UM PRESERVATIVO PARA A LOUCURA

[Rosalina Candida Carvalho]

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• Por Bruno Rodrigues dos Santos / [e-mail]
• Atualmente o tema esquizofrenia esta em moda, na televisão, na mídia, muito se tem falado sobre este transtorno mental. Segundo o Código Internacional de Doenças (CID – 10) os transtornos esquizofrênicos se caracterizam em geral por distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção, como exemplo, é comum pacientes diagnosticados com esquizofrenia dizerem que ouvem vozes de comando, que seus pensamentos são divulgados e que podem ser ouvidos por outras pessoas, reclamam de perseguições de outras pessoas, ou mesmo de espíritos, monstros, extraterrestres. Estes são apenas alguns exemplos. Existem diferentes tipos de esquizofrenia, sugiro a leitura do CID – 10, hoje facilmente consultado na internet, a esquizofrenia está catalogado na letra F-20. Até hoje a ciência não sabe a origem deste transtorno, existem diferentes teorias que tentam explicá-las, entre elas a genética e a psicanalítica.
• INFLUÊNCIA DO ORGANISMO
• Com a descrição dos sintomas citados, podemos pensar que muitos casos diagnosticados como esquizofrenia são casos de obsessões, de pura influência espiritual, mas esta visão seria reducionista, bem como dizer que a causa está apenas na matéria, na genética, no corpo físico, essa visão também seria reducionista. Podemos notar que existem pessoas com problemas mentais devido a problemas orgânicos, lesões no cérebro, devido à mal formação ou causado por acidentes sofridos. Mesmo nos casos onde a patologia tem origem no organismo, como as citadas acima, é interessante ressaltar que também aí existe a figura do Espírito, uma vez que o acaso não existe, há uma causa para desenvolvimento deste transtorno e esta causa pode ser compreendida com o estudo da reencarnação, da Lei de Causa e Efeito tão bem explicadas pelo Espiritismo. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo V, no item Causas Anteriores das Aflições, Allan Kardec diz que “essas misérias são efeitos que devem ter a sua causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. Ora a causa sendo sempre anterior ao efeito, e desde que não se encontra na vida atual, é que pertence a uma existência precedente. Por outro lado, Deus não podendo punir pelo bem o que se fez, nem pelo mal que não se fez, se somos punidos, é que fizemos o mal. E se não fizemos o mal nesta vida, é que o fizemos em outra. Esta é uma alternativa a que não podemos escapar, e na qual a lógica nos diz de que lado está à justiça de Deus”. Ainda nesta mesma obra, no seu último capítulo e ultima frase o codificador assevera que “a obsessão demasiado prolongada pode ocasionar desordens patológicas, exigindo por vezes um tratamento simultâneo ou consecutivo, seja magnético ou médico, para o restabelecimento do organismo. A causa tendo sido afastada, ainda resta combater os efeitos”.
• INFLUENCIA ESPIRITUAL
• Existem casos de pessoas obsediadas ou mesmo médiuns desequilibrados que são diagnosticados como esquizofrênicos por profissionais. Neste caso, o paradigma materialista não consegue perceber a influencia espiritual, mas pouca a pouco um novo paradigma está surgindo. Como espírita, podemos perceber a atuação de espíritos obsessores na autoria de alguns dos sintomas mencionados, como nas vozes de comando, que muitas vezes mandam o indivíduo suicidar-se, ou fazer outras coisas bizarras; em suas alucinações e relatos de perseguições que neste caso não seriam alucinações e sim de prováveis perseguições espirituais.
