Presentes nas rosáceas dos suntuosos vitrais coloridos das milenares catedrais européias, nos misteriosos calendários maias, nos mais longínquos monastérios tibetanos onde servem de suporte à meditação, no yoguismo tântrico como instrumento de contemplação, as mandalas são também encontradas nas mais antigas inscrições e desenhos da humanidade. Em tudo, elas representam a totalidade do cosmos e o lugar que o homem ocupa nele. Parece que os nossos ancestrais de todos os tempos sabiam intuitivamente que a estrutura fundamental do universo é uma mandala. Basta que observemos a natureza para identificá-las sob todas as formas, tamanhos e coloridos.
As Mandalas e os Templários
A mandala é expressão primeira da geografia sagrada na arquitetura templária. A forma divina, o mapa cósmico, a forma primeira da superfície terrestre. As mandalas cosmificam os edifícios erguidos para receberem o templo, estabelecendo seu centro, tendo a árvore do universo como eixo, que une os três principais planos do universo.
Em particular no Budismo Tântrico, o significado da mandala ultrapassa ainda a linguagem da arquitetura, transferindo-se ou projetando-se dentro do próprio corpo humano, onde todas as figuras de sua arquitetura estão representadas em locais apropriados, nas partes do corpo conhecidas por Chakras . No Budismo tântrico, também são o foco de técnicas de meditação.
O plano basilar em um templo hindu é encontrado na mandala que sustenta o nome de Vastupurusamandala. Seu significado em sânscrito é: vastu - aquilo que existe em um estado ordenado; purusa - universal, cósmico e mandala - a forma numismática . A Vastupurusamandala é quadrada, porque na Índia esta é a forma perfeita, significando ordem, finitude e perfeição. O círculo emana desse quadrado e importa em movimento e crescimento.
As Mandalas e os Índios
Os índios acreditam que as mandalas proporcionam felicidade e prosperidade. As primeiras mandalas munufaturadas como adornos foram inspiradas nos Campos de Dança dos Índios das Planícies. Esses campos eram pintados e decorados com símbolos sagrados e utilizados para rituais e cerimonias que invocavam os deuses e rogavam por prosperidade ou cura, etc. Posteriormente as mandalas começaram a ser confeccionadas como adornos e eram feitas pelos xamãs da tribo que usavam objetos e simbolos sagrados. As Mandalas eram, e ainda são, usadas como de proteção contra a falta de prosperidade.
Alce Negro descreveu como essa mandala parecia aos Oglala Sioux, embora para estes essa forma representasse a roda da medicina: "Tudo que o poder do mundo faz é feito em círculo. O céu é redondo, e tenho ouvido que a terra é redonda como uma bola, e assim também o são as estrelas. O vento, em sua força máxima, rodopia. Os pássaros fazem seus ninhos em círculos, pois a religião deles é a mesma que a nossa. O sol nasce e desaparece em círculo em sua sucessão, e sempre retornam outra vez ao ponto de partida.
A vida do homem é um círculo, que vai da infância até a infância, e assim acontece com tudo que é movido pela força. Nossas tendas eram redondas como os ninhos das aves, e sempre eram dispostas em círculo, o aro da nação, o ninho de muitos ninhos, onde o Grande Espírito quis que nós chocássemos nossos filhos."
Os navajos simbolizam esse círculo mandálico em dois níveis. O primeiro, como para os Oglalas Sioux, está associado com os traços físicos de sua antiga terra e com o ciclo anual da vida.
Carl Jung e as Mandalas
Um caminho em direção ao centro - Na Psicologia Moderna, o célebre psicólogo C. G. Jung, criador da Psicologia Analítica, ao estudar as mandalas orientais e sua utilização como instrumento de culto e de meditação, passou a desenhá-las, descobrindo o efeito de cura que elas exerciam sobre ele mesmo. Após anos de pesquisa e aprofundamento no conhecimento do psiquismo humano, ele passou a utilizar a construção de mandalas como método psicoterapêutico. Seus estudos o levaram a defini-la como um círculo mágico que representa simbolicamente o Eu ou Self - arquétipo da Unidade Interior.
