Anjo de Luz

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Convido a todos para fazermos uma caminhada. Mas é uma caminhada de volta, para trás. Depois que chegarmos ao ponto de onde partimos, é possível que tenhamos dado alguns passos a frente.

Vamos refletir sobre o nosso corpo. É um amontoado de células, certo? Já parou pra pensar em como este corpo chegou até aqui? Como se constituiu ao passar do tempo até que obtivesse a forma que tem hoje?

Bem... caminhando para trás, vamos desfazendo esses trilhões de células, contando de trás pra frente... e vamos reduzindo o número... 64. 32. 16. 8. 4. 2. 1.

Um dia fomos uma célula. Uma única célula que esteve dividida na indispensável dualidade que ainda constitui o ponto de partida neste mundo.

Esta única célula fazia parte de um outro corpo constituído por outros trilhões de células. Vamos contar de trás pra frente denovo? Trilhões, novecentos e sessenta mil, quinhentos e noventa e duas... 64... 32... 16... 8... 4... 2... 1.

Este corpo que deu origem àquela célula que nos deu origem também já foi uma única célula que fazia parte de um outro corpo que também um dia já foi uma única célula.

Em detrimento da exatidão matemática (os virginianos que me desculpem) peço licença para dar um significativo salto na contagem e ir direto a outra página importante dessa história.

De onde surgiu a primeira célula?

Seja mística, científica ou ambas, a resposta será sempre a mesma. Pouco importa se tua convicção está ancorada no Big Bang ou em Adão e Eva. É só a gente tirar o cabresto pra perceber que o cerne não muda: originamos do mesmo lugar. Da mesma célula. Que tenhamos nascido de uma microscópica forma de vida do mar ou de uma escultura de barro. Sempre a conclusão será: todos temos a mesma origem.

E assim é com toda a criação, do maior corpo celeste à menor das células terrestres.

Do mesmo modo como acontece conosco, hoje a Terra é um infinito aglomerado de células. (Vejam que interessante isto: mesmo olhando para o macro, para o gigantesco e incontável, é simplesmente impossível desprezar o micro, o invisível). Mas para que ela chegasse até aqui, teve de haver um ponto de partida.

Não importa se foi uma explosão de gases ou um sopro sagrado e milagroso. Uma célula se subdividiu e deu origem a novos corpos celestes. Esses novos corpos celestes continuaram a caminhada e dentro de si mesmos foram se subdividindo e dando origem a outros seres que, por sua vez, vão desprendendo suas células e, por Amor, originam outros seres. É possível ver o processo de criação aqui? E encantar-se com ele?

E qual a finalidade de dividir-se e subdividir-se e fazer novas criaturas?

Evolução.

Os próprios cientistas já chegaram a essa brilhante conclusão.

Porém, falta o equilíbrio para discernir evolução de mecanicidade.

Mas, falando genericamente, sim, estamos em busca de evolução, ainda que mínima. Quer ver?

Quando você era uma célula (o óvulo fecundado), você tinha noção de que existia? Sabia quem era? Onde estava? O que fazia?

Olha só que interessante: o quanto mudamos de lá para cá. O quanto... evoluímos! Aprendemos a andar, a nos expressar, experimentamos, aprendemos muito e hoje fazemos escolhas! E temos poder para isto!

E se nunca nos tivesse sido dada essa chance? E se nos fosse permitido simplesmente chegar ao estágio de óvulo ou espermatozóide... que consciência teríamos?

Aqui entramos em uma nova porta de reflexão a respeito da criação. A da dualidade. Fica mais nítida a compreensão de que ainda não conseguimos transpor esse portal. Ela está presente em todos os aspectos da nossa vida. Seja para nos tornarmos UM, seja para iniciarmos a trilha da multiplicidade, não há como não passar pela união de duas polaridades. Não há como escapar dos pólos dos quais é constituído o Amor. E se não há fogo para soldar esses dois pólos, não se chega nunca à unidade.

E se Deus não tivesse sido bom o suficiente para inflamar a vida com esse fogo, jamais teríamos tido essa oportunidade maravilhosa que nos mantém aqui e agora diante deste computador. Nunca teríamos a oportunidade de olhar Ele nos olhos e perguntar: por que você me criou?

E mesmo que nos consideremos demasiadamente adormecidos, ainda assim, algo nos foi permitido experimentar. Ele poderia nos manter debaixo de suas asas. Poderia evitar todo e qualquer sofrimento nosso. Poderia continuar nos mantendo ali, daquele jeitinho, naquele lugar quentinho e silencioso, fornecendo alimento por osmose e sem noção do que é a vida.

Sem uma mínima noção do que é a vida.

Sem saber o que é guerra. Sem conhecer a crueldade. Sem amar a grandiosidade. Sem sentir fome nem sede. Nem saber o valor de um prato de arroz com feijão. Sem experimentar calor ou frio. Ou sentir a água descendo pela garganta seca. Nem ouvir a risada de uma criança. Nunca sentir cansaço. E muito menos desfrutar da sensação de um abraço amoroso depois de um dia de trabalho pesado. Nunca nos ocorreria perguntar por que o céu é azul e nem tentaríamos contar quantas estrelas tem no céu. Nunca saberíamos o sabor amargo de uma perda. E jamais sentiríamos o coração palpitar no peito diante de uma descoberta fantástica. Nunca perderíamos a unha do dedão do pé numa topada. Não saberíamos que gosto tem a lágrima nem sentiríamos a coceira que dá ter piolho na cabeça. Jamais nos encantaríamos com um par de olhos azuis e nunca nos perguntaríamos: mas a vida é só isso? Não saberíamos o que é ter dor de barriga e muito menos experimentaríamos o sabor refrescante do chá de hortelã. O que é “refrescante”, mãe?

A gente não sentia solidão... mas também nunca tinha visto um por do sol.

Deus é Amor do começo ao fim de sua criação infinita.

PAZ

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Comentário de Fada San em 20 dezembro 2009 às 10:23
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