MARXISMO E ESPIRITUALIDADE-UM NOVO RECOMEÇAR - Leon Claude Sidi

[patríciaomnamahshivaya]

MARXISMO E ESPIRITUALIDADE

UM NOVO RECOMEÇAR 

O que podem ter em comum os marxistas ateus e os milhares de pessoas ligadas a movimentos espiritualistas de todos os matizes? Aparentemente nada. Foi assim, que através de longos anos, a humanidade se dividiu, cada qual defendendo suas verdades como sendo a única.

É inegável que nossa espécie e o nosso planeta estão à beira de uma grande transformação, seja ela causada por questões cósmicas, econômicas, sociais ou um somatório de todos. A verdade é que em breve atravessaremos grandes dificuldades, com mudanças climáticas severas, caos social e desesperança.

Será que alguém acredita que sua verdade seja capaz, sozinha, de apresentar alternativas para a reconstrução de nosso planeta? É chegada a hora de superar antigos dogmas, preconceitos e enxergar um pouco mais além.

Aqueles que, através da religião ou de movimentos espiritualistas enxergam para além do que nossos sentidos permitem, que sabem que a vida terrena é apenas uma das infinitas formas de manifestação do Todo, que não há dicotomia entre energia e matéria, que entendem a lei do Karma individual e coletivo e estão seguros da efemeridade da nossa passagem terrena, não devem se isentar das lutas políticas e fechar os ouvidos a aqueles que, através do estudo do materialismo histórico e das leis do capital, afirmam a necessidade da superação da atual forma da organização econômica e política, radicalizando a democracia e estabelecendo o controle popular sobre os meios de produção essenciais ao bem estar de todos. Afinal, não é esta sociedade que todos queremos? Uma sociedade livre, socialmente justa e fraterna, onde cada pessoa possa ter condições de se desenvolver em toda sua potencialidade? A reconstrução da nossa sociedade deve se dar em um patamar político superior, que não seja mais pautado pelo lucro, o mercado e a exploração. Da mesma forma, os marxistas devem ter abertura para rever seus princípios filosóficos, estabelecidos há séculos, quando a ciência ainda engatinhava. Sua dialética deve dar um salto, usando o trampolim dado pela matemática quântica, que a cada descoberta reafirma o que já é sabido há milênios e registrado nas escrituras sagradas de diversos movimentos e religiões. Nossa ciência primitiva já descobriu a anti-matéria, a holografia, a interconectividade à distancia dos campos energéticos dos átomos, dimensões ocultas e tantas outras coisas, que fica impossível hoje se ater ao materialismo como ele foi estruturado há mais de 150 aos atrás.

Não tenho a intenção, com estas poucas palavras, de menosprezar toda experiência humana acumulada até hoje. Pelo contrário, acho que a gravidade do momento atual exige que aprendamos com ela, que possamos ler a história com outros olhos, com humildade e coração aberto, entendendo que o desafio que nos espera vai demandar da humanidade uma outra postura diante da vida, mais agregadora. Tanto a ciência quanto a política devem andar de mãos dadas com a visão de mundo que já é conhecida há muito tempo, sendo ela sua fonte de inspiração. A religião e a filosofia, por sua vez, devem romper as amarras das suas estruturas históricas e voltar a beber na fonte comum a todas, sendo ela também inspiração para uma postura política nova, ativa, que seja doce mas firme, determinada a construir uma sociedade justa, equilibrada e coletivista, que enxergue o Divino em todos os seres e coisas, que nos coloque como parte integrante e dependente da natureza e que seja pautada pela mais radical democracia e igualdade de oportunidades, reconhecendo que, sendo todos iguais, somos todos diferentes, e que permita que cada indivíduo floresça em toda sua plenitude.

Uma quimera? Tomara que não.

Namaste,

Leon