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De fato, a palavra KARMA vem do sânscrito e tem sua raiz na palavra 'KR', que tem como tradução agir.


No entanto, como gosto sempre de frisar, a língua sânscrita não é uma língua comum. Em sua origem e aplicação ela sempre foi uma "linguagem da alma", no sentido de expressar os estados espirituais mais profundos atingidos pelos buscadores da verdade da Índia Antiga.


Ela é uma linguagem poética, onde suas palavras não podem ser traduzidas literalmente. 


Em sua construção, os SIDDHAS, classe de seres da mais alta realização espiritual, a transformaram naquilo que chamo de "linguagem crepuscular", ou seja, assim como o crepúsculo representa a fusão do dia na noite ou vice e versa, cada palavra tem a possibilidade de ser vista e entendida sobre dois aspectos principais: o raso e o profundo.


O aspecto raso se desenvolveu nas formas mais coloquiais e simples, dando origem a forma usada nas comunicações normais do dia a dia, com a aplicação de gramática e etc.


Mas o aspecto mais profundo era utilizado nas esferas iniciáticas ou, para tirar o floreado do termo, utilizado pelos estudantes nos ashramas e universidades da época.


Não se tem registro histórico do surgimento do sânscrito e, ao contrário do que muitos dizem, ela NÃO é uma língua ariana, visto que já está mais que provado que não houve um povo ou raça ariana (tão pouco uma invasão ariana na Índia).


Feito essa introdução, voltemos ao KARMA.


Como disse, a palavra é composta de duas raízes: KR + MA.


KR é ação e MA vem de "Maya", feito, fazer, dar forma.


Assim, a tradução literal seria algo como "fazer ação" ou "agir".


Até ai, tudo bem, nada de novo…


No entanto, lembrando da característica crepuscular do sânscrito, devemos no perguntar: como os antigos SIDDHAS (caras como Pantanjali, Agastyar, Boganathar, Babaji, Tirumular, Shankara e por ai vai) viam a ação?


Como dito acima, há sempre um caráter dual na abordagem. Cada palavra em sânscrito possui um ensinamento, um conhecimento que a envolve. 


Em janeiro passado tive a oportunidade de estar com os chefes da cadeira de sânscrito da Universidade de Ethanaur em Kanchipuram, Índia.


E numa palestra que ele deu à mim e aos meus alunos de yoga, disse que o estudo do sânscrito é por si só um sadhana, um caminho espiritual. É assim que os poucos estudiosos da língua a vêem.


Portanto, ao pensar na palavra KARMA e sabendo desse contexto, fica simplista dizer que sua tradução é apenas ação.


Quando os Siddhas pensam em karma, eles pensam em todas as ações que são feitas de forma não lúcida, no automatismo e como resposta a um estímulo, ou seja, reativa.


De maneira geral, esses estímulos são os pulsos emocionais que nos cercam e que vão gerando impressões, de início não "palpáveis" ou sem forma definida. Esses impulsos são processados pelo chakra básico, a sede da autopercepção, morada do princípio do ego (que na tradição indiana é um conceito diferente daquilo que os ocidentais chamam de ego).


Esse EGO, na tradição indiana, é o agente que se apodera da experiência.


Gosto de brincar e dizer que o EGO é o maior puxa saco que existe. O que ele quer é nos bajular.


Assim, seja qual for o estímulo ou pulso emocional que nos atinja, o EGO vai – como todo puxa saco – dar um jeito desse pulso ser prolongado, pois ele só quer nos agradar. E se nós estamos prestando atenção nesse pulso ( o ego pensa) é porque gostamos dele. Assim, o ego vai lutar com afinco e determinação para prolongar a nossa experiência desse pulso emocional.


Se o pulso for de virtude ou vício, pouco importa para o ego. Ele vai lutar do mesmo jeito. Vai tentar ser o melhor puxa saco e bajulador possível.


É ele que "colore" nossa visão e faz com que fique fácil o reconhecimento de certos estados emocionais nos ambientes que vivenciamos.


Em suma, é ele que faz você ver e sentir um "mundo azul e lindo" depois de uma prática espiritual ou faz você ver e sentir um "mundo de merda" depois de uma discussão com a namorada ou namorado.


Ele prolonga a nossa experiência emocional, gerando identificação com elas, ou seja, se apropriando das experiências.


Como centro da auto percepção é ele que diz "andei", "sentei", "comi", "sorri", etc.


Como bajulador e puxa saco é ele que nos faz desenvolver o senso de gosto e desgosto, aprofundando nossa dualidade.


Por tudo o que foi dito sobre o ego segundo o ponto de vista da tradição indiana, é possível inferir que na grande maioria das vezes reagimos aos impulsos emocionais prolongados pelo EGO e com base nessas reações desenvolvemos nossas relações e toda nossa "realidade".


