PRIMEIRAS IMPRESSÕES DO
“CAMINHO DAS LÍNDIAS”
A dualidade na TV
Como tudo na vida, observamos através da Lei da Dualidade, as “duas faces da mesma moeda”: o lado positivo e o negativo, que no caso da eletricidade permite que tudo possa funcionar, que uma lâmpada possa acender, que possamos inclusive ligar o aparelho de TV.
Assim vemos em todos os ramos da atividade humana, em todos os aparatos educacionais, científicos, religiosos e tecnológicos, duas funções utilitárias que não dependem desses artefatos: o lado humano moral ou imoral, certo ou errado, sublime ou banal, construtivo ou destrutivo, difícil ou fácil: não depende em nada dos objetos exteriores ao homem: em verdade a utilidade ética, ou aética, humanitária ou não, não se encontra do lado de fora do ser: somos nós que damos a utilidade nobre ou não nobre para todos os bens materiais com que lidamos: ou construímos uma mata ou depredamos a natureza. Ou construímos um remédio ou um veneno: o futuro promissor da humanidade, cada qual com sua parcela, conscientizada por menor que seja, de colaboração pacífica e positiva faz pequenas, porém grandiosas diferenças: ou contribuímos para aumentar ainda mais o caos e a crise generalizada que hoje se vê, ou arregaçamos as mangas e trabalhamos...esquecendo (mas sem alienação) crises e maledicências que entorpecem a mente do homem. Depende de como usamos nosso livre-arbítrio.
A TV é boa para nós? Sim e não. Se a soubermos utilizar com espírito crítico e seletivo, se, como tudo, soubermos separar o joio do trigo. E o que dizer das novelas atuais? – A mesma coisa. O que se torna inadmissível é simplesmente assistirmos uma novela, um seriado, um jornal ou um programa de entrevistas, até as propagandas, sem que as possamos fazê-las passar pelo crivo de nosso discernimento. De nossa consciência. Cada um com as “peneiras” que se dispõe, ou seja, cada qual no seu nível evolutivo próprio. Com o nível de conhecimento que dispõe. Porque, se “engolimos” tudo o que vemos e tudo o que é passado na telinha da TV, corremos riscos mesmos sérios de incorporar para nossa vida, nossos hábitos e pensamentos, exatamente o que “eles” querem que vivamos e o que é pior: o que eles querem que compremos, e pior ainda: como e o que devemos pensar! Sabe as mensagens sub-reptícias? As técnicas de marqueting utilizando a PNL – Programação neuro-lingúística? Programação neuro-visual/auditiva? Você já percebeu, por trás do enredo das novelas, p.ex., o jogo inescrupuloso de enganchamento dramático com efeito psicomarketing que, sem cerimônia invade e se instala desaforadamente em seu subconsciente? Sim? Não? E “que bicho é esse” que estamos falando? – Dos milhões e milhões de telespectadores assíduos da telinha, quantos por cento pelo menos já ouviram falar de tais técnicas e recursos? – Será que apenas identificamos os rótulos e marcas de produtos apresentados pelos personagens... Com nomes comuns?
Vamos agora caminhar um pouquinho sobre as areias algo movediças do primeiro (e último?) capítulo da nova novelinha dentro do foco de reflexão que nos caracteriza. O trânsito em sua cidade está caótico? Imagine carroças, motos, elefantes, camelos, vacas, cavalos e cachorros, ônibus, bicicletas e assemelhados, muita gente, todos dividindo o mesmo e exíguo espaço em alguma área urbana! Alguém, ao sair de casa não pode passar pela sombra de uma viúva: isso lá é “mau augúrio”. Também não pode passar pela sombra, muito menos tocar em alguém de casta inferior: Deus não os criou... E os casamentos? E os hábitos de oração altamente discriminativos... Não somos absolutamente todos nós filhos de Deus? E a arrogância e desprezo das castas “mais elevadas” pelos trabalhadores braçais?
Ao vislumbrarmos diferentes realidades culturais, podemos por em evidencia, quiçá com maior facilidade, as superstições e o nível de ignorância do povo, incluindo aqui a “classe dominante” e a “classe dominada”. Eterna contingência humana neste nosso mundo. Mas se os olharmos, olhando também para nossas cismas, preconceitos, superstições e manias culturalmente instaladas, podemos ver assim os dois lados da mesma moeda, tanto no Rio de Janeiro quanto na Índia, tanto dentro quanto fora de nós. Porque o oriente completa o ocidente e o ocidente completa o oriente, como o homem completa a mulher e a mulher completa o homem. Como a própria vida completa a morte e a morte completa a vida, como o céu completa a terra e a terra completa o céu...
