Madalena!

[ismael de almeida]

Madalena humaniza-se frente ao doce olhar de Jesus, sentia alegria e tristeza...
O amor de Maria Madalena.

Ismael de Almeida
Madalena desdenhava o amor, fazia dele um passatempo pueril, fazia-se amar, mas não amava, divertia-se recebendo atenções dos cortesãos enamorados, e amava sentir-se admirada. Levava uma vida fútil e vazia!...
Certo dia dirigia-se a uma festividade romana, Madalena dirigia seu olhar indiferente às pessoas que passavam quando súbita e inesperadamente seus olhos vislumbraram um homem formoso e grave, que cruzou o seu caminho.
Seu coração recebeu uma profunda sacudida. Quem é aquele homem com a majestade de um rei e aparência de um profeta?
O amor irradiava de seus olhos como o sol do amanhecer, seu coração estremeceu, como se uma saudade distante a fizesse recordar-se de algo buscado, mas nunca encontrado!
Um imenso amor invadiu o coração de Madalena, sentia a necessidade de rir e chorar, desde que o olhar do profeta penetrou no seu mundo interno...
Ao longe uma canção chegava suavemente em sua alma:
“Coração, peregrino do infinito, o que buscas que não encontras? --- Tu buscas o amor?”
Nem AQUILES o herói da ILÍADA; nem ULISSES vencedor de cem reis, e cantado na ODISSEIA, podiam se igualar ao profeta, cujo olhar arrebata ao céu, que arrastava multidões com indefinível doçura. Madalena conhecia os poemas HOMÉRICOS e VIRGILIANOS que mencionavam deuses imortais, GÊNIOS e FADAS de eterna juventude, mas nenhum deles se igualava ao profeta JESUS DE NAZARÉ!
Quem é esse profeta? --- Não seria um APOLO de eterna juventude?
Madalena não compreendia o que se passava na sua alma, mas seu coração mencionava uma mudança profunda na sua vida!
E os olhos do profeta não saiam do pensamento de Madalena!
E Madalena pensava: Há magia de amor nos olhos do profeta!
E a figura esbelta de Madalena refletia melancolia em seu rosto, e a castelã sentiu uma culpa em seu íntimo que não sabia de onde surgiu. Madalena pensou: eu ia festa da NAUMÁQUIA, (uma festividade romana onde barcos competiam) e na Grande Avenida surgiu Jesus; HOMEM OU DEUS?
E novamente Madalena ouviu uma canção distante, seria ela real ou fruto de sua imaginação: “Acalma caminhante, e sinta o amor que surge semeando rosas de ternura; e trás luz que acende o candeeiro interno para nunca mais se apagar”!
Madalena vibrava como a corda de um violino, e conjecturou; esse homem não é da Terra, ele só busca os deserdados, os que carregam pesadas cargas de angústia e miséria, os leprosos e paralíticos que precisam ser curados...
E Madalena quem sabe pela primeira vez na vida chorou, mas não de tristeza e sim de amor!
Paz e Luz!