Anjo de Luz

Informação é Luz , ajude a propagar

COMO SURGE O UNIVERSO - UM DIÁLOGO COM H.P.BLAVATSKY

 

COMO SURGE O UNIVERSO

  

Um Diálogo de H. P. Blavatsky Com Seus Alunos,  

Sobre o Primeiro Versículo das Estâncias de Dzyan

 

 

Helena P. Blavatsky

 

 

Nota Editorial:

 

O texto a seguir é transcrição de uma conversa com Helena Blavatsky (1831-1891). Nele, a fundadora do movimento esotérico moderno responde, durante reunião em Londres e já na etapa final da sua vida, a perguntas diretas de seus alunos sobre a origem do cosmos.

 

A tradução ao português e a revisão final são de associados da Loja Unida de Teosofistas  em Los Angeles, no Brasil e em Portugal. 

 

O estudo da cosmogonia esotérica exige um esforço intelectual, mas é, sobretudo, uma prática meditativa. Ele amplia a consciência do estudante. Ele cria novas conexões cerebrais. Ele estabelece um contato ampliado entre o indivíduo e o seu próprio eu superior ou alma imortal.  Cada ser humano é um resumo microcósmico do universo, e, portanto, o estudo sério da evolução do cosmo é necessário para conhecer a si mesmo.  

 

Segundo a tradição esotérica, toda experiência iniciática avança na direção de compreender o Universo e as suas leis. Deste modo o indivíduo torna-se consciente da sua relação com o cosmo.

 

A percepção da sua unidade com o universo transforma gradualmente, de dentro para fora, cada aspecto da vida do estudante.  A mudança ocorre em parte por uma espécie de osmose entre diferentes aspectos da consciência. No início o despertar pode ser quase imperceptível, ganhando força aos poucos. 

 

No diálogo a seguir, H. P. Blavatsky explica o primeiro versículo da Estância I, da Cosmogênese, na obra “A Doutrina Secreta”. [1]

 

(CCA)

 

NOTA: 

 

 

[De “A Doutrina Secreta”, Volume I]

 

ESTÂNCIA I

[Sobre o Momento Anterior ao Surgimento do Universo]

 

Versículo I.

 

1. Envolta em suas vestes sempre invisíveis, a eterna progenitora (o Espaço) havia dormido, mais uma vez, durante sete eternidades.

 

Pergunta:

 

Nas páginas 8 e 9 do Proêmio de “A Doutrina Secreta” [edição original em inglês],  vemos a seguinte explicação sobre o Espaço, considerado em abstrato:

 

“[...] A unidade Absoluta não pode transformar-se no infinito, porque o infinito pressupõe a extensão ilimitada de algo e a duração ilimitada deste ‘algo’; e o Todo Uno não é um objeto nem um sujeito de percepção; ele é como o Espaço. O Espaço é a única representação mental e física do Todo Uno nesta Terra ou em nosso plano de existência.

 

Se alguém pudesse pensar que o Todo Eterno Infinito, a Unidade Onipresente, ao invés de existir na Eternidade se transforma através da manifestação periódica em um Universo multidimensional, ou em uma personalidade múltipla, aquela Unidade deixaria de ser uma Unidade. A idéia de Locke segundo a qual ‘o Espaço puro não é capaz de resistência nem de movimento’ é uma ideia errada. O Espaço não é nem um ‘vazio ilimitado’ nem uma ‘plenitude condicionada’, mas ambos; porque ele está no plano da abstração absoluta, da Deidade sempre incognoscível, que é um vazio apenas para as mentes finitas e no plano da percepção maiávica. O Espaço é o Plenum, o Recipiente absoluto de tudo o que é; seja manifestado, seja não manifestado.  Ele é, portanto, aquele TODO ABSOLUTO.

 

Não há diferença entre a afirmativa do Apóstolo cristão segundo a qual ‘Nele vivemos, nos movemos e existimos’ e a do Rishi hindu: ‘O Universo vive em Brahma, teve sua origem em Brahma, e voltará a Brahma (Brahmâ)’. Porque Brahma (neutro), o imanifestado, é esse Universo in abscondito; e Brahmâ, o manifestado, é o Logos, que é transformado em masculino-feminino nos dogmas simbólicos ortodoxos. O Deus do Apóstolo-Iniciado, assim como o do Rishi, é tanto o ESPAÇO visível como o ESPAÇO invisível.  No simbolismo esotérico,  o Espaço é chamado ‘o Eterno Mãe-Pai de Sete Peles.’  Desde a sua superfície indiferenciada até sua superfície diferenciada, ele é composto de sete camadas. O Catecismo esotérico Senzar pergunta: ‘O que é que foi, é e será, quer haja um Universo ou não; quer haja deuses quer não?’ E a resposta é: ‘O ESPAÇO’.”

 

Mas por que se fala do Espaço como a eterna progenitora, em termos femininos?

