COLUNA AFRODITE QUEM QUISER - ARTIGO
A revolução mais importante do nosso corpo foi a relação e o aumento da “eroticidade” (isto existe?). Muitos passaram nos séculos anteriores esquecidos dos encantamentos e jogos amorosos do corpo. Homens e mulheres desde pequenos ouviram a vida inteira: "isso pode" ou "isso não pode". Não fomos criados para cair nos braços de Eros, o deus do amor? Claro que fomos e somos.
E o problema não está sobre o que pensamos de nós, mas está sobre o que desconhecemos ainda em nós. E poucos são os que sabem que nascemos profundamente bem sucedidos entre quase todos os mamíferos. Aliás, nascemos como brotos de romãs, como disse o rei Salomão no Cantar dos Cantares. Impressionante este texto e está lá na nossa Bíblia com Sulamitas aromáticas e os muros do seu palácio.
Isso me faz lembrar de algumas mulheres que escuto dentro desse contexto entre almas e corpos. Mas convido-os agora a escutar esta parte tão importante de vocês, meninas e meninos, não minhas palavras. Convido-os a sentir e escutar seus corpos de âmbar e memória.
E lembrem-se, a vida lhes foi dada após um ato de encontro muito rústico e adocicado, um ato estimulante para uma direção que nos deu sentido estarmos aqui nesse diálogo. Sim, nós somatizamos um corpo de sentidos dentro de nós. Um corpo afetivo e enraizado para a evolução no amor.
E foi após o nascimento que o corpo do bebê entrou em relação com um outro corpo feminino, procurando a fusão e a unidade que ele acabou de perder. Então, o bebê cresce sobre uma corrente tumultuosa de desejos não revelados ou insinuados, excitação, prazer, êxtase, alegria, dilemas, arrependimentos, dor e esperança. Um dia torna-se um adolescente. Talvez impaciente. Mas preparado ao tilintar dos chamados esplêndidos e imperiais. Depois é que viramos essas correntes de homens e mulheres eletrocutados por termos esquecido dessa abordagem profunda, úmida e até túrgida sobre os corpos
Sim, temos baterias minúsculas e outras jóias vislumbradas pelos poetas e artistas. Um olhar honesto e sensível, uma palavra passada pela textura da pele e o tom dos murmúrios crescendo em camas ou lugares escolhidos no mundo inteiro. A vida toda é essa busca pelo leito das taças ou certas brisas cumpridas em suntuosos esconderijos. Todos necessitam se expressar nessas horas.
Mística e espiritual, o mundo complexo da nossa sexualidade insinua no ar os espelhos e energias divinas. A união dos opostos em todos os planos adotam movimentos e mistérios. Por razões práticas, dizem que mulheres se erotizam mais pelo que escutam e que os homens pelo que vêm ou podem tocar. Pode ser e pode nem ser. Há tantas escutas em nós.
Certamente, que alguns até ganham a vida improvisando o melhor possível o que se tem à mão, sem pensar muito no assunto e sem muita pompa, agradecidos pelos toques e afagos que restam e pela sorte imensa de ter a quem abraçar pela vida. Etiqueta nessas horas? Calma, talvez costas retas, uma opinião certa, mas aprendam a serem espontâneos e simples nessas horas. Os costumes e as idéias afrancesadas podem complicar a vida de muitos seres.
Mas desde sempre a humanidade tem recorrido aos virtuosos jogos de fertilidade. Empilham-se uns sobre os outros. Escorregam-se nas regiões mais rurais e afermentadas da cerimônia. Outros debatem-se nas redondezas mais macias. Por isso que por muito tempo, luteranos pálidos, calvinistas relativos e outros aspirantes à perfeição cristã viveram muito mal e ainda fizeram muito mal pra muita gente saudável, incriminando-os ao lendário "pecado original."
