Com esta visão, se olhe e pergunte: ‘qual a minha independência com relação às coisas do planeta’? Podemos dizer que todos precisamos do sol, da água e de muitas outras coisas. Esta é a verdade da interdependência: nada existe sem outras coisas. Para que o espírito possa habitar a carne ele precisa da água, do fogo, da terra, do ar. Precisa dos alimentos, precisa do agricultor, precisa do professor e precisa do seu inimigo.
A visão do ‘eu’ que se considera ser humano, daquele que se acha carne, é de que ele é um ser autônomo, adulto, conhece tudo, pode tudo: vive sozinho. Tirando-se o sol, a lua, o campo, os animais, a água, os irmãos de jornada, este ser humano não existirá, pois precisa de tudo isso para existir.
Precisando de tudo isso para existir, como pode, então, este eu escolher sentimentos negativos que ataquem todas estas coisas? Sem a visão da interdependência ele não conseguirá ver que está cometendo o suicídio.
O ser humanizado consegue imaginar-se não dependente das coisas porque só se vê como espírito quando está dentro da igreja, do templo, do culto. Quando sai dali a sua visão é a de ser humano (ser superior às demais coisas) e por isso não consegue compreender a interdependência das coisas. Só quando o ser humano está em contato com Deus (vê-se como espírito) consegue ver a obra Dele, mas quando volta a ser carne não consegue antever o dedo de Deus nas obras da natureza.
Quando o ser julga-se um humano, um ser independente no mundo que vive, acha-se capaz de julgar as coisas, de definir o certo e o errado. Mas, será que ele é realmente assim tão capaz? Será que realmente ele possui a condição de compreender tudo o que acontece, ou seja, será que ele é capaz de compreender a interdependência das coisas que está presente em cada acontecimento? Somente Deus pode...
Somente Deus pode compreender perfeitamente a correlação dos acontecimentos. Sim, se tudo que acontece se interdepende, tudo tem correlação. Mas, o que rege a correlação entre um acontecimento aqui e outro no Japão? O equilíbrio universal...
Tudo que acontece no planeta seja aqui e agora ou no mais longínquo recanto do planeta faz parte do equilíbrio universal. Se tudo não estivesse exatamente como está, o Universo estaria desequilibrado. Melhor: se tudo não estivesse como está, o Universo não seria o mesmo...
A interdependência das coisas existe porque qualquer modificação nas coisas sem uma organização maior poderia acabar com o Universo que os seres humanizados conhecem. Como estas modificações são constantes por causa da impermanência das coisas, é preciso alguém que as faça mudarem-se sem que com isso se fira o equilíbrio universal. Por isso somente Deus pode comandar as alterações causadas pela impermanência das coisas.
Somente Deus pode provocar a alteração das coisas sem que com isso se fira o equilíbrio universal porque somente ele possui a visão profunda das coisas universais. Por ser a Inteligência Suprema, somente Ele tem a capacidade de fazer as coisas seguirem o seu círculo impermanente sem que com isso se fira o equilíbrio universal.
É o conhecimento desta característica da vida que destrói a concepção do livre arbítrio do ato. Quem pode agir aqui e ter a plena consciência do que o seu ato corriqueiro de agora pode afetar a quem mora do outro lado do planeta?
Para entendermos isso, vamos pegar um exemplo chulo: ir à padaria comprar pão...
Quem vai à padaria comprar um pão prestando atenção nos reflexos desta ação no resto do planeta? Com certeza não o ser humanizado... Ele acha que este ato não é digno de se prestar atenção e trata-se apenas de uma coisa mecânica, faz parte da rotina da vida. Esquece-se da impermanência, ou seja, que aquele tempo que ele levou para ir comprar o pão não voltará jamais, e da interdependência que faz com que aquele ato tenha uma relevância fundamental para o planeta. Se todos pudessem comer quantos pães quisessem, o que seria das florestas? Elas teriam que virar área de cultivo para o trigo para poder sustentar o desejo de todos...
A interdependência e a impermanência tem que ser um conhecimento vivificado a cada instante para que o ser humanizado compreenda que esta vida possui uma direção que é exercida para que o equilíbrio universal não se altere jamais. Para vivificar estes ensinamentos o ser humanizado precisa libertar-se da idéia de que pode agir livremente e que seus atos podem ser feitos somente com base nos seus desejos individuais e que tudo que existe no planeta é o somatório de todas as outras coisas.
Por exemplo, uma toalha... Uma toalha não é apenas um pedaço de pano, mas o somatório de todas as coisas que agiram para que ela existisse. Foi preciso haver a semente do algodão, o solo, o sol, a chuva, o agricultor, o fiador e diversas outras coisas e pessoas para que a toalha existisse. Se entender a toalha apenas como um pedaço de pano, fatalmente, quando da sua transformação pela ação da impermanência, o ser humanizado acabará desprestigiando todas as coisas e pessoas que tiveram que existir para a formação dela.
Sem que as realidades do mundo material estejam presentes no pensamento o ser humanizado não conseguirá vivenciar a vida dentro da sua profundidade. Enquanto enxergar-se autonomamente, vivendo a partir dos seus conceitos e desejos, continuará cometendo injustiças.
O ser humanizado não compreende que pela interdependência das coisas a sua satisfação, para existir, tem que gerar a insatisfação de alguém. Sim, para que um se satisfaça, outro tem que não ter esta sensação, pois se os dois tivessem ao mesmo tempo isso poderia desequilibrar a balança do Universo.
É a ausência da compreensão da ação desta característica que leva o ser humanizado a sofrer quando não acontece o que ele quer. Se ela estivesse presente nos raciocínios da personalidade humana, o ser não sofreria e esperaria em paz que a impermanência transformasse o seu desgosto em gosto...
Fonte: Espiritualismo Ecumênico Universal - www.meeu.com.br
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