- texto de Joel Goldsmith - um curador cósmico que esteve encarnado entre nós...
O que o mundo necessita é de cura e renovação. O mundo necessita de homens que, pela sua entrega a Deus, sejam tão repletos do Espírito que possam tornar-se instrumentos pelos quais outros sejam curados; porquanto a cura é importante para todo o homem.
Ainda até o século passado, curar era considerado privilégio da classe médica; mas, no correr dos últimos anos, diversas igrejas também começaram a interessar-se por este assunto, de maneira que a libertação de sofrimentos psíquicos e físicos, bem como a harmonização de condições pessoais, são hoje consideradas tarefas tanto da igreja como dos médicos. As igrejas abrem suas portas para discutir a possibilidade de cura por meio de orações e outros meios. Criam-se organizações com o fim de estudar os diversos métodos curativos, abrangendo vastos sectores, desde a terapia espiritual até as curas psicológicas e mentalistas. Cada vez mais a cura pelo espírito está sendo discutida e praticada.
Quase que somos levados a crer que a medicina, dentro do próximo meio século, consiga debelar todas as doenças físicas até hoje conhecidas, de maneira que pouco serviço sobraria para os curadores espirituais, no plano dos males corporais.
Entretanto, a medicina não solverá os problemas da vida humana e do mundo e isto pela razão precípua por que o problema da humanidade não é, propriamente, um problema de doença. A doença é apenas um dos numerosos aspectos criados pelas desarmonias e dissonâncias da vida. O progresso da medicina não suplantará jamais a necessidade da cura pelo espírito; não creio que, mesmo que a cura física seja eficiente, os seus processos curativos consigam revelar ao homem a sua própria alma. Isto será tarefa do curador espiritual. Porquanto, faremos a experiência de que o homem continuará a sofrer todas as dissonâncias de carácter físico, mental, moral e financeiro. O homem não possuirá ainda paz em si mesmo.
Ninguém pode encontrar saúde externa enquanto não encontrar uma querência, um lar interno em Deus.
Ninguém alcança plena satisfação, mesmo em boa situação económica, enquanto não encontrar a sua comunhão interna com Deus.
A televisão não pode satisfazer a alma do homem.
Futebol e beisebol não são caminhos para encontrar a paz da alma e do espírito, nem são métodos convincentes para restabelecer a paz e a boa vontade entre os homens, aqui na terra. Não há nada de mal nestas coisas; elas têm o seu lugar e razão de ser mas nunca ninguém encontrou harmonia duradoura em jogos, danças ou televisão.
O homem só encontra verdadeira harmonia em seu ser quando encontra Deus, quando entra em uma comunhão interna com algo maior do que ele mesmo. E isto é a sua cura verdadeira e permanente. É esta a cura que o mundo busca. E é por esta razão que sempre resta um desassossego e uma insatisfação, mesmo que, neste momento, fossem resolvidas satisfatoriamente todas as tuas condições econômicas e relações sociais e fosses liberto de qualquer enfermidade física e psíquica. Por maior que seja a alegria que a tua família te dê quando, à noite, te retiras, te sentirás solitário, porque há em ti algo que tem saudades de casa, algo que deseja integração em um outro lar.
Por motivos vários procura o homem cura espiritual. Muitos a procuram por causa de doenças corporais, outros para solucionar problemas de ordem emocional, moral ou econômica; outros ainda por causa de uma inquietação interna que os atormenta, apesar de todos os sucessos externos que talvez tenham encontrado em sua vida. Cedo ou tarde, descobrirão eles, que nunca deixará de haver inquietação, tristeza e descontentamento enquanto não estabelecerem contato consciente com a Fonte da vida, nem mesmo em plena saúde e prosperidade.
Cura espiritual é muito mais que uma experiência meramente física ou psíquica; cura real é o descobrimento de uma comunhão interna com algo maior, algo muitíssimo maior do que jamais possa ser encontrado no mundo; é a experiência do nosso encontro com Deus, de uma paz espiritual, de uma tranqüilidade interior, de uma luminosidade de dentro e tudo isto nos vem com a conscientização de Deus, com a consciência da presença e da força de Deus em nós. Quando repousamos nessa maravilhosa paz, o corpo toma as suas funções normais, e essas funções se realizam, daí por diante, por uma força que não parece ser dele. E é então que o nosso corpo revela saúde perfeita e plena, força, juventude e vitalidade dons de Deus todos eles.
