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Amparo Caridade*pesquisadora mentora

 

A longevidade é uma conquista da humanidade e disso nos orgulhamos. É difícil admitir que nossos antepassados tenham morrido tão jovens, distantes ainda da realização de seus projetos. É doloroso saber de países cuja média de vida fica ainda em torno de 39 anos. A longevidade tem sido sim uma conquista, uma resposta à evolução tecnológica que alcançamos, e tem subvertido a ordem estabelecida do curto viver de nossos antepassados. Pensamos, contudo, existirem outras razões que nos fazem tão ciosos dessa longevidade.

 

A ânsia por viver muito não será um modo de escondermos o desespero ante a certeza que temos da morte? Esta é uma certeza que nos angustia e para a qual buscamos ilusões de eternidade, paliativos para a dor da nossa provisoriedade. Na verdade somos inquilinos da vida como as plantas e os pássaros, e como tudo o que é vivo envelhecemos e terminaremos.  Por mais que avancemos em tecnologia, não há muito como negar a história que se inscreveu em nossos corpos. As rugas, a pele senil, o corpo mais opaco metaforizam o que já vivemos. Lidar dignamente com esse inevitável é uma tarefa exigente e necessária.

 

Conhecemos da literatura e da vida, histórias de pessoas que foram ceifadas precocemente, mas que deixaram inquestionáveis exemplos de dignidade. O estrangeiro, de Camus, preferiu dizer a verdade que mentir, embora isso tenha lhe custado a vida. Viktor Frankl, poderia ter se livrado do Campo de Concentração, pois dispunha de um salvo conduto que o libertaria do sofrimento que o esperava. Mas ele não imaginou salvar-se sozinho. Por amor à família deixou-se prender com eles, indo para Campos diferentes. Ninguém duvida da dignidade do gestual nessas vidas. Não proponho que nos atiremos nos braços da morte, mas que façamos gestos humanos capazes de sustentar a dignidade de nossos Eus. Proponho que vivamos com sentido e dignidade tal, que a morte não nos assuste tanto.

 

A ânsia de viver mais pode esconder também um outro desespero humano: o do vazio, o do desespero da falta de sentido em relação ao que fizemos ou estamos fazendo da vida. Se nos faltam sentido e profundidade ao viver, precisaremos sempre e cada vez mais de tempo, de anos a mais, décadas, para adiarmos talvez o confronto com o que fizemos de nós. “Desejando prolongar a todo custo a vida, esquecem-se de dar sentido ao seu presente, que sem isso se esfacela e se perde, somente podendo ser recuperado como nostalgia do passado” diz Santos. Quando é pobre a qualidade do que vivemos, tentamos compensar buscando uma maior quantidade de tempo, não se sabe muito bem para que, mas guarda-se a idéia de, com isto recuperar alguma qualidade ao vivido.

 

O homem pós-moderno cada vez mais desafiado a ser vitorioso, cobrado por conquistas impossíveis, descentrado de si mesmo necessita desesperadamente de tempo, de anos a mais, de visual jovem com o qual possa  distanciar-se do envelhecer e do morrer, vistos por nossa cultura triunfal não como momentos naturais do viver, mas como fracasso. Maníacamente triunfal, frustrada, violenta e depressiva, está assim nossa cultura. E haja longevidade para se reparar tanta frustração.  

 

A satisfação em relação ao que fazemos da vida é um termômetro de bem estar. O ser que construímos, o sentimento de que conquistamos nossas coisas, nossos projetos, gera um grau de satisfação que nos faz amar o vivido, que pode tornar-se um elogio à serenidade. Essa satisfação é o que pode assegurar tranqüilidade e sustentar os dias outonais do envelhecer. Refiro-me à satisfação com o próprio eu, com a vida vivida, algo muito interno, só avaliável pelo olhar interior.

 

Falo do estado de satisfação que resulta da qualidade do que estamos vivendo. Esta satisfação será capaz de nos libertar da ânsia por uma longevidade sem tamanho. Qualquer vida vivida com intensidade, sentido e satisfação pode ser de bom tamanho. Falo da Gerotranscendência, que é a capacidade de mudarmos de atitude, de meta, de perspectivas, de olhar sobre a vida, sobre nós e sobre os outros. Otávio Paz dá uma pista importante: “O amor é uma das respostas que o homem inventou para olhar de frente a morte”. Talvez amando mais a vida, os outros, os filhos, os amigos, possamos ser mais felizes e consigamos achar o bom tamanho para a vida.

 

A Gerotranscendência pode forjar em nós um ego forte capaz de dar sustentação ao envelhecer. Gerotranscendência vem sempre seguida por um nível maior de satisfação com a vida. Acolhendo a morte e não negando-a, podemos amar mais a vida. É isso que temos nas mãos: a vida. E ela é preciosa. Tem que ser dignificada, valorizada, significada, bem vivida enquanto está aí.

 

Pensando as conseqüências da longevidade, sobretudo no que tange as questões da memória e das demências, Dráuzio Varela alertou: “Chegar ao fim da vida enclausurados num mundo estranho talvez seja o preço a pagar por insistirmos em viver mais tempo do que a evolução previu”. Pode ser necessário pensarmos mais nisso. A vida vale pela qualidade que garantimos para ela. Pode ser sábio aprender a ser feliz com a vida que se tem nas mãos. Prolongá-la não garante que seremos mais felizes. O tempo vivido com sentido pode ser o maior elogio que faremos à vida.

 

*Professora da Unicap, artigo publicado no Diário do Pernambuco (3/12/2005), veículo para o qual a pesquisadora mentora escreve regularmente.

 

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Respostas a este tópico

Muito agradecida pela materia.

MARAVILHA !!!!!
ADOREI .......MUITO BOM !



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