Eu sei que não preciso de vos dizer que de hoje a uma semana é Véspera de Natal – uma época do ano muito feliz para tantas pessoas. E, contudo, para tantos outros, que têm sofrido perdas profundas e que estão a enfrentar desafios muito grandes neste dias, a temporada de férias pode ser um tempo muito difícil… e compreensivelmente também. Para algumas pessoas, tudo o que era importante tem sido tirado…
Para todos nós chega um tempo em que tudo o que resta é Deus…
Isso acontece na maioria das vidas das pessoas mais do que uma vez. É aquele momento em que vos sentis total e completamente isolados. É aquele tempo em que sentis, não que ninguém vos ouve, mas que não há ninguém para vos ouvir. Estais realmente sozinhos de todo. Não há ninguém mais, mesmo quando há mais alguém na sala. Não há mais nada, mesmo quando há muito mais à volta. Há apenas vós, mesmo quando o mundo vos rodeia. Talvez especialmente quando o mundo vos cerca, só existe vós.
No entanto, chega um tempo em que tudo o que resta é Deus. Nada mais importa. Nada mais tem qualquer significado. Nada mais vos chama, exige a vossa atenção – ou é, ainda, digno dela.
Esse tempo chega, parece-me a mim, ou quando não tendes nada ou quando tendes tudo. Este momento chega quando tudo o mais vos foi tirado e não há nada mais, ou quando tudo vos foi dado e não há mais nada que pudésseis possivelmente querer.
Quando este momento chega, é um grande alívio. É um alívio, um deixar ir. E, contudo, para muitos de nós, há ainda uma minúscula parte do nosso ser que anseia pela única coisa que tantos de nós nunca tivemos: aceitação completa e amor incondicional.
Alguém que me ame tal como eu sou.
Não temos sido capazes de encontrar isso nos outros. Pensámos que podíamos encontrá-lo nos outros, tivemos esperança de que pudéssemos encontrá-lo nos outros, mas não encontrámos. Não podemos sequer encontrá-lo em nós próprios. E porque não o podemos encontrar em nós próprios, não podemos dá-lo aos outros – e é por isso que não o conseguimos encontrar lá. Pois não podemos encontrar em lado nenhum o que não pusemos em lado nenhum, e nós não pusemos aceitação completa e amor incondicional em lado nenhum. Não conseguimos nem mesmo estar bem com o clima, pelo amor de deus. Conseguimos encontrar algo de que nos queixarmos em relação a tudo.
E assim, buscamos o que não está lá, pois tudo o que buscamos encontrar na vida deve ter sido posto lá por nós. Se não o tivermos lá posto, não podemos encontrá-lo. O que não colocarmos na vida, não encontramos, porque nós somos a Única Fonte Que Existe.
Se não encontramos perdão nas nossas vidas, é porque não o colocámos lá. Se não encontramos compaixão nas nossas vidas, é porque não a colocámos lá. Se não encontramos tolerância nas nossas vidas, é porque não a colocámos lá. Se não encontramos misericórdia nas nossas vidas, é porque não a colocámos lá. Se não encontramos paz nas nossas vidas, é porque não a colocámos lá. Se não aceitamos aceitação é porque não a colocámos lá. E se não encontramos amor nas nossas vidas, é porque não o colocámos lá.
Todas estas coisas devemos colocá-las na Vida. Primeiro, na nossa própria vida, depois, na vida dos outros. Ou, para alguns, é ao contrário. Eu quero dizer que, para a maior parte de nós, é ao contrário. Para muitos de nós é quase impossível darmo-nos a nós mesmos o que mais queremos receber: perdão, compaixão, tolerância, misericórdia, paz, aceitação e amor.
A maior parte de nós não pode dar estas coisas a si mesmo porque sabemos demasiado acerca de nós mesmos. Pensamos que não somos dignos. Imaginamos que somos algo diferente daquilo que realmente somos. Não podemos ver a Divindade que a própria Divindade colocou em nós. Não podemos ver a Inocência. Não podemos ver a Perfeição na nossa imperfeição.