A vaca lá é sagrada? Ninguém as toca na rua? – Não, não é bem assim. Trata-se do respeito fundamental a qualquer forma de vida, preconizada pelos Mestres – indianos ou ocidentais. Respeito à vida muito mal compreendida pela população que leva ao pé da letra e assim distorce a essência dos verdadeiros ensinamentos dos Mestres. Autoflagelação por “yogues”? Não, não, não é por aí. O que se pretende mostrar é a maravilha da autodisciplina e do autoconhecimento. Não a autotortura, mas o domínio do corpo, da mente e das emoções como condição básica para se avançar no caminho evolutivo espiritual, mental, anímico, como condição para se avançar rumo à iluminação. A níveis maiores de perfeição na condição humana. Assim vemos a mesma coisa acontecendo pela ignorância e manipulação tanto dentro de cleros reservados do “cristianismo” ocidental, quanto no oriente.
Mas e o lado positivo e belo? Mulheres e homens belos, adornados, interessantes... Nova cultura, cores vistosas, dedicação diária aos seus respectivos credos e crenças, das mais variadas linhas espirituais... Como também por aqui: quase a mesma coisa.
Portanto, penso, as primeiras impressões do “Caminho das Líndias”, com destaque para a sempre boa atuação de nossos atores, com destaque das maravilhosas paisagens, desde o Taj Mahal (que tem uma história linda de um grande e riquíssimo rei que o ergueu em homenagem ao seu amor eterno – sua esposa) até o interior das residências confortáveis e luxuosas.... Mas também a imensa maioria da classe dos trabalhadores “de baixa casta” que dão sustentação à riqueza – lá e cá, nos deixam encantados e admirados como, de forma culturalmente diversa, acontece como sempre as incríveis semelhanças culturais e de mentalidade de povos aparentemente tão distintos. Aqui vemos, pelo menos de passagem, que o enredo da novela, como de tantas outras, muitas vezes encontra-se em segundo ou terceiro plano para o telespectador encantado, porém atento. Uma bela e grande produção. Mas, como a arte tenta imitar a vida e as vezes o contrário, que cada um possa embeveser-se, usufruir das situações e dos cenários, mas a atenção para as falácias sociais que se pretende mostrar é indispensável.
Use sua “peneira”: ao ver os fatos, paisagens, realidades e enredos, olhe com atenção para dentro de você mesmo. Assim você verá as verdadeiras cores dos fatos: lindos, estampados na alma, coloridos, brilhantes, ritmos espetaculares, ou... O que infelizmente acontece lá e cá: O contraste cinzento e amaecido de cores cinzentas que se encontram dentro de cada pessoa, de cada sistema religioso, político ou econômico, social e educacional. Às vezes, caro amigo, é preferível ser uma ovelha negra na humana família e ser “branco” por dentro, do que ser uma bela ovelha branca aos olhos de todos, e ser “preto”, esmaecido por dentro... E ovelhas se transformam em lobo mau humano, quando em sua alma ainda não formada e consolidada no colar básico das virtudes e moralidade universal humana, passando-se por cordeiro...O que isto nos lembra? A política e a politicagem? O poder transitório econômico malversado de indivíduos e das multinacionais como também da empresa ali da esquina? A pregação de pseudopastores de templos e igrejas altamente manipuladoras do inocente útil? O fanatismo - em vários graus – das religiões e seitas que ao provocar o separatismo humano e não a inclusão social e solidária do semelhante do homem se fazem muitas vezes piores do que as guerras e os fomentadores dessas?
Sempre é bom refletir. No “Caminho das Líndias” como em tantos caminhos, fica aqui a sugestão: Que possamos todos os dias caminhar para dentro de nós mesmos, percrutando-nos, autoconhecendo-nos, autosuperando-nos. Tentando fazer contato com o DEUS que habita no mais íntimo de absolutamente cada um de nós.
E a diversão? E a felicidade? Como bem diz um provérbio popular: “Às vezes procuramos a felicidade como quem procura os óculos na testa”...
E que, assim, possamos divertimo-nos atentos e relaxados com a excelente produção televisiva. “Olho na telinha!” Mas, principalmente, olho em sua alma, mente e coração!
Ivanildo Falcão da Gama – Caldas Novas (GO), 20 de janeiro de 2009.
Vando: emamoreluz@gmail.com - www.supraconsciencia.blogspot.com
Você precisa ser um membro de Anjo de Luz para adicionar comentários!
Entrar em Anjo de Luz