BOM JARDINEIRO FAZ.......

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BOM JARDINEIRO?

. Experiência. É verdade, a jardinagem no fundo é uma actividade artesanal, só se é bom artesão ao fim de muitos anos e começando como aprendiz. O problema é que hoje o que há de excesso de academismo, falta em saber e cada vez há menos quem ensine. Quando desaparecem os mais antigos, os nossos avós, são realmente insubstituíveis.
2. Consistência e persistência. É verdade, mas infelizmente são mais dois bens a escassear numa época de imediatismo radical. Toda a gente quer tudo e quer tudo agora. Esperar que uma semente germine e cresça é demasiado século passado. Mais vale ir ao supermercado comprar legumes, de preferência já lavados. E sem bichos.
Quando não é isso, é a vida e a força de vontade diminuta no fim de um dia cansativo, como tendem a ser todos para a maior parte das pessoas. Infelizmente a jardinagem requer alguma atenção regular, que pode ser regar diariamente no Verão. Não se pode esperar desaparecer e voltar para encontrar tudo na mesma. As ervas tomaram conta, as plantas morreram e os caracóis trataram do resto.
3. Observação e adaptação. É verdade, estou convencido que é a observação a diferença principal entre um bom e um mau jardineiro. As pessoas que andam por aqui a arruinar os jardins e aparentemente vivem disso, conseguem passar pelas plantas sem as ver.
A jardinagem oferece a quem se esforça uma natural grande capacidade de observação, que pode ser utilizada em inúmeras circunstâncias. Nesse aspecto, a fotografia que é um hobby complementar, também ajuda muito.
Depois vem a adaptação para condições sempre em movimento… mais um ataque de afídios, o vento que tombou as favas e um sem número de contrariedades que atendidas a tempo não causam nenhuma perda. Às vezes adubar um vaso ou mudá-lo de sítio, é o bastante para uma planta que definha se recompor. Outras vezes, não.
4. Fracasso. Não é verdade, aquilo com que menos aprendo é com o fracasso. Aprender com os erros tende a ser sobrevalorizado, eu no máximo tento cometer sempre erros diferentes e mesmo assim aprendo pouco. O fracasso só me permite saber aquilo que não devo fazer e diz-me pouco ou nada sobre o que devo fazer.
No entanto, deve-se aceitar os insucessos do jardim como fazendo parte da vida. Não são plantas de plástico, nascem, vivem e morrem. Pode ser por nossa culpa, pode não ser.
Sou sensível ao argumento que as revistas apresentam jardins impossíveis e fantasiosos. Confesso que nas revistas inglesas muitas vezes não entendo o que se passa… é possível um relvado milimétrico, ladeado com mixed borders saídos de um quadro e grandes árvores que miraculosamente não deitam uma folha para o chão? Talvez não e hoje parece-me mais que certo que nunca conseguirei nada igual nem parecido, mas adoro ver esses jardins e saber que há pessoas que se dedicam realmente à jardinagem.
Portanto, para mim, o perfeccionismo não está morto. É algo que persigo, nem que seja apenas numa flor que depois fotografo e guardo. Naquele momento estava perfeita, no dia seguinte, quem sabe?
Realmente a jardinagem pode ser uma lição de vida. Uma das coisas que aprendi é que não há apenas uma maneira certa de fazer as coisas. Vou aprendendo a experimentar, observar e a tolerar. A ter paciência e a perseverar numa actividade materialmente negligenciável. Mas que dá tantas outras coisas.