EM BUSCA DA FELICIDADE

[IVANILDO FALCÃO DA GAMA]

 

EM BUSCA DA FELICIDADE...

 

 

 

Em todos os tempos da história de nossas civilizações pretéritas, o anseio primordial

De cada um de nós e enquanto povos, culturas, etnias, nações, é a busca da felicidade.

Busca o homem do campo nas suas colheitas,

Busca o homem urbano no sucesso material, quando, em sua ânsia de satisfazer

O seu ego imagina que sua alegria e felicidade está calcada no ato da posse.

Do possuir, do adquirir, do ter.

E hoje em dia esquecemos-nos de cuidar fundamentalmente do Ser.

Assim, nosso corpo de desejos quer, quer, quer sem parar comprar, aparecer,

Consumir cada vez mais e muitas vezes, compulsivamente.

 

A razão da insatisfação crescente, individual e coletiva, reside no fato de que o homem/mulher busca no exterior de si, o complemento material exacerbado, cargos, posições, o melhor automóvel, o carro do ano, a aquisição cada vez maior de um mundão de bugigangas que logo se perdem, logo são deixadas de lado e entulham nossa casa e nossa mente; tornam nossos lares mais pesados, quando pesados também se nos ficam o bolso e a alma.

 

É muito melhor nos des - iludirmos (“cairmos na real”) do que alimentar indefinidamente a ilusão do ego. Dos insaciáveis e intermináveis desejos do ego.

 

Como bem nos disse alguém: Não acredito que viemos ao mundo apenas para juntar dinheiro e comer do bom e do melhor.

 

O motivo da infelicidade constante está no fato de basearmos nossa satisfação em valores, modas e medidas extremamente superficiais, senão fúteis, como que a viver nas brumas da superfície do imenso oceano da realização infinita do ser e assim jamais alcançar a auto-realização e plenitude.

 

É tão fácil sermos felizes com muito pouco... Desapetrecharmo-nos das gorduras da existência e passarmos a viver no agora milagroso da sabedoria residentes nas coisas simples da vida!

 

Quando a Fonte da Felicidade verdadeira, imutável, a fonte de toda a Alegria está mais perto ainda de nós do que nossa própria respiração!

 

Deus é a Felicidade Total. E a felicidade maior está em buscarmos o lenitivo e o crescimento de nossa Alma. Assim, não são os objetos e posições, as meras aparências que tanto nos empenhamos em ter que podem nos trazer felicidade. A felicidade vem de dentro de nós, de nossa Alma, quando aprendemos a valorizar cada vez mais nossos atributos humanos e divinos que estão em nós, no mais recôndito de nosso silencio, nas profundezas de nosso Espírito que é, verdadeiramente, a Fonte de toda a realização humana de hoje e de sempre.

 

Felicidade é poder viver no Amor. Viver e nos movimentarmos no Amor, significa doação. Quando nos doamos ao nosso semelhante, quando nos imbuímos da vontade de auxiliar a humanidade, humanidade que começa ao nosso redor, com as pessoas que fazem parte de nosso caminho e caminhar, quando efetivamente auxiliamos alguém, seja materialmente, seja com um ouvido atento e uma alma que pode sentir a alma do outro, a felicidade aí está a nos agradecer e sorrir para nós.

 

A posse, o ter, em realidade não importa. O que mais danifica o nosso discernimento anímico e consciencial, é, como nos ensinam todos os grandes Mestres da Espiritualidade, o apego. O coração e a mão fechada. A insensibilidade às necessidades e dores do próximo. Pode-se ser extremamente rico materialmente e se ser completamente desapegado da matéria. Por outro lado também se pode não ter quase nada e ser muito apegado. Mas a felicidade sempre está na porta de quem é feliz com pouco, tendo ou não tendo muito.

 

A felicidade só ancorada no ter gera um grande vazio que só Deus pode preencher. A felicidade centrada no Ser, na essência do Ser, nos eternos valores da Alma cria uma Felicidade verdadeira, que nem o tempo, a distancia, a vida ou a morte se nos pode arrebatar. Como bem nos ensinou o amado Mestre Jesus, “Buscai primeiro o Reino dos Céus e tudo o mais lhe será dado por acréscimo.”

