Olhe bem cada caminho de perto, deliberadamente e com propósito. Experimente tantas vezes quanto julgar necessário. Então faça a si mesmo, e só a si mesmo, uma pergunta. Esta pergunta é uma que só os muito velhos fazem. Meu benfeitor certa vez me contou a respeito quando eu era jovem, mas meu sangue vigoroso demais para que eu a compreendesse. Agora eu a compreendo. Eu te direi qual é essa pergunta:
Esse caminho tem coração?
Todos os caminhos são os mesmos, não conduzem a lugar algum. São caminhos que atravessam o mato ou que entram no mato. Em minha vida posso dizer que já passei por caminhos compridos, compridos, mas não estou em lugar algum. A pergunta de meu benfeitor agora tem um significado.
Esse caminho tem um coração?
Se tiver o caminho é bom, se não tiver é inútil. Ambos os caminhos não conduzem a parte alguma, mas um tem coração e o outro não. Um torna a viagem alegre, enquanto você o seguir, será um com ele. O outro o fará maldizer sua vida. Um o torna forte, o outro o enfraquece.
Você acha que há dois mundos para você, dois caminhos, mas só existe um. O único mundo possível para você é o mundo dos homens, e esse mundo você não pode resolver largar. É um homem. O protetor, Mescalito, lhe mostrou o mundo da felicidade, onde não há diferença entre as coisas, porque lá não há ninguém que indague pela diferença. Mas este não é o mundo dos homens. O protetor o sacudiu dali para fora e lhe mostrou como é que o homem pensa e luta. Este é o mundo do homem. E ser um homem é estar condenado a este mundo. Você tem a presunção de crer que vive em dois mundos, mas isto é apenas vaidade. Só existe um único mundo para nós. Somos homens e temos que seguir o mundo dos homens satisfeitos.
Como saberei se ao certo se o caminho tem ou não tem coração?
É possivel falar diretamente com o nosso coração. Muitas culturas antigas sabem disso. Podemos realmente falar com o nosso coração, como se ele fosse um bom amigo. Mas estamos muito ocupados com a correria da vida agitada que esquecemos essa arte essencial de fazer uma pausa e conversar com o nosso coração.
Quando lhe perguntamos sobre o nosso caminho atual, precisamos observar os valores pelos quais escolhemos viver. Onde empregamos o nosso tempo, nossa força, a nossa criatividade, o nosso amor? Precisamos olhar nossa vida sem sentimentalismo, exageros ou idealismo. Aquilo que estamos escolhendo reflete aquilo que estamos valorizando mais profundamente.
É preciso prescrutar a memória de todas experiências que estamos vivendo, e quando tiver uma reflexão concluída, olhe com muito cuidado para a qualidade dessas situações, veja bondade nos atos, nas palavras. Essas ações nós não colocamos num 'curriculum vitae'.
Eu fiz essa 'meditação com coração' e reflexionei profundamente sobre algumas vivências minhas. Uma experiência especial ficou marcada: Nas duas últimas semanas em que minha mãe fez a passagem, ela houvera caído no banheiro e foi hospitalizada. Então eu passei a tarde toda no hospital e comecei cantar músicas animadas pra ela, como ela era musicista acompanhava toda sorridente. Quando médico chegou, elogiou muito a alegria das cantantes. E eu disse para o médico que ela era a melhor mãe do mundo, ela chorou e disse que eu era a melhor filha do mundo. Ao terminar essa meditação, eu pude acessar a bondade presente naquele ato de 'cantar' que contagiou nós duas. Era verdadeiramente o 'caminho do coração'.
Esse 'caminho do coração' é para ser aplicado e questionado cotidianamente, construindo a maturidade espiritual. Deve tornar-se umachave sonora para acordar o ser adormecido mentalmente, pois o coração é intuitivo, dizem que é um caminho femenino, por isso ele tem uma leveza e uma suavidade impar.
Para Roberto Crema, nenhum está errado, todo caminho leva a algum lugar, pois as experiências vividas são elementos basilares para a maturidade. Mas, somente um tem o coração, esse é o segredo.
No mundo da vida, os seres humanos sempre perguntam: Quanto tenho na conta corrente ou poupança? Quantos carros encontra-se em minha garagem? O que eu construi? ou coisas semelhantes...
Deviam perguntar a si mesmo: Eu amei plenamente? Vivi plenamente? Aprendi a me desapegar? Creio que foram essas perguntas que os venerando seres fizeram a si mesmo. Eu rogo aos mestres que essa leitura toque seu coração e vibre em sua alma. Encerro desejando a todos força para seguir na trilha do coração. Vida em plenitude! Abraços ricos de coração.
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