 

Resposta:

 

Não em todos os casos, pois na passagem anterior o Espaço é chamado de “Eterno Mãe-Pai”.  Mas quando se fala do Espaço como feminino o motivo é que, embora seja impossível definir Parabrahm [1] , uma vez que falamos desse primeiro algo que podeser concebido, deve-se tratá-lo como um princípio feminino. Em todas as cosmogonias, a primeira diferenciação era considerada feminina. É Mulaprakriti que oculta ou coloca um véu sobre Parabrahm; é Sefira, a luz que emana inicialmente de Ain-Soph; em Hesíodo é Gaia, que emerge do Caos e antecede Eros (“Theog.”, IV, 201-246).  

 

Isso é repetido em todas as criações posteriores e menos abstratas, mais materiais, como acontece com Eva, criada a partir da costela de Adão, etc. A deusa e as deusas vêm primeiro. A emanação inicial se torna a Mãe imaculada da qual surgem todos os deuses,  as forças criadoras antropomorfizadas. Devemos adotar o gênero masculino ou feminino, porque não podemos empregar algum pronome neutro (“Aquilo”).  Rigorosamente falando, desde “Aquilo” [2], como neutro, não pode surgir nada; nem uma radiação, nem uma emanação.

 

Pergunta:

 

Esta primeira emanação é idêntica à Neith [3]  egípcia?  

 

Resposta:

 

Na realidade, ela transcende Neith. Mas, em certo sentido, e num aspecto inferior, ela é Neith.

 

Pergunta:

 

Então, o AQUILO em si mesmo não é “o Eterno Mãe-Pai de Sete Peles”?

 

Resposta:

 

Certamente não. Na filosofia hindu, o AQUILO é Parabrahm, aquilo que está além de Brahma ou, como se diz agora na Europa, o “incognoscível”.  O espaço a que nos referimos é o aspecto feminino de Brahmâ, o masculino.  

 

Ao primeiro sinal de diferenciação, o Subjetivo passa a emanar, ou passa a cair, como uma sombra, no Objetivo, convertendo-se no que é chamado de a Deusa Mãe. Dela surge o Logos, isto é, o Deus-Filho e o Deus-Pai, ao mesmo tempo, ambos imanifestados. Um deles é a Potencialidade, o outro a Potência.  Mas o Deus-Filho não deve ser confundido com o Logos manifestado, que também é chamado de “Filho” em todas as cosmogonias.

 

Pergunta:

 

A primeira diferenciação do AQUILO absoluto é sempre feminina?

 

Resposta:

 

Só na linguagem simbólica. Estritamente falando, a primeira diferenciação é assexual. Mas o aspecto feminino é o primeiro que a diferenciação assume na concepção humana, e a sua materialização subseqüente depende em qualquer filosofia do grau de espiritualidade do povo ou nação que produziu o sistema.   Por exemplo: na Cabala dos Talmudistas, AQUILO é chamado de AIN-SOPH, o sem fim, o ilimitado, o infinito (os atributos são sempre negações); contudo, quando mencionam este Princípio absoluto, se referem a Ele!!  

 

A partir deste princípio absoluto, o Círculo negativo e Ilimitado de Luz Infinita emana a primeira Sefira, a Coroa, que os Talmudistas chamam de “Torá”, a lei, explicando que ela é a esposa de Ain-Soph.   Isso é antropomorfizar radicalmente o Espiritual. 

 

Pergunta:

 

Acontece o mesmo com as Filosofias hindus?

 

Resposta:

 

Acontece exatamente o oposto.  Pois, se consultamos as cosmogonias hindus, constatamos que Parabrahm sequer é mencionado, mas apenas Mulaprakriti.  Esta última é, por assim dizer, a delimitação ou o aspecto de Parabrahm no universo invisível. Mulaprakriti significa a raiz da Natureza ou da Matéria. Mas não podemos chamar Parabrahm de “Raiz”, pois ele é a absoluta Raiz sem Raiz de tudo. Portanto, devemos começar com Mulaprakriti, o Véu deste incognoscível.

 

Aqui, novamente, notamos que em primeiro lugar está a Deusa Mãe, o reflexo ou a raiz subjetiva no primeiro plano da Substância.  Depois ocorre o Logos imanifestado, que surge desta Deusa Mãe, ou melhor, reside nela; ele é ao mesmo tempo seu Filho e marido; é chamado de “o Pai oculto”.

 

Dos dois surge o primeiro Logos manifestado, ou Espírito; o Filho, de cuja substância emanam os Sete Logoi [4]. A síntese dos Sete Logoi, quando vista como uma Força coletiva, converte-se no Arquiteto do Universo Visível. Eles são os Elohim dos judeus.

 

Pergunta:

 

O Espaço, ou a deidade desconhecida, é chamado nos Vedas de “Aquilo” e é mencionado mais adiante. Que aspecto dele é chamado aqui de “eterna progenitora”?    