• O ESPIRITISMO COMO FÁBRICA DE LOUCOS
• Desde que surgiu, o Espiritismo foi acusado por muitos de ser o desencadeador da loucura. No Brasil não foi diferente, a interessante tese de doutorado de Angélica Almeida na UNICAMP, intitulada “Uma fábrica de loucos”: Psiquiatria x Espiritismo retrata bem o que ocorreu no final do século XIX até meados do século XX e que muitos espíritas desconhecem. Entre os movimentos que existiram, podemos citar a ação de médicos solicitando ao governo que todos os centros espíritas do país fossem fechados, uma vez que o espiritismo desencadearia a loucura nas pessoas. Alguns mais irônicos, afirmavam que os espíritas fundavam hospitais psiquiátricos não por caridade, mas para cuidarem dos loucos que eles mesmos produziam. Uma das teorias criadas era que pessoas com predisposição psicopatológica, diante das reuniões mediúnicas e dos supostos estados de êxtase, ficariam excessivamente expostas a fortes emoções e isso desencadearia a loucura. À época de Kardec não foi diferente, as mais variadas acusações apareceram, entre elas a de que o contato constante com as idéias espíritas poderia desencadear a loucura e sobre este tema, o codificador trata com maestria e de forma imparcial na introdução de “O Livro dos Espíritos” no item XV, dizendo que “todas as grandes preocupações intelectuais podem ocasionar a loucura: as ciências, as artes e a religião” e em todas estas áreas existem casos de pessoas que acabaram tendo desordens mentais e que nem por isso essas áreas do conhecimento perderam seu valor. Comenta que é muito comum o louco religioso e que este também pode surgir no espiritismo, mas não por causa do espiritismo. E encerra de forma brilhante afirmando que o Espiritismo bem compreendido é um preservativo da loucura.
• UM PRESERVATIVO PARA A LOUCURA
• Allan Kardec, no mesmo item XV, assevera que o Espiritismo bem compreendido é um preservativo da loucura. O que nos chama a atenção é a afirmação “bem compreendido”. É fato que pessoas se dizem espíritas sem nunca terem lido uma obra de Kardec, acreditam conhecer o Espiritismo apenas por palestras que assistiram ou normalmente por livros romanceados. Sem dúvidas que os romances espíritas bem como as palestras, são de grande importância e fazem parte da cultura espírita mas para se compreender bem o Espiritismo se faz necessário um mergulho nas obras básicas, leitura, estudo, reflexão, bem como o conhecimento da revista espírita tão esquecida entre os espíritas mas que gradualmente vem se fazendo mais conhecida, desta forma podemos começar a compreender bem o Espiritismo, mas, porque esta compreensão seria um preservativo? Quantos casos de surtos psicológicos e mesmo de doenças que surgiram após grandes decepções, diante de situações que trazem grande impacto emocional, sem contar casos de obsessões prolongadas que acabam afetando o organismo do obsedado. O próprio codificador elucida esta questão ao dizer: “o verdadeiro espírita olha as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado; elas lhe parecem tão pequenas, tão mesquinhas, em face do futuro, que o aguarda; a vida é para ele tão curta, tão fugitiva que as tribulações não lhe parecem mais do que incidentes desagradáveis de uma viagem. Aquilo que para qualquer outro produziria violenta emoção, pouco o afeta, pois sabe que as amarguras da vida são provas para o seu adiantamento, desde que as sofra sem murmurar, porque será recompensado de acordo com a coragem ao suportá-las. Suas convicções lhe dão uma resignação que o preserva do desespero e conseqüentemente de uma causa constante de loucura e suicídio”. E nos casos das obsessões, o Espiritismo nos oferece toda uma terapêutica que consiste no tratamento espiritual, nas reuniões de desobsessão, no estudo das obras espíritas e no convite a reforma moral. Portanto, encerramos o artigo afirmando junto ao codificador que o espiritismo bem compreendido é um preservativo para a loucura, estudemos, portanto o espiritismo e sua compreensão trará uma nova visão de mundo para todos nós.
• obs:
• Bruno Rodrigues dos Santos é psicólogo e atua no movimento espírita da cidade de Carapicuíba – SP
• artigo originalmente publicado na Revista Internacional de Espiritismo