Cura espiritual é o contato do espírito de Deus com o do homem; a alma, quando tocada pelo espírito divino, desperta para uma nova dimensão da vida, uma dimensão espiritual e "onde reine o espírito de Deus, aí há liberdade". Isto não quer dizer que o espírito de Deus atue como medicina, como uma aplicação elétrica ou como uma operação, mas porque o espírito de Deus eleva o homem a uma nova consciência da vida; a um estado de consciência que o divino Mestre denomina "o meu reino, que não é deste mundo". Quando o homem atinge esse estado de consciência vive ele em uma nova dimensão da vida, além do estado tridimensional conhecido e faz experiências totalmente desconhecidas no plano comum da vida humana. É esta a meta que a humanidade demanda, embora não saiba nitidamente qual seja essa meta e quais os métodos que a ela conduzem.
Jesus revelou-nos um clarão dessa dimensão superior da vida, quando disse ao paralítico: "Queres ser curado?... Toma o teu leito e andal" Com isto deu a entender que Deus não ia curar uma doença física, mas que a doença não possuía, na realidade, nenhuma força nem uma influência restritiva; quer dizer que nada podia impedir o homem, embora sentisse um desconforto corporal. Quando o paralítico reagiu, deu a entender que acabava de entrar em uma nova dimensão da consciência, na qual o seu impedimento corporal deixava de ter poder sobre ele.
Quando tive a minha primeira experiência, não me interessava pela cura em si. Eu necessitava, sim, de cura cura de um resfriado; mas durante os dias, semanas, meses e anos anteriores a essa data não fora a cura o objetivo dos meus estudos e pesquisas. Não sabia o que era aquilo que eu buscava, e acabei por dar razão à minha mãe quando me disse que, eu estava procurando a Deus. Naquele dia especial em que se deu o acontecimento, a força motriz em mim não era o desejo da cura, embora eu esperasse ser curado, como de fato fui mas o que eu queria era achar a Deus.
Aconteceu-me então, dentro de 36 horas, coisa estranha: uma vendedora, que fazia parte do círculo dos meus fregueses, me asseverou que ela seria curada se eu orasse por ela. A única oração que eu até então sabia era uma reza infantil que minha mãe me ensinara; mas era evidente que disto não podia esperar nenhuma cura.
Ela, porém, teimava em repetir que seria curada, se eu orasse por ela. Assim, não pude deixar de fazer o que a mulher me pedia. E posso afirmar com satisfação que sempre fui sincero para com Deus; fechei os olhos e disse: "Pai, tu sabes que eu não sei orar, e menos ainda sei o que seja curar. Se há algo que eu deva saber, fala comigo". E ouvi então, como se uma voz me falasse com toda a nitidez: "Não é o homem que cura".
Era o suficiente para me satisfazer; toda a minha oração não ia além. Nada mais foi necessário a mulher estava curada.
No dia seguinte veio ter comigo um caixeiro-viajante com estas palavras: "Joel, não sei qual é a tua religião; o que, todavia, sei é isto: se orasses por mim, eu seria curado". Que fazer nessa conjuntura? Discutir? Não, a única coisa que eu podia fazer era dizer ao homem: "Fechemos os olhos e oremos".
Enquanto eu estava de olhos fechados e, aparentemente, nada acontecia, tocou-¬me ele e disse: "Maravilhoso! Todas as minhas dores se foram".
Acontecimentos dessa natureza se tomaram experiências diárias; de maneira que não estranhei muito quando, em uma manhã, cerca de 18 meses mais tarde, entrei no escritório, o meu sócio comercial me disse: "Tiveste 22 chamadas telefônicas, e nenhuma delas vinha de um freguês; todas eram de pessoas que te pediam que orasses por elas. Desejam ser curadas. Por que não tomas uma resolução?"
Fui à cidade e aluguei uns cômodos a fim de me dedicar à cura pelo espírito e é esta até hoje a minha ocupação.
Mas somente após anos de estudos, de exercícios práticos e de ulteriores revelações, me veio a resposta sobre o como do processo da cura espiritual. E esta revelação era tão diferente de tudo quanto eu ouvira e lera que tive a maior dificuldade em explicar a outros de que se tratava; bem poucos compreenderam o que eu procurava esclarecer. E ainda hoje estou na face da mesma dificuldade; é porque a cura pelo espírito é algo tão estranho, tão revolucionário, tão diferente do modo cotidiano de pensar, que é difícil ensiná-la ou comunicá-la a outros.
É inegável que para muitos, mesmo para homens inteligentes, é difícil compreender o segredo da cura espiritual.
Há uns anos fui chamado a um hotel, onde uma mulher estava para morrer. As pessoas da sua família não tinham noção alguma de coisas extra-sensoriais nem acreditavam em tais coisas; mas, quando se convenceram de que já não havia esperança em recursos médicos, concordaram com a ideia de um tratamento de caráter espiritual. Depois de passar um tempinho à cabeceira da doente, desci ao hall, onde algumas pessoas da família me esperavam. Um dos homens me pediu que esperasse mais um pouco; atendi a seu pedido, pensando que quisesse ouvir de mim uma palavra de consolação.
A conversa abriu com a afirmação categórica: "Naturalmente, nós sabemos que não há nenhuma esperança de cura, uma vez que é fato notório que doenças dessa natureza são incuráveis". Em face do meu silêncio, acrescentou ele: "Não é também esta a sua opinião?"
A minha resposta foi a seguinte: "Não acha o senhor que nos deveríamos entreter, primeiramente, ao menos por cinco minutos, sobre a teoria de Copérnico, para termos clareza sobre isto, antes de tratarmos do problema da doença?"
Ele me encarou, estupefato. "A teoria de Copérnico? Que é isto? Que tem que ver isto com o caso? Que é isto?"
"O senhor nunca ouviu falar disto?"
"Não, nada sei dessa teoria".
"Nada mesmo?"
"Não, nada. Sobre isto não posso discutir. Não tenho a menor ideia disto".
"Mas, isto não impede o senhor de falar sobre esse assunto. O senhor também não sabe nada sobre cura espiritual e sua relação com a doença e, no entanto, se sente autorizado a emitir parecer sobre isto"...
Essa atitude em face da cura espiritual é típica para muitos que acham este assunto inconcebível e diametralmente oposto a todo o bom-senso da inteligência humana, coisa que lhes parece totalmente absurda. Acham que a cura pelo espírito ultrapassa todo o entendimento humano, uma vez que todas as experiências da humanidade são contrárias a ela.
Há um só caminho para o homem aprender os princípios básicos em que repousa a cura espiritual, e este caminho se abre quando alguém sente em seu interior a certeza, e depois começa a perceber a harmonia que se revela na própria vida do homem.
Aquele que experimentou, mesmo em pequena escala, uma cura espiritual em sua própria pessoa, tem plena clareza de que o caminho para a cura total de espírito, corpo e alma, se abriu diante dele. No momento em que alguém se torna instrumento pelo qual outro recebe cura mesmo que se trate apenas de uma simples indigestão ou de uma ordinária dor de cabeça é isto uma prova de que há uma presença, uma força; entramos em contato com um Algo, que transcende a capacidade ou inteligência humana. E isto quer dizer que, a partir daí, o nosso trabalho deve consistir em continuar a procurar, intensificando a consciência dessa presença e fazendo exercícios práticos, até que venha a compreensão, seguida da verdadeira realização.
Quando os irmãos Wright conseguiram manter no ar o seu avião por apenas 57 segundos, lançaram os fundamentos para o problema das viagens aéreas para todos os tempos. Era inevitável que, finalmente, a humanidade fosse capaz de viajar pelo espaço com a velocidade de centenas e milhares de quilômetros por hora. Parece mesmo que, de fato, não há nenhum limite para a velocidade que o homem possa alcançar. Quando o primeiro automóvel conseguiu cruzar, com sucesso, uma rua, solveu o problema do transporte dessa natureza, e a era do cavalo e da carruagem declinou para o ocaso.
Coisa análoga acontece no momento em que o homem vive a sua primeira experiência de uma presença ou força extra-sensorial, quando percebe aquele Algo que se pode chamar Deus, Espírito, ou Cristo; é o sinal para um novo início, e o homem sabe que, mais dia menos dia, ele poderá dizer como Paulo: "Já não sou eu que vivo, o Cristo é que vive em mim": ou como Jesus: "De mim mesmo nada posso fazer... quem faz as obras é o Pai que em mim está".
Não é de muita importância que nós, tu ou eu, realizemos muitas coisas, nos 70, 80 ou 90 anos da nossa vida; mas é, para a humanidade, de imensa importância que o homem individual possua uma certa medida de saúde, harmonia e paz interior, de onde derivem a sua satisfação, a sua alegria, a sua prosperidade; importa que ele seja a luz do mundo, estímulo para outros, a luz que os encha com a mesma esperança, com o mesmo zelo, com a mesma boa vontade para dedicarem algumas horas diárias ao conhecimento de Deus.
Desta arte, se concretiza a cura espiritual na consciência, acendendo uma luz, aqui e acolá.
Facilmente nos esquecemos da influência que a vida de um único homem pode exercer sobre os outros. Um único momento em nossa vida pode ser de importância decisiva. Muitos terão feito experiências parecidas com a que eu realizei no fim do ano 1928, quando fiz uma meditação em companhia de um verdadeiro iluminado e veio sobre mim o espírito e me elevou acima daquilo que se chama "o mundo". Depois deste acontecimento, as coisas do mundo perderam para mim a sua força de atração. A partir daí, toda a minha vida se desenrola no ambiente dos livros sacros e do meu Eu interior, auxiliado por escritos filosóficos e místicos e pela comunhão com pessoas que trilham a senda espiritual. Todo o resto da minha vida se eclipsou.
Essas duas horas transformaram toda a minha vida. Quando me retirei, tinha recebido a iluminação que me tirou da vida do comércio e me iniciou na missão de curador espiritual, vida que, a partir daquela hora, decorre através de um progressivo desenvolvimento até hoje. Quem poderia medir o valor do encontro naquele dia? Não há medida para o imensurável.
Entretanto, impossível teria sido aquela experiência decisiva se ela não fora precedida por treze anos de leitura dos livros sacros, de escritos místicos, de orações e súplicas a Deus: "Fala me, ó Deus! Fala me! Inspira me!... Faz algo para me fazer saber que tu existes!"... Cada um dos pormenores dessa incessante busca contribuiu para me preparar para esse minuto único, que transformou a minha vida toda. Ninguém sabe em que momento a sua vida começará a mudar, quando ele entrará em contato com o homem, com a mensagem, com o livro que lhe abrirá a alma"'. Quem se julga por demais insignificante para isto, não deixe de evocar a lembrança de um ou outro dos homens que inspiram a geração presente ou vindoura. Que ilimitada influência sobre a saúde e harmonia da tua vida se manifestaria se soubesse que essa transformação depende da tua irrestrita entrega a Deus, através do teu pensar, meditar e amar!
A redenção do mundo pela cura espiritual virá, em última análise, através de um homem individual, tu e eu, aqui e acolá, através dos frutos da vida de alguém que leve um amigo ou conhecido a buscar compreensão espiritual, compreensão que, por fim, se estenderá até ao mais distante habitante da rua, até que também ele resolva fazer o mesmo.
Cada homem individual é um fiozinho nessa trama, um elo nessa cadeia. Cada um é um raio parcial dessa luz universal. Ninguém pode ser mais do que isto. Um é usado aqui, outro acolá. Cada um contribui com a sua parcela para completar o Todo. Toda a vez que se realiza uma cura, em ti ou em outro, é um benefício para a humanidade. Cada cura individual aproxima o mundo do recebimento da luz espiritual.
Para compreender o mistério da cura espiritual, deve o homem saber, necessariamente: 1) que Deus é uma realidade; 2) que Deus é uma realidade benéfica que a sua essência é amor e sabedoria, cuja função consiste não só em crear imagens à sua semelhança, mas também em conservar nessas imagens a semelhança divina; para este fim, Deus protege a sua imagem humana, dando-lhe harmonia, integridade, acabamento e perfeição final. È esta a verdade sobre Deus. Mas isto não quer dizer que cada homem individual, tu ou eu, sejamos necessariamente beneficiados por essa essência creadora e conservadora de Deus; a nós, para sermos realmente beneficiados por esse Deus benéfico, nos resta fazer ainda uma coisa: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
A obra de Deus está realizada. A obra de Deus está realizada desde o início, desde toda a eternidade; 2 x 2 já são 4, sempre foram 4; mas, para que este fato objetivo produza em mim o seu efeito subjetivo, devo eu estar consciente dele; devo ter a experiência desta verdade. O telégrafo, o telefone, a aviação, o rádio, a televisão colorida, já eram possíveis milhões de anos atrás; os princípios fundamentais de toda e qualquer invenção sempre existiram; tinham de esperar apenas por um Morse, um Edison, um Kettering, um Marconi, um Curtis, um Orville, um Wright, um Fermi ou Einstein, ou outro, chamados a revelar esses princípios que subjazem a essas invenções revolucionárias.
Toda música, toda arte, toda literatura tudo quanto foi jamais conhecido, ou será conhecido em séculos ou milênios futuros, tudo já existe desde o princípio. Compete-nos a nós aprender o modo como nos tornarmos conscientes desta realidade. Devemos descobrir a creação de Deus, que sempre existiu. A obra de Deus está terminada, plena e perfeita mas ela se desdobra sem cessar em cada um de nós, de acordo com a medida da nossa conscientização, da experiência consciente que tivermos deste fato e da medida da harmonia pela qual o revelarmos em nossa vida. O próximo passo a ser dado, não depende de Deus, mas depende de cada um de nós.
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