VIVÊNCAS MEDIÚNICAS (26)

[Gabriel Carballo Martinez]

VIVÊNCAS MEDIÚNICAS (26)

2011-02-03 10:49

A ideia de chegar ao paraíso após a nossa morte é recorrente em várias religiões. Contudo, o Momento de Luz, na sua vivência mediúnica, evidencia a necessidade de significarmos este arquétipo, como tantos outros presentes em textos religiosos.

O paraíso, o descanso final, é o espaço onde estamos em Cristo, em contato com a nossa essência, por ela acolhidos e cercados de amor. Contudo, a presença dele pode se dar em vida, assim, como a sua ausência pode continuar após a morte, que se transforma, apenas, em um momento de contato com o que realmente somos.

Um bom dia para todos.

 

 

 

VIVÊNCAS MEDIÚNICAS (26)

 

Hoje vamos comentar acerca do “descanso final”, importante conceito enraizado ao longo de muitos séculos, cercado de  mitos pessoais e coletivos.

Possivelmente a ideia chave contida no mesmo cumpriu algum propósito inicialmente, contudo ao não renová-lo ao longo do tempo, passou a ser mais um mecanismo engessador de consciências não despertas.

Relato um atendimento realizado há poucas semanas no trabalho mediúnico, e seguirei comentando o tema posteriormente.

 

Estávamos no grupo de estudos que antecede a reunião mediúnica quando uma antiga companheira da casa adentrou aparentando cansaço físico e com uma tosse renitente.

Permaneceu intercalando esses períodos de “mal-estar” e acalmia ao longo do estudo.

Percebi a presença de um espírito muito enfermo ao seu lado, e a indicação da espiritualidade amiga que o mesmo seria atendido naquela noite.

Assim que encerramos o tema do Livro dos Médiuns, fomos à sala destinada ao intercambio mediúnico.

Logo após ao convite para o início dos atendimentos, esse espírito manifestou-se pela psicofonia.

Ressalvo que algumas vezes no período inicial do trabalho, espíritos são atendidos como numa emergência médica, sendo a triagem feita pelos dirigentes espirituais da casa.

 

O enfermo, com uma fala entrecortada pela tosse e dificuldade de respirar, evidenciava um cansaço extremo, com momentos de desespero que pioravam seu estado.

Ao receber os passes magnéticos dos mentores e envolvido em vibrações equilibrantes, foi acalmando-se paulatinamente, ao tempo em que lhe orientava quanto à respiração.

A partir de então pôde comunicar-se e dizia:

- Eu não posso respirar, já não tenho um pulmão, que foi todo tomado pela tuberculose. Passei muito tempo para ser tratado e por causa da demora, quando tomei os remédios, já não tinha mais jeito!

Os médicos me disseram que era muito grave, que eu não iria ficar bom e eu sei que já estou morto.

Argumentei sobre a imortalidade da alma, mas o cerne da questão era outro, como podem observar na continuação do seu depoimento.

- Eu sei que há uma alma, mas todos me diziam que eu iria descansar e ficar em paz.... eu tinha a certeza de que morto, ficaria bom. Alma não tem corpo.

Me conformei com a morte porque estava certo que seria o fim do sofrimento, e veja o que aconteceu, me enganaram porque continuo sofrendo sem saúde e não tenho descanso nem vivo nem morto!

 

O irmão estava muito desapontado e confuso sobre sua situação real, de uma “nova condição” mas que para ele não trazia novidade, pois que apresentava todos os sintomas da doença física pregressa, e dizia: - meu sofrimento será eterno. 

Prosseguiu ainda lamentando como se todos ao seu redor estivessem num complô para enganá-lo, desde a equipe de saúde até os poucos familiares próximos.

Conversando, lhe disse que tínhamos uma medicina diferente no mundo espiritual, e retrucou reticente: - se não teve remédio para mim quando estava vivo, como é que aqui vai ter!

 

Pedi-lhe que aspirasse um “remédio” disposto na minha mão, que iria melhorar sua respiração, recusou inicialmente mas resolveu tentar, e daí foi melhorando, respirando sem a dispneia grave que apresentava. 

Mais disposto, pois que acolhido e medicado, ouviu com mais atenção as poucas informações que podia lhe fornecer sobre a existência de um outro corpo, o corpo do espírito ou perispírito, que nos acompanha desde nossa criação, permanecendo vivo, estejamos encarnados ou não.

 

Mesmo ainda confuso, evidenciando que havia uma certa lógica neste argumento, se dispôs à possibilidade de um novo tratamento para sua doença e foi percebendo aos poucos que já se encontrava numa casa de saúde.

Percebi que eu estava auxiliando na sua condução numa espécie de cadeira de rodas diferente, quando ele me disse: - aqui tem muita gente, cuidado moça, pois minha doença pode passar para eles, não posso ficar junto dos outros.

Logo em seguida já visualizou uma enfermeira e uma freira que passaram a dialogar com ele.

 

Despedi-me certa de que as explicações possíveis seriam dadas, de acordo

com sua condição de assimilação.

 

A médium e eu oramos por esse irmão, imobilizado na crença de que alma não tem corpo e que há um estado de “descanso final”.

 

Compartilho com vocês leitores, esse depoimento com alguns lances dramáticos, para que nos faça refletir sobre a imortalidade, sobre a mudança de corpo e de endereço que todos nós certamente teremos.

 

Encerro agradecendo ao CONSOLADOR, ao Espiritismo lúcido e amoroso, que é uma verdadeira benção luminosa de conhecimento e informação, e transcrevo abaixo pequeno trecho do Capítulo I do Livro dos Médiuns.

 

Da ação dos Espíritos sobre a matéria

55. Hão dito que o Espírito é uma chama, uma centelha. Isto se deve entender com relação ao Espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, a que se não poderia atribuir forma determinada. Mas, qualquer que seja o grau em que se encontre, o Espírito está sempre revestido de um envoltório, ou perispírito, cuja natureza se eteriza, à medida que ele se depura e eleva na hierarquia espiritual. De sorte que, para nós, a idéia de forma é inseparável da de Espírito e não concebemos uma sem a outra.

O perispírito faz, portanto, parte integrante do Espírito, como o corpo o faz do homem. Porém, o perispírito, só por só, não é o Espírito,do mesmo modo que só o corpo não constitui o homem, porquanto o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o homem: o agente ou instrumento de sua ação.

58. O Espírito precisa, pois, de matéria, para atuar sobre a matéria. Tem por instrumento direto de sua ação o perispírito, como o homem tem o corpo.

Ora, o perispírito é matéria, conforme acabamos de ver.

Muita Paz para todos nós.

Francesca Freitas

02-02- 2011

 

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