Eliezer, o sacerdote fariseu.

[ismael de almeida]

 Eliezer, o sacerdote fariseu.

 

Ismael de Almeida

Eliezer era famoso rabino do Templo de Jerusalém, da seita dos fariseus, hipócrita e leproso, escondia a maligna enfermidade, com ungüentos e devido sua barba espessa, a lepra ainda não era visível no exterior.

O ilustre rabino em desespero procurou o curandeiro protegido de Herodina,  e suplicou: “salva-me por Deus ou pelo diabo, eu sou genro do sumo sacerdote do Templo de Jerusalém, que manda na Judéia mais que o Procurador Romano.” Salva-me da lepra e eu te farei grande e poderoso!

Tal era o personagem que falaria na principal Sinagoga de Nazaré, no sábado.  Aportou na cidade com  uns dia de antecedência, na esperança de ser curado pelo famoso curandeiro, que prometia milagres.

Jesus quis ouvir o doutor da lei, o mais ilustre, orador que ocuparia a cátedra sagrada da Sinagoga de ABIMELECH, cujo tema era A FIEL OBSERVÂNCIA DA LEI FAZ O HOMEM JUSTO.

No sábado o orador compareceu com quatro levitas, com sua túnica de púrpura e turbante cravejado de jóias, começou sua dissertação, num pedestal de orgulho e hipocrisia.

Fez-se representante de Deus, abordou o tema da purificação de enfermidades ocultas,  chicoteou os faltosos que não contribuíam com os dízimos ordenados por Lei, especificando que deveriam ser os melhores animais, a melhor parte dos ganhos nos campos e hortas, mencionando repetidas vezes “oferendas de bezerros, cabritos, farinha de trigo, azeite, e o vinho” como as mais puras oferendas capazes de expiar as culpas contra a Lei.

Continuou o sacerdote, os que não cumprirem suas obrigações perante o TEMPLO DE JERUSALÉM,  serão considerados insubmissos, e JEOVÁ mandaria seus anjos de justiça, nos ventos da noite, no rocio das madrugadas, em nuvens escuras de tempestades, para flagelar os audazes desrespeitadores da Lei do Templo.

Prosseguiu o sacerdote judeu com anátemas contra os pecadores, exortando a observância do SÁBADO como “dia do Senhor”, onde nada seria permitido fazer, sob pena de severas punições por parte de JEOVÁ.

Afirmou o sacerdote, o sábado é dia santificado, e não é permitido nem mesmo enterrar os mortos, assistir os enfermos, ou ajudar alguém ferido, e a exigência do jejum, deve ser observada a qualquer custo.

O terrível discurso terminou em silêncio de morte!

Era costume nas sinagogas, após o discurso dos sacerdotes, perguntas serem respondidas aos freqüentadores, a título de esclarecimentos.

Jesus com sua poderosa clarividência mergulhou no mundo interno daquele sacerdote hipócrita, e vendo seu corpo corroído pela lepra, se condoeu e teve piedade daquele homem, e perguntou: Honorável rabino de Jerusalém, com leve inclinação de cabeça: “Se um profeta de Deus, encontrar um leproso no sábado e tendo o poder de curar, o que deve fazer?”

--- O orgulhoso rabino estremeceu como se fosse tocado por um raio e retorquiu, e quem és tu para contradizer um sacerdote que há vinte anos ensina no Templo de Jerusalém?

O doce e sereno olhar do Mestre penetrou nos olhos do sacerdote que desviou o olhar, como se ferido de morte, e conturbado gaguejou sem encontrar a resposta, levantando-se para retirar-se da Sinagoga, dizendo ao HAZZAN:  Se soubesse que há um mestre em Nazaré não teria subido a este púlpito!

Ao retirar-se do templo, ferido em seu orgulho e presunção, sentiu no âmago do seu ser, um oceano de ternura, um manancial de luz e amor, incapaz de desviar o olhar, foi invadido por uma oleada de compaixão, e caiu de joelhos e disse: Se és ELISEU Profeta, tem piedade dos leprosos e cura-os ainda que seja no sábado!

--- Muito bem rabino, disse Jesus! Neste dia, sábado, na Sinagoga de ABIMELECH em NAZARÉ, em nome de Deus, Pai de Amor e Bondade eu o curo de sua lepra!

O sacerdote tremendo como arbusto em terrível tempestade, viu que de suas mãos desapareciam os sinais da lepra, e em todo seu corpo corria um suave frescor. E uma interior doçura percorria seu mundo interno, limpando as mazelas do corpo e as mazelas da alma!

Bibliografia: Narrativas da vida de Jesus, pelo mestre Hilarião de Monte Nebo,  em Harpas Eternas.