É POSSÍVEL RESISITIR, NÃO MUDAR POR FALTA DE AUTOESTIMA E ACEITAÇÃO?

[JORGE LUIZ DE OLIVEIRA BARBOSA]

É POSSÍVEL RESISTIR, NÃO MUDAR POR FALTA DE AUTOESTIMA E ACEITAÇÃO?

 

            Escrever sobre autoestima, autoaceitação e resistências é um grande desafio, pois estamos falando sobre assuntos que estão inerentes a todos os seres humanos. Quem nunca acordou pela manhã e literalmente se achou a pior pessoa do mundo? Quem nunca se cobrou por algo que fez ou deixou de fazer? Quem nunca recuou diante da mudança, relutando em alterar regras, hábitos, sentimentos, formas de ver e interpretar o mundo?

            Acredito que todo o ser humano, ao menos em um momento da vida já viveu algo semelhante.

            Pois bem, quando falamos de autoestima estamos falando do primeiro amor que deveríamos sentir por alguém: nós mesmos. Essa é a primeira regra que devemos quebrar dentro de nós, pois aprendemos que ao cuidar de nós mesmos, nos colocando em primeiro lugar, isso se caracterizaria em uma atitude de alguém egoísta. Aceitar que devemos ofertar o que temos primeiro por nós mesmos (“ame teu próximo, como a ti mesmo”, Jesus Cristo) as pessoas que estão ao nosso redor provoca um choque inicial. Como é possível amar outra pessoa se não consigo sentir verdadeiramente esse sentimento por mim mesmo? Olhando sob essa ótica, fica contraditório a nossa ação de fazer tudo pelos outros, de esquecermos-nos de nós mesmos. Pior, buscando a sua aprovação social, seu afeto e apoio, como se quiséssemos ouvir delas: muito bem... continue assim... assim que gosto...

            Segundo Dra Olga Inês Tessari: Autoestima é a capacidade que uma pessoa tem de confiar em si própria, de se sentir capaz de poder enfrentar os desafios da vida, é saber expressar de forma adequada para si e para os outros as próprias necessidades e desejos, é ter amor próprio... Em suma, é saber que você tem o direito e merece mesmo ser feliz! E para ser feliz, sua autoestima deve estar num bom nível, quanto maior, melhor! A baixa autoestima gera ansiedade, medo, depressão, fobias,... enfim, uma série de outros problemas!

            As pessoas costumam confundir autoestima com egoísmo! Uma pessoa com boa autoestima nunca é egoísta! Ao contrário!!! Aquele que ama a si próprio, respeita-se e, automaticamente, respeita as outras pessoas e jamais desejará prejudicá-las. O egoísta, por sua vez, só pensa em si próprio, nunca se importando com ninguém!!

            Precisamos olhar de frente um sentimento decorrente da falta de amor por si próprio que bagunça muito a nossa vida: carência. Infelizmente ou felizmente (depende da sua interpretação) o ser humano é carente, ele quer atenção, ele quer carinho, ele quer ser paparicado, ele quer se sentir especial, ele quer se sentir único e insubstituível. E, para muitas vezes ele conseguir tudo isso, ele faz antes, esperando o mesmo em troca. A partir desse instante, a frustração e decepção estarão fadadas a emergir, porque as pessoas não são responsáveis por nos fazer felizes, nem agir como achamos que elas deveriam. Nós é que deveríamos nos assumir e agir coerentes com quem queremos realmente ser. 

            Para que possamos ser realmente felizes, precisamos aceitar esse fato. Aceitar não apenas o que acontece em nossa vida, ao nosso redor, mas começar o caminho da autoaceitação. Essa atitude implica escolhas da nossa parte. Provoca um olhar mais aprofundado em quem somos hoje e o que queremos nos tornar, atrair para perto de nós. Facilita muito a aceitação do outro como ele é, é uma das chaves para uma vida equilibrada, saudável, próspera e feliz. Ao aceitarmos como as coisas e pessoas são, não lhes impondo nossa maneira de ser e agir, facilitamos o caminho para a conquista de realizações, pois na verdade, nos aceitamos como somos.

            Quando nos aceitamos conseguimos olhar de frente nossas fraquezas. Quando estamos de bem conosco, estamos fluindo pela vida, sem cobranças de ser forte ou fraco, sem se importar em como as pessoas lhe veem. Assim, a vida fica leve, sem cobranças de sermos desse ou daquele jeito. Apenas devemos ser quem somos, nada mais. Quando nos assumimos, permitimos que toda a nossa beleza interior venha para fora. Quando isso acontece, inspiramos as pessoas a fazer o mesmo, nem que seja pela crítica (teoria do espelho: aquilo que o outro é aflora algo que eu poderia ser ou fazer também). 

            Precisamos nos conscientizar que toda decisão implica em escolhas e nem sempre elas vão ao encontro do que os outros esperam ou querem de nós, mas elas precisam ir ao encontro de quem nós devemos ser realmente.

            É comum, após muitos anos de comportamento da mesma maneira (autodepreciativa, baixa estima, não se valorizando, não se aceitando, não se respeitando...) as pessoas estranharem quando mudamos nosso foco delas para nós. Lembra que falamos que o ser humano é carente? Pois é, acabastes de mostrar isso para esse alguém, quando deixastes de cuidar dele. Precisamos compreender essa dinâmica, de que quando somos felizes iremos, mesmo que sem querer ou perceber, aflorar essa mesma necessidade de se amar nesse alguém.

            Passado o primeiro susto diante da necessidade de mudar o foco dos outros para si mesmo, é preciso ficar muito atento às leis que criamos quanto a nossa forma de sentir, de pensar e agir que podem nos levar há um autoboicote da nossa felicidade. Sim, podemos sucumbir aos comentários e situações alheias se não estivermos firmes e convencidos de dentro para fora da necessidade de mudar. Trata-se da resistência ao novo que possuímos em nosso interior, acomodado em sua zona de conforto.

            Todo o ser humano possui em algum setor, tema da sua vida alguma regra que considera ser certa, que norteia sua existência, determinando assim, como a sua história será escrita. Alguns se colocam no papel de atores coadjuvantes, outros, de principais. Porém, é esquecido da única coisa certa dessa existência: a mudança. Para mudar é preciso aceitar a necessidade de rever conceitos, não resistir a esse movimento, adaptar-se há um novo momento que lhe pede: vamos em frente?

            De tempos em tempos somos convidados a encerrar ciclos, seja na forma de pensar, seja na forma de nos sentir ou de agir. Em meio a isso tudo, os aprendizados afloram o que devemos fazer daqui por diante.  Portanto, em meio a todo esse processo de evolução a autoestima se torna um grande pilar para subirmos nosso próximo degrau. Nesse ínterim, o não aceitar, o resistir, são grandes empecilhos para sermos realmente quem somos e alcançarmos uma existência como realmente merecemos. Enfim, pare de brigar com a vida, aceite ela, ame quem você é, permita-se mudar, sem ter medo de errar, afinal, ninguém busca intencionalmente errar quando toma decisões, e sim, quer acertar e ser feliz. lembre-se: resistir só nos leva a aprender pelo sofrimento o que antes podemos escolher aprender pelo amor.

 

 

ALINE SCHULZ é Terapeuta Holística com Formação em Psicoterapia Reencarnacionista