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Este livro em muito bom, fala das mulheres. A Tenda Vermelha - Anita Diamant[1].txt

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Comentário de Tania Maria de Carvalho Manata em 20 setembro 2010 às 13:02
PRÓLOGO

Durante muito tempo andamos perdidas umas das outras.

O meu nome nada significa para vós. A minha memória é pó.

Nada disto é culpa vossa, nem minha. A cadeia entre mães e
filhas quebrou-se e a palavra passou à guarda dos homens, que não
tinham condição de saber. Por isso me tornei nota de rodapé,
reduzindo-se a minha história a breve parte dentro da bem
conhecida história do meu pai, Jacob, e da célebre crônica de José,
meu irmão. Nas raras ocasiões em que fui recordada, de mim
fizeram vítima. Pouco depois do início da Sagrada Escritura, há uma
passagem que sugere a minha violação, seguindo-se a história
sangrenta de como se vingou a minha honra.

Até espanta que alguma mãe tenha voltado a chamar Dina a
uma filha. Apesar de tudo, houve quem o fizesse. Talvez já tenham
adivinhado: muito mais passei além da cifra muda do texto. Talvez a
musicalidade do meu nome assim o sugira: a primeira vogal longa e
aberta, como quando as mães chamam as crianças ao anoitecer, a
segunda suave, como segredos sussurrados na almofada. Diii-nâ.

Ninguém recorda a minha habilidade como parteira, nem as
canções que entoei, nem os pães que cozi para os meus insaciáveis
irmãos. Nada restou de mim, além de umas quantas alusões
tibiamente atamancadas acerca daquelas semanas passadas em
Siquém.

Muito mais haveria a relatar. A ter de falar do assunto,
começaria eu pela história da geração que me criou, única ponta por
onde desatar. Quem quiser compreender qualquer mulher terá
primeiro de perguntar como era a mãe e ouvir com atenção. A
história da comida encerra ligações muito fortes. A melancolia dos
silêncios denuncia assuntos inacabados. Quanto mais uma filha
sabe acerca da vida da mãe (sem vacilações nem recriminações),
mais forte se torna.

Claro que tudo isto é bastante mais complicado no meu caso,
porque tive quatro mães, todas elas a ralharem, ensinarem e
incentivarem diferentes coisas a meu respeito, dando-me presentes
diferentes, amaldiçoando diferentes medos. Lea deu-me a vida e a
sua arrogância esplêndida. Raquel ensinou-me a ser parteira e a
arranjar o cabelo. Zilpah fez-me pensar. Bilhah ouviu-me. Nenhuma


das minhas mães cozinhava da mesma maneira. Nenhuma delas
falava ao meu pai no mesmo tom de voz nem ele a cada uma delas.
Fiquem sabendo que as minhas mães eram também irmãs entre si,
filhas de Labão e de diferentes mulheres, embora o meu avô nunca
tenha reconhecido Zilpah e Bilhah, reconhecê-las ter-lhe-ia custado
mais dois dotes e ele era terrivelmente sovina.

Como todas as irmãs que vivem juntas e partilham o mesmo
marido, minha mãe e minhas tias urdiram uma teia apertada de
lealdades e rancores. Traficavam segredos como quem troca
braceletes, e tudo isso transmitiram a mim, única filha sobreviva.
Disseram-me coisas ainda eu era demasiado nova para ouvi-las.
Tomaram-me o rosto nas mãos e fizeram-me jurar que não
esqueceria.

As minhas mães orgulhavam-se da quantidade de varões que
deram a meu pai. Os filhos faziam o orgulho e a medida duma
mulher. Mas o nascimento sucessivo de rapazes não era fonte de
felicidade plena na tenda das mulheres. O meu pai vangloriava-se da
sua tribo turbulenta e as mulheres amavam os meus irmãos, mas
também suspiravam por filhas e queixavam-se entre si da
masculinidade da semente de Jacob.

As filhas aliviavam o fardo das mães - ajudavam a fiar, a pilar,
colaboravam na tarefa infindável de cuidar dos rapazes, sempre a
fazerem xixi por todos os cantos das tendas, por mais que
ralhássemos.

