O PODER DO VENTRE DA MULHER
LA FEMME
Autoria de Carolina Salcides
Uma só alma
Duas mãos
Dez garras.
Dois pés
Duas asas
Mil instintos
Quatro patas.
Muitas dores.
Muitos mistérios.
Uma só mulher
Muitas faces e fases...
Muitos sonhos e amores.
Um corpo.
Ciclos Femininos
Desde a fecundação do óvulo e do espermatozóide dentro do ventre de nossas mães, percebemos que existimos através da união do homem com a mulher pelo sexo, certo? E nós, ainda fetos e totalmente dependentes das geradoras (mães), estamos lá protegidas como a borboleta no casulo, somos nutridas, dormimos muito, descobrimos que o mundo à nossa volta é cor-de-rosa e quentinho, aconchegante e cheio de sensações. Aos poucos descobrimos que temos dedo e o levamos à boca, somos primeiramente femininas até que forma-se a parte externa do nosso sexo, a vagina, o que nos define como mulheres definitivamente.
Somos muitas vezes queridas, outras nem tanto, porém precisamos nascer, descobrir outro mundo, muito maior e cheio de desafios do que aquele em que estamos. Nascemos, damos nosso primeiro respirar sozinhas e somos levadas ao seio da mamãe, desta vez para nos alimentarmos do leite que sai dela e temos nosso primeiro contato com o externo, saímos do ventre e vamos bem pertinho do coração para mamar.
Deixando as fraldas e mamadas de lado (com mamadeira ou não), aprendemos que não podemos sentar de pernas abertas, o que não é nada fácil para uma criança porque para isso ela precisa se mexer o menos possível e permanecer com os músculos da perna tencionados; que não deve deixar a calcinha à mostra, que nosso sexo é coisa feia... E quando colocamos a “mão lá”, então, nem se fala! Só escutamos o famoso “tira a mão daí que é feio... você vai apanhar!”.
E nós, menininhas, crescemos com a “impressão” de que somos alienígenas, que o mundo não nos quer, que somos mais fracas, sensíveis, choronas como se todas essas características não fossem necessárias para nossa formação como seres humanos que fazem parte de uma mesma Mãe Natureza.
Na adolescência essas diferenças necessárias tornam-se mais evidentes porque passamos a menstruar (da menarca à menopausa), ou seja, sangrar todos os meses; o que muitas vezes não é dito é que esse ciclo de nascer (produzir o óvulo e o revestimento do útero para recebê-lo), morrer (eliminar o óvulo não fecundado) e renascer (produzir mais óvulos), como a lua em todas as suas fases, é o primeiro grande passo na vida de uma menina para se tornar mulher.
Através desse processo nós podemos gerar uma nova vida nos tornando mães. Quando esse ciclo começa a oscilar entramos no climatério, as sensações se misturam entre calafrios e calores até que ele finda definitivamente na menopausa nos tornando as doadoras de sabedoria e experiência vivida.
A mulher e seu corpo
Conforme nós, meninas, crescemos nosso corpo passa pelas transformações necessárias para nos tornarmos mulheres e uma das principais mudanças é a menarca, ou seja, a primeira menstruação. A partir daí tudo se modifica.
Sabemos que nós, mulheres “normais”, menstruamos a cada mês e reconhecemos na maioria das vezes que isso é um sinal de saúde e que não estamos grávidas, ufa! Produzimos nossos óvulos, ora de Afrodite, ora de Demeter, para sangrarmos ou gerarmos conforme nossa vontade. É interessante, não é? Pois o Dr. Nelson Soucasaux em seu livro “Novas Perspectivas em Ginecologia” informa que algumas de nós valorizam mais a natureza afrodisíaca e outras a maternal, o que significa que em nós há uma dualidade entre o erótico e a maternidade.
Nosso corpo passa por mudanças drásticas quando engravidamos, o que para muitas pode ser um rompimento doloroso com o ser feminino devido ao auto-erotismo e à estética; para outras é sinônimo de felicidade ver a barriga crescer gerando uma vida. A negação do nosso lado fêmea também pode ser uma das causas da impossibilidade de gerar, de engravidar naturalmente.
O Ventre
Sabe aquela barriguinha localizada um pouco acima do púbis que ás vezes nos incomoda quando colocamos uma calça de cintura baixa ou quando vestimos o biquíni e que aparece linda e generosa no espelho? Pois é! Aí é que está nosso sagrado útero bem como nossos órgãos femininos internos responsáveis por nos dar o gênero de MULHER. Portanto, quando dizemos que queremos eliminar a barriguinha estamos amaldiçoando nosso “vaso sagrado” e tudo o que ele contém.
Do ponto de vista psicossomático isso pode gerar as famosas cólicas menstruais, dores no ato sexual, as prisões de ventre, dentre outras manifestações negativas em nosso corpo porque nosso receptáculo está em desarmonia com um falso senso de estética.
Reconhecer nosso ventre como centro de nosso poder feminino é estar em harmonia com a Deusa Interior. Por ele passa um friozinho toda vez que nos aproximamos do amor, ou quando estamos em perigo; ele nos dá vários sinais de cumplicidade e abriga a nova forma de vida.
Tocar o ventre é um ato de amor com a própria natureza feminina, experimente massageá-lo todas as vezes que sentir sua auto-estima baixa. Seu corpo agradece!
Sugestão de livros sobre o tema do Sagrado Feminino:
- “A Tenda Vermelha”, Anita Diamant, Editora Sextante
- “Os Órgãos Sexuais Femininos: Forma, Função, Símbolo e Arquétipo” e
- “Novas Perspectivas da Ginecologia”, ambos de Nelson Soucasaux, Editora Imago
- “A Inteligência Hormonal da Mulher”, Dr. Eliezer Berenstein, Editora Objetiva
- “A Tecelã”, Bárbara Black Koltuv, pH.D., Editora Cultrix
- “O Legado da Deusa – Ritos de Passagem para as mulheres”, Mirella Faur, Editora Rosa dos Tempos
- “Mulheres que Correm com os Lobos”, Clarissa Pinkola Estés
"A Deusa que há em mim saúda a Deusa que há em voce"
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