Porque não podemos ver estas coisas em nós mesmos, não podemos dar-nos o que mais queremos receber. No entanto, porque não somos totalmente cegos para o que é bom e valioso no mundo, somos muitas vezes capazes de ver estas coisas nos outros. Podemos ver muitas vezes a Divindade nos outros. Podemos ver, com frequência, a Inocência nos outros. Podemos ver com frequência a Perfeição na imperfeição dos outros. E, assim, nós podemos dar aos outros perdão, compaixão, tolerância, misericórdia, paz, aceitação e amor. Nós podemos, mas a questão é, daremos?
Vezes demais, não o damos. Por causa das nossas próprias feridas, não podemos curar as feridas dos outros. E, então, negamos ao nosso mundo as coisas que ele mais precisa. Negamos ao mundo o perdão, a compaixão, a tolerância, a misericórdia, a paz, a aceitação, e o amor. E quando as negamos ao nosso mundo, negamo-las a nós próprios – pois o que não colocámos no mundo, não podemos receber do mundo. De novo, deixai que a Nova Regra de Ouro seja repetida:
O que não colocámos no mundo, não podemos receber do mundo.
Chega um momento em que percebemos que nós somos a Única Fonte Que Existe. Ninguém nos vai dar ou ao mundo o que não somos capazes de obter do mundo e, assim, a nós próprios. Não por muito tempo.
O primeiro lugar em que descobrimos isto é na relação com os outros. O que somos incapazes ou não estamos dispostos a dar ao outro, nós não iremos receber do outro. Não por muito tempo. Se não podemos dar à pessoa do outro lado da sala perdão, compaixão, tolerância, misericórdia, paz, aceitação e amor… não podemos esperar que a pessoa do outro lado da sala nos dê essas coisas. Pois eles só têm para dar o que nós lhes demos.
Nós imaginamos numa relação que a outra pessoa tem o que nós não temos e, portanto, que ela nos pode proporcionar isso a nós. Esta é a grande ilusão. Trata-se de um grande engano. Trata-se de um grande mal entendido. E é a razão pela qual tantas relações falham. Nós imaginamos que o outro nos vai proporcionar perdão, compaixão, tolerância, misericórdia, paz, aceitação e perdão. Pensamos que o outro nos vai dar o que nós não lhe podemos dar, e aquilo que não podemos sequer dar-nos a nós mesmos. E então ficamos zangados com o outro. E então ficamos zangados connosco. E então…
… nós percebemos que não resta nada senão Deus. Voltamo-nos, então, para Deus. Por favor, Deus, concede-me perdão, tolerância, misericórdia, paz, aceitação e amor. Por favor dá-me isso a mim, para que eu o possa dar aos outros.
O mundo está rapidamente a aproximar-se deste ponto de viragem. Estamos a chegar à compreensão de que Deus é a Fonte Única e Original. Agora, tudo o que precisamos é entender, do mesmo modo, que não existe separação entre Deus e nós. Quando alcançarmos por fim esta compreensão fundacional, quando abraçarmos, finalmente, esta verdade básica, vamos mudar-nos a nós próprios, as nossas relações e o mundo.
Até lá, não o faremos. E nós iremos esperar por esse momento quando percebermos… que não existe nada senão Deus. Esperançosamente, chegaremos a esse momento antes de o criarmos…da maneira mais crua possível: destruindo tudo até não restar nada. Destruindo a nossa relação até que não reste nada. Destruindo o nosso mundo até que não reste nada. Destruindo-nos a nós mesmos até que não reste nada.
Conversas com Deus contém uma declaração surpreendente. É algo que eu nunca esqueci. Deus disse “ Não é necessário passar pelo inferno para chegar ao céu.” Convido-nos a todos a lembrarmo-nos disto neste dia. Convido-nos a todos a abraçarmos uma nova noção sobre nós e sobre a vida: não que não resta nada senão Deus, mas que não há nada senão Deus.
Quando vemos Deus em cada outra pessoa e em todas as outras coisas, então teremos deixado cair as nossas ilusões, ter-nos-emos afastado das nossas imaginações infantis e vamos tratar tudo e todas as pessoas como Divinos. E se não pensais que isso vai mudar a vossa vida e o vosso mundo, pensai novamente. Este é o Caminho para a Alma. Amor e Abraços Neale
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