Investigando o uso das mandalas nas tradições budistas, Jung descobriu que os conteúdos das mandalas tibetanas derivam dos dogmas lamaicos. Na doutrina dos lamas ou lamaismo, elas não têm significado particular porque são apenas representações exteriores. Para os lamas, a verdadeira mandala é sempre "uma imagem interior gradualmente construída pela imaginação ativa nos momentos em que o equilíbrio psíquico está perturbado, ou quando um pensamento não pode ser encontrado e deve ser procurado porque não está contido na doutrina sagrada". Como são de grande importância enquanto instrumento de culto, as mandalas tibetanas geralmente contém, em seu centro, uma figura do mais alto valor religioso como, por exemplo, Shiva ou Budha.
Entretanto, como instrumento terapêutico, a mandala é utilizada, desde os tempos primitivos, pelos Chamãs indígenas da América e aborígines da Austrália que, ainda nos tempos atuais, as gravam e desenham em areia colorida. Também, místicos ocidentais e orientais de quase todas as culturas, ao longo de toda a história da humanidade, já utilizavam mandalas como "um caminho para reencontrar seu próprio centro".
Mandalas Tibetanas
Na sua obra Die Kunst Tibets, Heinz E. R. Martin classificou a pintura tibetana em quatro categorias, que eram: (1) visionaria; (2) mandalas; (3) contemplativa, y (4) didática.
Todas as pinturas tibetanas são visionarias, pois a forma e as cores da obra têm o poder de afetar a percepção de quem a contempla.
Sobretudo no caso de certas mandalas, certa forma de contemplar a obra pode dar como resultado uma "explosão" dos limites que separam figura e fundo, dando acesso, de maneira repentina, a tipos de percepção mais globalizadas ou panorâmicas.
Todas as pinturas tibetanas são didáticas, pois ilustram os ensinamentos do dharma (por ex. pinturas da Roda da Vida budista), as vidas dos mestres, as características das deidades que se empregam na prática da visualização, a estrutura do caminho da iluminação do "atiyana-dzogchén (rdzogs-chen) e/o do vajrayana o tantrismo, etc".
Mandalas na Maçonaria
Como tradição sagrada que é, a riqueza simbólica da Maçonaria promove no homem a pesquisa do conhecimento de sí mesmo, no entanto oferece os meios e métodos para ascender a ele, os quais fundamentalmente expressam-se como uma didática que facilita o despertar da consciência, à que restitui a lembrança de sua dimensão universal. Este ensinamento classifica-se da seguinte forma: a) símbolos visuais e gráficos; b) símbolos sonoros e vocais; e c) símbolos gestuais ou ritos.
Entre os primeiros encontram-se os de desenho geométrico, cuja diversificação é bem extensa, e de fato a Maçonaria é identificada com a mesma geometria, palavra derivada de Gea (terra) e "metrón" (medida), e significa medida da terra, o que desde logo relaciona-se com o oficio de construtor (e de agrimensor) em quanto que este delimita um espaço com o fim de realizar uma obra arquitetônica. Entre os símbolos gráficos e visuais destacam-se o chamado "quadro da loja" que é já de por sim uma síntese simbólica da Loja, e que de alguma maneira resume o ensinamento iniciático contido em cada um dos três primeiros graus maçônicos. Como todo símbolo que "alude" às idéias de enquadramento ou marca, ou quadro da Loja protege uma serie de elementos de caráter sagrado destinados à meditação e contemplação. Nisto é semelhante as aos mandalas ou yantras das de as tradições hindu e budista, modelos simbólicos que desenham uma imagem geométrica do universo. São, por tanto, verdadeiros suportes de meditação adequados para gerar no homem uma visão e um conhecimento de sua própria estrutura interior, reflita na estrutura do mundo.