 

Precisamos ser como um sol, um diminuto e brilhante sol de nossa alma a irradiar amor, estímulo, colaboração, auxílio, compreensão, tolerância, vontade para o bem, irradiar o Amor que em todos nós existe, posto que, como filhos de Deus herdamos todos os Seus atributos e a Fonte do Poder do Amor e da Sabedoria em nós é inexaurível.

 

Em busca da felicidade precisamos nos auto-examinar sempre. Precisamos ser muito honestos conosco mesmos e nos perguntar intimamente qual é a nossa verdadeira intenção ao falar, ao comprar, ao mostrar, a exibir nossas posses, desde um celular, um carro, uma moradia, um relógio ou vestimentas muitas vezes para além de nossas necessidades e orçamento.

 

Todos queremos ser bonitos, nos vestir bem, morarmos bem, nos alimentarmos bem, termos um veículo de locomoção e meios de comunicação eficientes. Isto é realmente um direito que todos nós temos. Precisamos nos amar, nos cuidar. Precisamos todos ter uma vida confortável. Temos o direito de ter essas coisas, temos mesmo a obrigação de manter nossa dignidade e autoestima nas alturas. Temos o dever básico de sermos felizes. De estar no mundo sem sucumbir ao exagero. De, ao termos, sermos desapegados, mas, também, de cuidar bem da manutenção de tudo o que temos, sem incorrermos no !pecado! de permitir que as coisas se estraguem. E o que para nós não nos é essencial, já cumpriram suas funções, temos que repassar a quem delas carece, pois o excesso, o que não nos é mais útil pertence por direito divino àqueles que necessitam. Ao redirecionarmos às pessoas, estamos cumprindo uma obrigação, da qual devemos nos sentir gratos pelas oportunidades de exercemos o nosso amor em atos – em doação – colhendo imediatamente os frutos de alegria que vem nos inundar o coração.

 

Veja: Eu sou porque tenho ou em tenho porque sou?

 

Se seguirmos o que é verdadeiro, não cômodo, procurando calçar nossa busca em valores imperecíveis, cuidando de nosso autoconhecimento e instrução, cuidando em aprimorar o nosso amor-doação incondicionalmente, cuidando do não julgamento e procurando não manter nenhuma expectativa quanto ao futuro ou a relacionamentos... Apenas amando-os intensamente e vivenciando-os no fluxo de nossa vida, cuidando de descobrir o Deus que há em nós e em todos os seres... É com toda a certeza que viveremos cada vez mais felizes, transbordando a nossa taça de bem-aventurança por podermos ter a graça de sermos parceiros de Deus.

 

Um homem ou mulher de sucesso, não é aquele que tem mais posses ou galgou cargos e posições elevadas... Um homem ou mulher de sucesso é aquele que encontrou Deus. Esse sim, é o maior sucesso que alguém pode almejar, buscar e alcançar. Bens e materialidade, pouco ou muito, agora são irrelevantes. Trata-se de enfrentarmos a nós mesmos corajosamente, honestamente, para domarmos os cavalos bravios de nosso exigente e sempre insatisfeito ego no corpo de desejos... Domar nossas feras, ser senhor de nossos hábitos e jamais escravos da circunstancialidade superficial, consumista e tão transitória.

 

Em busca da felicidade é por demais importante nos centrarmos nos meios. Fazermos o melhor possível o nosso trabalho, centrarmos toda nossa atenção em cada passo, em cada instante do agora, em cada hoje de nosso serviço no mundo. A prosperidade virá como uma conseqüência. O objetivo não é ganhar dinheiro, o objetivo é realizar com cada vez maior maestria o nosso trabalho. O objetivo não é ganhar o jogo, fazer o gol, o objetivo é jogar milimetricamente o melhor que pudermos em cada segundo do jogo da vida.  Aí a chance do gol vir, das realizações da vida acontecerem,  é quase 100% certa. Percebe?

 

Não estamos precisando de mais acréscimos e sim de desacréscimos em nós. Voa-se mais alto quando cada vez mais leve.