Para a tradição do yoga, de onde a palavra se originou, Karma denota toda a ação feita de forma não lúcida.


Aquilo que conhecemos como Karma Yoga é todo um conjunto de ensinamentos filosóficos e práticos que visam a transformação da ação não lúcida em ação lúcida, geradora de ordem (interna e externa).


A ação lúcida é o foco do grande Bhagavad Gita, onde o Avatar Krishna a explica ao seu amigo Arjuna num campo de batalha.


Essa ação lúcida, geradora de ordem, é o que chamamos de DHARMA.

 

 

DHARMA é uma palavra que pode ser desmembrada em duas também: Maya e Dhya.

 


Maya, como vimos, é dar forma, feito, fazer.
 
Dhya é iluminar, colocar sob a luz. É uma palavra que tem sua raíz em BUDDHI, que é a reflexão da Consciência Pura na estrutura da mente. 
 
Como gosto de dizer, BUDDHI é a Luz da Consciência.
 
Assim, a tradução mais adequada da palavra seria algo como "Agir com base na Luz da Consciência". Logo, uma ação que é feita com base na Luz da Consciência está fadada a gerar ordem.
 
Isso não significa que o Dharma traga sempre resultados positivos.
 
Como toda ação, as reações podem ser de gosto ou de desgosto.
 
Arjuna, depois de ter sua mente iluminada pelos ensinamentos de Krishna, agiu.
 
E essa ação baseada na Luz da Consciência não lhe privou de sofrimentos ou conseqüências . Nem tão pouco Krishna ficou isento.
 
As repercussões das ações no campo de batalha levaram Krishna à morte, posteriormente. Ele foi perseguido e teve que viver no
exílio, escondido na floresta. Mas foi encontrado e morto, assassinado pelos remanescentes do exército derrotado.

 
Que fique claro: cumprir o dharma não é missão de vida ou dever, mas sim TODA AÇÃO LÚCIDA, baseada na Luz da Consciência.
 
A noção de dharma como dever ou missão que é propagada se dá pelo fato das traduções em sânscrito serem dependentes daquela observação do contexto espiritual que a originou. Quando isso não ocorre, surge a mera tradução linguística, fria e técnica, campo fértil para as deturpações.
 
Agora, como tornar a ação lúcida? Como sair de Karma e chegar a Dharma?

É fato que não dá para ir de uma para a outra de forma direta. Há um caminho a ser percorrido…
 
Esse caminho de aumento da percepção só é conquistado pela ação em si.
 
Ou seja, para sair da ação não lúcida e chegar na ação lúcida, há que se AGIR. Isso é invariável.
 
Mas essa ação deve ser purificadora.
 
E o nome que se dá em sânscrito para toda ação purificadora é KRIYA.
 
Kriya é a junção da raíz Kr (agir) e Yaj (sacrifício).
 
O maior texto de Kriya Yoga que existe e que pouca gente sabe ou dá valor é o Yoga Sutras do Patanjali.
 
No Gita Krishna também ensina Kriya.
No segundo livro dos sutras, conhecido como Sadhana Pada (o caminho da prática), Patanjali inicia definindo Kriya Yoga.
 
Ele diz que são três os pilares da jornada: Tapas, Svadhyaya e Ishvara Pranidhana.
Tapas: é erradamente traduzida como austeridade. Em verdade é algo como a GANA, DETERMINAÇÃO. Em linguagem futebolística seria a garra. Para não se alongar no assunto, TAPAS é o COMPROMETIMENTO com a nossa jornada espiritual.
 
Se o dia gera um monte de coisas que atrapalham sua rotina espiritual (ir ao seu grupo, por exemplo), você "põe  a faca nos dentes" e diz: "agora é que eu vou mesmo, nem que eu chegue no final."
Svadhyaya: é a prática da autopercepção. Como vou gerar autoconhecimento se não tenho autopercepção?
 
Como conhecer algo sem percebê-lo antes?
 
De forma simplista é a prática de perceber o que é seu e o que não é seu dentro do suas relações emocionais. Esse tópico mereceria
mais explicações, reconheço. 
Ishvara Pranidana: é entregar-se à Deus (o todo, o absoluto, Brahman, como queira chamar). É fé, no sentido de certeza íntima e não da crença, do acreditar.
 
Essa expressão de entrega é, de forma simplista, a confiança na presença divina em cada momento de nossa vida.

Reconheço que esses três tópicos merecem mais explicações, mas ai acabaria escrevendo um livro…risos…
 
No grupo de estudos que ministro no IPPB esse assunto foi desenvolvido em 3 meses de papos.
 
Espero ter agregado algo para a diferenciação entre Karma e Darma.

Muita Paz à todos!
Enki


http://www.yogashala.org.br/

  

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