Mas outra razão ainda levava as mulheres a desejar o
nascimento das filhas, e essa era a de perpetuarem a sua memória.
Os rapazes, depois de desmamados, não prestavam atenção às
histórias das mães. De modo que eu era a única. A minha mãe e as
minhas tias-mães contaram-me infinitas histórias acerca de si
mesmas. Qualquer que fosse a labuta das suas mãos (segurar nas
crianças, cozinhar, fiar, tecer), enchiam-me os ouvidos.

Na sombra carmim da tenda vermelha, a tenda menstrual,
passavam os dedos pelos caracóis do meu cabelo, recapitulavam as
brincadeiras juvenis, as sagas da sua vinda ao mundo. Essas histórias
eram como oferendas de esperança e arrimo derramadas diante da
Rainha dos Céus, só que não se dirigiam a nenhum deus ou deusa -
e sim a mim.


Ainda hoje sinto o grande amor das minhas mães. Sempre
acalentei o amor delas. Nele me sustentei. Foi ele que me manteve
viva. Mesmo quando deixei de estar junto delas, e mesmo agora,
tanto tempo depois de morrerem, encontro conforto na sua
memória.

Transmiti à geração seguinte os contos das minhas mães, mas
as histórias da minha própria vida foram-me proibidas, e esse
silêncio quase sufocou meu coração. Eu não morri, antes vivi tempo
suficiente para virem outras histórias encher meus dias e minhas
noites. Vi crianças abrirem os olhos perante um mundo novo.
Encontrei motivos de riso e gratidão. Fui amada.

E agora vêm vocês ter comigo - mulheres de mãos e pés
macios como os das rainhas, com cópia de tachos e panelas acima
das vossas necessidades, tão seguras na parição e tão soltas de
língua. Vocês vêm esfomeadas da tresmalhada história. Anseiam por
palavras capazes de colmatar o grande silêncio que me engoliu, a
mim e a minhas mães, e a minhas avós antes delas.

Bem gostaria de saber contar mais acerca das minhas avós. É
terrível a quantidade de coisas esquecidas, razão bastante, julgo eu,
para que a lembrança semelhe tanto o sagrado.
Muito agradeço a vossa vinda. Aqui despejarei quanto trago dentro
de mim, para que todas possam retirar-se desta mesa supridas e
fortalecidas. Abençoadas sejam. Abençoados vossos filhos.
Abençoado o chão que pisam. O meu coração é concha de água
pura, assim a sirvo, transbordante.

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Co-criando A NOVA TERRA

«Que os Santos Seres, cujos discípulos aspiramos ser, nos mostrem a luz que
buscamos e nos dêem a poderosa ajuda
de sua Compaixão e Sabedoria. Existe
um AMOR que transcende a toda compreensão e que mora nos corações
daqueles que vivem no Eterno. Há um
Poder que remove todas as coisas. É Ele que vive e se move em quem o Eu é Uno.
Que esse AMOR esteja conosco e que esse
PODER nos eleve até chegar onde o
Iniciador Único é invocado, até ver o Fulgor de Sua Estrela.
Que o AMOR e a bênção dos Santos Seres
se difunda nos mundos.
PAZ e AMOR a todos os Seres»

A lente que olha para um mundo material vê uma realidade, enquanto a lente que olha através do coração vê uma cena totalmente diferente, ainda que elas estejam olhando para o mesmo mundo. A lente que vocês escolherem determinará como experienciarão a sua realidade.

Oração ao Criador

“Amado Criador, eu invoco a sua sagrada e divina luz para fluir em meu ser e através de todo o meu ser agora. Permita-me aceitar uma vibração mais elevada de sua energia, do que eu experienciei anteriormente; envolva-me com as suas verdadeiras qualidades do amor incondicional, da aceitação e do equilíbrio. Permita-me amar a minha alma e a mim mesmo incondicionalmente, aceitando a verdade que existe em meu interior e ao meu redor. Auxilie-me a alcançar a minha iluminação espiritual a partir de um espaço de paz e de equilíbrio, em todos os momentos, promovendo a clareza em meu coração, mente e realidade.
Encoraje-me através da minha conexão profunda e segura e da energia de fluxo eterno do amor incondicional, do equilíbrio e da aceitação, a amar, aceitar e valorizar  todos os aspectos do Criador a minha volta, enquanto aceito a minha verdadeira jornada e missão na Terra.
Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

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