Para outras culturas orientais, a eroticidade é componente de boa saúde, inspira a criação e faz parte do caminho da alma, não está associada à culpas ou segredos expiatórios de Igrejas. No tantrismo a cópula é uma forma de meditação. Ambos, homem e mulher,contam suas respirações, enquanto os corpos se ligam entre si com serena elegância. Assim dá gosto meditar e não ficar falsamente só nas obras de caridade.
Mas os caminhos do pátio oriental é temível para muitos e suas filosofias desconhecidas pelo ocidente não permitiram os seres voarem nos seus tapetes. Talvez tendo vinhos, cócegas ou secretas métaforas, muitos amantes sofreram em suas histórias. Calculando quando poderão se abraçar. Mas com fôlego e repertório eles vencem o tempo.
Alguém já lhes disse que a conversa é o sexo da alma? Mas nada escapa ao olfato de um texto que pode abrir suas janelas.
Todavia, guardada como relicário de séculos, a literatura sempre trouxe seus ingredientes determinantes para tantos personagens e ainda desenvolveu muito bem a eroticidade contida em muitos dos leitores.
Todavia da torre de Babel de nossos corpos emergimos com hormônios, estimulantes, pinturas e outros estilos silvestres além da inocência dos coelhos. Entre nós, pouparíamos tantos terapeutas e até amigos ilustres se adotássemos melhor nossa natureza ao invés da nossa cultura imantada por crimes. Tantos se perderam em labirintos da história apenas porque desejaram se amar.
Agora, pais, mestres e fazedores do decoro magistral, saibam que nada poderá conter os seres que irradiam brilho, juventude e desejo. Existem dentro deles substâncias consideradas fatais e essencias nobres. Entre eles está a devoção, o ritmo, o estímulo, as excentricidades, a energia e os fôlegos. Respeitem seus jovens filhos nessa descoberta natural.
E, damas e cavalheiros, alguns malabarismos balsâmicos podem também dar renovadas chamas em vocês que estão tão cheios de quebrantos em suas colunas. Instalem outros programas para as suas cartesianas confusões.
Às vezes um espírito curioso quer apenas esgotar sua contida fantasia sobre uma humilde cadeira. Mas quem poderá mudar os amantes, meus amigos e amigas? Eles sempre se renovarão na confusão de braços e pernas. Por isso cultivem melhor as salas de suas casas. Falem de assuntos prazerosos e gozosos em vez das fatídicas novelas. Talvez poderíamos passar tantas informações em vez de sermões para os nossos filhos.
Cortem solenemente o pão urbano de suas mesas, desfilem suas robustas toalhas engomadas, mas não esqueçam das atitudes dos assuntos prazerosos e positivos do amor. Saiam de seus envoltórios originais. E não temam os travessos fantasmas que costumam visitá-los de seu inconsciente profundo. Seus sonhos dizem tanto.
E ainda aquelas amigas telepáticas ou até místicas lhes chamarão ao riso demasiadamente humano que passará a ser a sua vida. Vivam com atitudes de excelência em suas casas. Prefiram que seus medos saiam dos seus conventos pobres e descuidados. Saibam que amar é se conhecer.
Mulheres amem, mas saiam de suas tenções cotidianas. Floresçam em suas festividades por mérito de Eros. Ouçam um ruído diferente. Olhem-se no espelho. Sintam a brisa chegando. Expulsem os sombrios rescaldos da memória. Ponham asas na alma e olhos no infinito. O universo vai lhes responder carinhosamente aos seus desejos! Dispensem o controle, os padrões, o gesso. E, com uma certa e boa vontade, eduquem-se no amor e saibam que, o divino não tem limites!
Não esqueça desse algo que já é total por natureza.
Abraços para todos os leitores,
Cristina Guedes
Editora da Coluna AFRODITE QUEM QUISER
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Cristina Guedes é autora do Livro, QUANDO RIEM AS MAÇÃS - que reúne deliciosas crônicas e tiradas com humor sobre homens, mulheres, políticas tropicais e ainda traz a divertida e envolvente história da mineira Ritinha.
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