Cada um dos quadros resume ou sintetiza a o ensinamento do grau ao que pertence na medida em que nele se encontram os símbolos visuais e gráficos mais significativos e importantes. Trata-se das próprias ferramentas como são o maço e o cinzel, o nível e o prumo, a régua de vinte e quatro polegadas, o compasso e o esquadro. Também encontramos o símbolo do Delta, a estrela de cinco pontas, o sol e a lua, a pedra bruta, a pedra cúbica em ponta, o pavimento de mosaico, a entrada do templo o frontispício do templo com as duas colunas Jakin E Boaz destacadas a um e outro lado da porta de entrada da Loja, etc.
Mandalas Fractais - Teoria
Teoricamente gráficos fractais abrangem toda e qualquer representação gráfica de cálculos. São classificados principalmente pelas suas complexidades e estruturas infinitas.
Einstein através de sua Teoria da Relatividade já trazia a idéia de que tudo no mundo real poderia ser expresso através de cálculos.
Mandalas Labirintos
Sua vida é uma viagem sagrada. E está sobre a mudança, crescimento, descobrimento, movimento, transformação, continuamente ampliando sua visão de de qual é possível, esticando sua alma, aprendendo a ver clara e profundamente, ouvindo sua intuição, tomando desafios valorosos a cada passo. Dessa forma, você está na trajetória.
Um labirinto é um arquétipo com o qual podemos ter uma experiência direta. Podemos caminhar nele. É uma metáfora para a viagem da vida.
Ele é como um quebra-cabeças que se solucionará. Tem torceduras, voltas e "callejones" ocultos. É uma tarefa esquerda do cerebro que requer atividade lógica, sequencial e analítica para achar a trajetória correta no labirinto e para fora.
O labirinto tem somente uma trajetória. É "unicursal". A forma dentro é a saída. No seu nível básico, o labirinto, é uma metáfora da viagem ao centro de cada um.
Geometría Sagrada Celta
Todas as culturas contam com símbolos que representam sua origem e destino, assim como seus valores e crenças para sua transformação.
Os Celtas, protagonistas da era dos metais, aportaram ao mundo os mais belos desenhos feitos na base de espirais, que representam a essência da vida.
Os Celtas estavam constituídos pela união de povos que habitavam na Europa durante a idade do Ferro. Os escritores gregos utilizaram o termo Keltoi para descrever estas tribos bárbaras desde o século VI a.c. embora se perceba muito tempo antes alguns indícios da existência de uma língua comum.
Dentro de todos os grupos celtas encontramos um que compreende as províncias galegas, parte de Astúrias e a zona de Portugal e Zamora situada ao norte do rio Duero. Alí teve desenvolvimento uma cultura de aspecto céltico com características especiais, não somente por seus objetos de uso senão por seus recintos fortificados e suas edificações que não são quadradas senão circulares. Formavam pequenos povoados sem ruas nem ordenamento urbano algum, situados em lugares altos e nas cercanias dos rios. As vezes os castros estão rodeados de varias muralhas paralelas e as casas são de planta redonda ou oval.
Mandalas Cósmicas
Existem, portanto, três tipos de mandalas: as de culto, as de meditação e as terapêuticas. Elas se diferenciam em função do seu uso e finalidade, mas também segundo o estado de consciência do indivíduo no momento da sua criação, isto é, estado de culto, de meditação, de cura terapêutica e de expansão da consciência, como instrumento de auto- conhecimento e transformação interior.
A criação de uma "mandala cósmica" só ocorre num estado especial de consciência, chamado "estado visionário", em que a pessoa se torna canal da consciência universal - que Jung chama de "arquétipo", isto é, representação, no psiquismo individual, da parte herdada da psiquê coletiva. Esse chamado "estado visionário" pode ser alcançado através da "consciência expandida", mas exige um intenso trabalho interior de auto-conhecimento e descoberta dos próprios potenciais de realização exterior.
Significa simplesmente que a construção de uma "mandala cósmica" nos ajuda a liberar as nossas forças interiores de auto-cura, pois esse processo é capaz de desencadear em nós a ordem e a harmonia no lugar do caos.
Virgínia Videira Casco