 

O Caminho da Felicidade, portanto, passa por todas as vias do servir. Da gratidão e satisfação com o que se tem, não com o que poderá se vir a ter. Podemos ser e ter cada vez mais requisitando nosso direito cósmico da prosperidade infinita. Mas precisamos repassar a energia monetária de forma dinâmica, de forma a fazer girar a roda da fortuna para o benefício de todos. Esvaziarmo-nos para que assim o Universo possa preencher nossa taça. Material e espiritualmente.

 

Como importa podermos vibrar com a doçura e a suavidade do sorriso de uma criança! De podermos nos alegrar com o desabrochar de uma flor. De podermos contemplar o nascer e por do sol, de estar presente e em harmonia com a Natureza, de podermos contemplar o belo que há na vida e o bom que há em cada pessoa. Do servir e amar, desinteressadamente. Amando apenas pelo simples e maravilhoso prazer de amar! De andar mais leve, de perdoar, não acumular mágoas ou ressentimentos, não guardar conosco esses pesos inúteis que retardam nossa caminhada, bloqueiam oportunidades e nos reduz a saúde física, emocional e espiritual. Permitir o girar da roda da energia pecuniária, da energia afetiva, da energia mental sempre criativa é ter saúde completa, é deixar-se fluir e fluir com a sincronia da vida que assim nos faculta alcançar a Liberdade e a Alegria sempre constante, porquanto alicerçada na perene e imorredoura Felicidade plena e total!

 

 

Ivanildo Falcão da Gama

 

 

[e-mail]   -  www.supraconsciencia.blogspot.com

 

 

 

 

É sempre bom refletir...:

 

OS OLHOS DE QUEM VÊ

 

 

 Um dia, um pai de família rica, grande empresário, levou seu filho para viajar até um lugarejo com o firme propósito de mostrar o quanto as pessoas podem ser pobres.

O objetivo era convencer o filho da necessidade de valorizar os bens materiais que possuía, o status, o prestígio social; o pai queria desde cedo passar esses valores para seu herdeiro.

Eles ficaram um dia e uma noite numa pequena casa de taipa, de um morador da fazenda de seu primo...

Quando retornavam da viagem, o pai perguntou ao filho:

- E aí filhão, como foi a viagem para você?

- Muito boa papai.

- Você viu a diferença entre viver na riqueza e viver na pobreza?

- Sim pai! – Retrucou o filho, pensativamente.

- E o que você aprendeu com tudo o que viu naquele lugar tão pobre?

O menino respondeu:

- É pai, eu vi que nós temos só um cachorro em casa, e eles têm quatro.

Nós temos uma piscina que alcança metade do jardim, e eles têm m riacho que não tem fim.

Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles têm as estrelas e a lua no céu.

Nosso quintal vai até o portão de entrada e eles têm uma floresta inteirinha.

Nós temos alguns canários numa gaiola e eles têm todas as aves que a natureza pode oferecer-lhes, soltas!

O filho suspirou e continuou:

- E além do mais papai, observei que eles oram antes de qualquer refeição, enquanto nós sentamos à mesa e falamos de negócios, dólar, eventos sociais, daí comemos, empurramos o prato e pronto!

No quarto onde fui dormir com o Tonho, passei vergonha, pois não sabia sequer orar, enquanto ele se ajoelhou e agradeceu a Deus por tudo, inclusive a nossa visita na casa deles.

Lá em casa, vamos para o quarto, deitamos, assistimos TV e dormimos.

Outra coisa papai, eu dormi na rede do Tonho e ele dormiu no chão, pois não havia rede para cada um de nós.

Na nossa casa colocamos a Maristela, nossa empregada, para dormir naquele quarto onde guardamos entulho, apesar de termos camas macias e cheirosas sobrando.

Conforme o garoto falava, o pai ficava estupefato, sem graça e envergonhado.

O filho na sua sábia ingenuidade e o seu brilhante desabafo abraçou o pai e ainda acrescentou:

- Obrigado papai, por ter me mostrado o quanto somos pobres!

 

Autor anônimo.