O TEMPO VOA

[Luiz Soares da Silva]

Luiz Soares das Terras Nordestinas.

Comparativamente parece que foi ontem quando começávamos a ter ideia das grandes modificações que o planeta e toda a sua cobertura animal e vegetal entrariam no processo de ascensão.

Lembro com certa nitidez da visão e percepção de como iriamos nos comportar e assimilar algo novo, como forma de nos transportarmos e convivermos com a 5D. Olhávamos e tentávamos nos situar no tempo hoje e toda a sua plenitude do amanhã. Confesso que, mesmo vendo procura olhar e deduzir como tal processo iria acontecer.

O ponto de referencia para nós inquilinos do meio rural acostumado a curtir uma noite estrelada começamos a distinguir que algo começava a mudar. O Cruzeiro do Sul ia gradativamente mudando de posição. Algumas estrelas acompanhavam a dança do universo. O Sol foi e não mais voltou para o seu ponto de referencia. O período invernoso que acreditava ser antecipado, que nada foi empurrado para mais adiante. Hoje se constata chuvas torrenciais em pleno mês de julho.

Os insetos agora é que começa a mudar a entrada das suas moradias, voltando à porta para o lado do nascente. A jurema agora é que começa a sua linda florada. O cumaru deu sinal de vida nos presenteando com uma incontestável floração, além de outras plantas. As formigas não mais formam trilhas transportando e armazenando a folhagem, para o alimento do fungo que as alimenta, no período de verão.

A vida para todos nós começou a ter um significado bem diferente. A materialidade vai aos pouco voltando para o seu lugar e, passando a ser apenas um utensílio que nos facilita os desafios de todos os dias. A nossa mente vai ficando mais aberta, mais transparente. As nossas ações são mais conscientes. Fluem em nós a paciência e a sabedoria. Neste somatório emerge da massa apática o sentido pleno da Consciência Coletiva, mesmo ainda se constatando algumas contradições.

A mãe Terra trabalha silenciosamente e consistentemente na sua limpeza que vira como resultado uma nova e brilhante roupagem. Os meteoros cruzaram o céu anunciando o chegar dos novos tempos. As duas forças se juntam para nos mostrar o poder do vento e da água. É preciso lavar toda a sujeira, sucumbir terras secas e fazer emergir uma vegetação há muito encoberto por toneladas e toneladas de gelo. As montanhas estão sendo desnudadas, o calor sufoca e a sensação termina obriga a que olhemos e possamos observar o que está acontecendo.

A partir de julho até o final do ano muito ainda haveremos de vivenciar. A irradiação solar vai ficando mais intensa. O dia vai se tornando mais curto e as noites mais longas. Em alguns momentos chegamos a nos comparar como os insetos que mudam de fase de uma forma maravilhosa, sem perder, entretanto a sua função dentro do mundo natural.

Especificamente, nas Terras Secas do Nordeste Semiárido pedimos que haja sempre as nuvens para possibilitar a lida no campo diariamente. Sem nuvem com o céu totalmente descascado é um suplicio executar as tarefas que a produção irrigada exige. As pessoas só ficam com os olhos de fora, como diz a sabedoria do matuto. O vaqueiro já não usa mais o seu gibão, sob pena de cozinhar vivo. As plantas exigem mais água para compensar o que vai evaporando, mesmo sendo irrigadas.

Só a observação pode constatar que o tempo corre para um lugar que há muito nos foi selecionado. A corrida é individual. A maratona já esta a pleno vapor. O percurso tem começo; mas, de certa forma não podemos precisar onde fica a placa da chegada. O importante é que estamos sim, participando deste grande jornada. Que sabe comparativamente atravessando o mar, com o sentido de chegar a outro novo mundo, dentro deste velho mundo.

Sucesso e coragem. Abraços fraternos do Luiz Soares.