. Há um
Poder que remove todas as coisas. É Ele que vive e se move em quem o Eu é Uno.
Que esse AMOR esteja conosco e que esse
PODER nos eleve até chegar onde o
Iniciador Único é invocado, até ver o Fulgor de Sua Estrela.
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“Amado Criador, eu invoco a sua sagrada e divina luz para fluir em meu ser e através de todo o meu ser agora. Permita-me aceitar uma vibração mais elevada de sua energia, do que eu experienciei anteriormente; envolva-me com as suas verdadeiras qualidades do amor incondicional, da aceitação e do equilíbrio. Permita-me amar a minha alma e a mim mesmo incondicionalmente, aceitando a verdade que existe em meu interior e ao meu redor. Auxilie-me a alcançar a minha iluminação espiritual a partir de um espaço de paz e de equilíbrio, em todos os momentos, promovendo a clareza em meu coração, mente e realidade.
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Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

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