FOLHAS CAIDAS

[Luiz Soares da Silva]

Luiz Soares das Terras Nordestinas.

A essência da vida é marcada por duas realidades. A primeira seria aquela em que nos somos educados. Envolve naturalmente todas as nossas fases e etapas de aprendizagem. Teoricamente nos tornamos discípulos de uma concepção de paradigmas que nos são exigidos. Perdemos a vontade; e, em alguns casos a própria razão. Isto nos afasta da vida, nos torna pragmáticos, limitados e cheios de preconceitos.

Impressionante como devemos aceitar, como sendo uma acomodação, uma exigência, um roteiro, um script que teremos que cumprir. No mais, muitos até que o cumprem com certo desembaraço, são brilhantes, com certeza. Mas, o brilhantismo, salvo algumas exceções se exprime na materialidade, no simbolismo da vaidade, na aparência, na opulência, no virtual e nas entrelinhas das coisas efêmeras.

A este sentimento poderia, quem sabe imaginar as folhas que caem e são levadas pelo vento e depositadas num terreno estéril. A este fato poderia afirmar que apenas cumpriu todos os rituais e foi beneficiado em todas as etapas vivenciais que a natureza prodiga reserva para um de nós, dando sem nos cobrar subserviência e muito menos obediência, pois ela age sem os paradigmas dos investimentos.

A este processo bem que poderíamos classificar, como sendo a explosão das virtudes. Virtudes que se multiplicam e chegam até a servir de referencial a muitos que não as conhecem dentro de si, e se deixam levar pela teoria da imitação. A imitação gera tanto a inveja, como também o surgimento de sérios e incorrigíveis distúrbios mentais. Deixa as suas marcas, faz sucumbir o amor próprio, estabelece novos desafios que não lhes são ou seriam peculiares.

A segunda realidade é bem mais complexa. Exige um comportamento, atitudes, provas, ousadia e consciência de que assim deva agir, sem, entretanto perder o foco, que os seus valores interiores lhes reserva. Cumprem com galhardia todas as tarefas; mas, de uma forma quase mecânica. Por que questionar e se tornar um pária dentro da vida comunitária? Melhor absorver e desempenhar no sentido de sair fora, cruzar a ponte, ultrapassar barreiras e, finalmente pode doutrinar e deixar afluir os seus sentimentos.

São também folhas caídas. Mas, com um detalhe bem diferente. Quando é chegada a hora elas são transportadas e amorosamente depositadas em terras férteis. O segredo pode ser finalmente revelado. A árvore que proporcionou o seu sustento, comum para todos, não emasculou a sua capacidade de distinguir o real do imaginável, valores efêmeros dos valores intangíveis, da forma de ter e saber usar, sem se tornar escravos depressivos.

A simplicidade se segura na brandura. O conhecimento burilado e amado se transporta e se transforma em sabedoria. Os seus desafios e seus feitios, mesmo que materializados são observados e nunca entendidos sob a ótica de regras ou conceitos estáticos. São admiráveis e nunca igualáveis. Cada um deixa a sua própria marca, a sua assinatura de uma forma suave, em acordes que acalentam, traz tranquilidade e, por isso mesmo nunca são repetitivos.

Holisticamente falando são parte e nunca o ingrediente. São sementes com um alto poder de causar inesquecíveis deslumbramentos. Assim se comporta os verdadeiramente livres. Nuvens carregadas, o vento forte, os mares revoltos, os terremotos e os furacões, na defasa das suas integridades. Também são cordeiros e ordeiros. A brisa acalentadora. O mar que educadamente deposita a espuma na areia abundante. Erupções de amor ao próximo e admirador intransigente da obra incontestável que a mãe natureza amorosamente nos oferece.

Interessante. Sem dúvidas tenho a certeza de que os muitos tratados e enunciados que tenho lido, mas parece uma sinfonia, um momento de se juntar os cacos, agrupá-los e, assim nos tornarmos únicos e indivisíveis. Cada um com a sua marca registrada cadastrada nos alfarrábios da vida eterna. Sem certidão de nascimento, sem prazo de validade e sem apegos esquizofrênicos. Esta é a grande jornada, a grande transição que a humanidade experimenta. Sair e deixar partir o carbono e assimilar o cristal. O cristal que nos permitirá receber e difundir a luz que tanto desejamos, por sinal existente e pasme, dentro de cada um de nós. Desta feita sem a interferência ou a influencia de quem quer que o seja.

[marcos cavalcanti romero]

Obrigado,

LUZ!