 

Resposta:

 

É o Mulaprakriti Vedantino e o Svabhavat [5] dos budistas, ou esse algo andrógino de que temos falado, que é diferenciado e não-diferenciado. No seu primeiro princípio ele é uma abstração pura, e se diferencia só quando se transforma em Prakriti [6], ao longo do tempo. Se o comparamos com os princípios humanos, corresponde a Buddhi, enquanto Atma corresponderia a Parabrahm; Manas a Mahat, e assim por adiante.

 

Pergunta:

 

Quais são, então, as sete camadas do Espaço, já que no Proêmio de “A Doutrina Secreta” há uma referência a “Mãe-Pai de Sete Peles”?

 

Resposta:

 

Platão e Hermes Trismegisto o veriam como o Pensamento Divino, e Aristóteles consideraria este “Mãe-Pai” como a “privação” da matéria. É isso que se converterá nos sete planos do ser, começando com o espiritual e passando, através do psíquico, até o plano material. Os sete planos de pensamento ou sete estados de consciência correspondem a estes planos. Todos estes grupos de sete são simbolizados pelas sete “Peles.”

 

[ O diálogo prossegue.]

 

NOTAS:

 

[1] Parabrahm - O princípio universal absoluto e indescritível, o Espaço abstrato infinito, e, também, a Lei universal. (CCA)

 

[2] “AQUILO” (“IT” no original em inglês).  “Aquilo” é usado em filosofia oriental para mencionar o aspecto supremo, inefável e indescritível, da Realidade.  (CCA)

 

[3] Neith - Deusa do Egito antigo, associada aos mitos da criação.  Segundo Arthur Cotterell, acreditava-se que Neith havia tecido o mundo, fazendo com que ele passasse a existir através do trabalho com o seu tear.   O culto a Neith era localizado no Baixo Egito.  Ver “The Illustrated Encyclopedia of Myths and Legends”, Arthur Cotterell, Cassel-Marshall Editions, London, 1989, p. 226.  (CCA)

 

[4] “Sete Logoi”. Logoi é o plural de “Logos”.  A palavra é de origem grega.  Em linguagem popular, é aceitável usar “Logos” também como se fosse plural, “Sete Logos”. (CCA)

 

[5] Svabhavat é a substância essencial do mundo físico, assim como Mulaprakriti. Toda a natureza, o universo, surge de Svabhavat.  Por isso é chamado de pai-mãe. (CCA)

 

[6] Prakriti - a natureza, em seu aspecto material. O mundo físico. (CCA)

 

000000000000000000

 

O texto acima constitui o inicio da segunda parte da obra “Diálogos da Loja Blavatsky”.   

 

000000000000000000000000000000

 

 

 

Exibições: 60

Comentar

Você precisa ser um membro de Anjo de Luz para adicionar comentários!

Entrar em Anjo de Luz

Seja um apoiador de Anjo de Luz

Para mantermos os sites de Anjo de Luz, precisamos de ajuda financeira. Para nos apoiar é só clicar!
Ao fazer sua doação você expressa sua gratidão pelo serviço!

CHEQUES DA ABUNDÂNCIA

NA LUA NOVA.

CLIQUE AQUI

 
Visit Ave Luz

 

PUBLICIDADE




Badge

Carregando...

Co-criando A NOVA TERRA

«Que os Santos Seres, cujos discípulos aspiramos ser, nos mostrem a luz que
buscamos e nos dêem a poderosa ajuda
de sua Compaixão e Sabedoria. Existe
um AMOR que transcende a toda compreensão e que mora nos corações
daqueles que vivem no Eterno. Há um
Poder que remove todas as coisas. É Ele que vive e se move em quem o Eu é Uno.
Que esse AMOR esteja conosco e que esse
PODER nos eleve até chegar onde o
Iniciador Único é invocado, até ver o Fulgor de Sua Estrela.
Que o AMOR e a bênção dos Santos Seres
se difunda nos mundos.
PAZ e AMOR a todos os Seres»

A lente que olha para um mundo material vê uma realidade, enquanto a lente que olha através do coração vê uma cena totalmente diferente, ainda que elas estejam olhando para o mesmo mundo. A lente que vocês escolherem determinará como experienciarão a sua realidade.

Oração ao Criador

“Amado Criador, eu invoco a sua sagrada e divina luz para fluir em meu ser e através de todo o meu ser agora. Permita-me aceitar uma vibração mais elevada de sua energia, do que eu experienciei anteriormente; envolva-me com as suas verdadeiras qualidades do amor incondicional, da aceitação e do equilíbrio. Permita-me amar a minha alma e a mim mesmo incondicionalmente, aceitando a verdade que existe em meu interior e ao meu redor. Auxilie-me a alcançar a minha iluminação espiritual a partir de um espaço de paz e de equilíbrio, em todos os momentos, promovendo a clareza em meu coração, mente e realidade.
Encoraje-me através da minha conexão profunda e segura e da energia de fluxo eterno do amor incondicional, do equilíbrio e da aceitação, a amar, aceitar e valorizar  todos os aspectos do Criador a minha volta, enquanto aceito a minha verdadeira jornada e missão na Terra.
Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

© 2024   Criado por Fada San.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço