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Pai Joaquim de Aruanda - A VIDA HUMANA PARA O ESPÍRITO

Por Pai Joaquim de Aruanda

Ao longo de nossos encontros já falamos muito de vida humana e de espírito.  Hoje gostaria de juntar as duas coisas e dizer o que é a vida humana para o espírito e o que é o espírito para a vida humana. Acho interessante se conversar sobre este tema, pois a compreensão do que é o espírito para a via humana e o que é a vida humana para o espírito é fundamental para aquele que se diz buscador de Deus.

Há um ditado que diz que quem faz a mesma coisa que os outros, alcança o mesmo resultado daqueles. Portanto, se vocês se sentem diferente, ou seja, sentem-se buscadores de Deus enquanto outros não se sentem assim, precisam viver diferente deles. Se isso não acontecer, ou eles também são buscadores ou vocês não são.

A partir da compreensão de que há uma necessidade de ser diferente para ser o que vocês querem ser, cria-se, então, a necessidade da compreensão do que é a vida humana para o espírito e o espírito para a vida humana. Se, para você que se diz buscador, a vida humana possuir o mesmo sentido que tem para aqueles que não buscam, que diferença você faz? A questão do bem compreender o valor da vida humana para o espírito e vice-versa é importante, pois como ensina Cristo, quem apenas cumprimenta seus amigos não possui nenhuma vantagem sobre o ateu, já que qualquer um faz isso…

Se você vive como os pecadores, que diferença faz se diz que é um buscador ou não? É isso que Cristo nos alerta e com isso nos conclamou a sermos diferentes daqueles que não buscam. Justamente para responder a esta conclamação é que iremos falar sobre o que é a vida humana para o espírito e o que é o espírito para a vida humana.

Para começar, pergunto: quem pode dizer o que é a vida humana para o espírito? Com certeza não pode ser um espírito encarnado, pois este está humanizado e por isso não consegue ter a perfeita compreensão sobre o tema. Apenas aquele que não está contaminado com as razões humanas, que como já vimos não é guia infalível para a elevação espiritual, pode servir para nos orientar na compreensão do tema.

Sendo assim, quem pode nos orientar não é um espírito encarnado, mas sim alguém que não está na carne. Mas, quem dentre estes podem nos servir de guia nesta compreensão? Somente um mestre. Não podemos nos deixar levar, quando o assunto é compreender a vida humana para o espírito, por qualquer ser, pois a maioria dos que se apresentam ao mundo humano ainda estão humanizados, ou seja, ainda se deixam guiar por razões humanizadas. Somente aquele que está livre das amarras humanas podem nos servir de guia.

Quem são os espíritos que estão livres das amarras humanas? São os enviados de Deus, que nós chamamos de mestres. Aqueles que trouxeram os ensinamentos sobre os quais foram geradas as doutrinas religiosas: Buda, Krishna, Cristo, Espírito da Verdade, etc. Mas, dentre estes, qual aquele que pode nos falar mais diretamente sobre este tema? O Espírito da Verdade…

O grupo de espíritos que passou suas mensagens a Kardec e com isso trouxe a doutrina espírita dos espíritos – faço esta distinção, porque hoje existe uma doutrina espírita humana e não mais dos espíritos. É nas informações deste grupo de seres libertos das amarras da materialidade que temos que nos basear para criar uma compreensão do que é a vida humana para o espírito e a partir dela construir uma forma de viver diferente daqueles que não estão buscando a elevação espiritual.

Onde posso encontrar argumentos que justifique a minha afirmação que é o Espírito da Verdade que pode afirmar o que é a vida humana para o espírito? Na introdução ao estudo de O Livro dos Espíritos. Neste texto, Kardec, sugestionado pelos espíritos, afirma:

“Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível”. (Introdução I)

Quando o codificador fala isso, acaba de dizer que a função do espiritismo é mostrar o que é a vida humana para os espíritos. São os textos da codificação que vão dizer o que é a vida humana para os espíritos, pois tudo o que está ali afirmado mostra a relação dos espíritos com o mundo material.

Sei que tem gente que acha que o Espiritismo é a doutrina da reencarnação, mas isso é ilusão. O conhecimento sobre o nascer diversas vezes é muito antigo na humanidade. Platão já falava nisso e antes dele o mundo oriental já conhecia a existência este processo. O conhecimento da existência das encarnações sucessivas é muito antigo no planeta, tanto assim que Krishna, muito antes do advento da reforma, já fala na roda de encarnações ou sansara. Buda também se referiu a isso quinhentos anos antes de Cristo. Portanto, o espiritismo não é a doutrina da reencarnação, não tem como objetivo ensinar a existência das múltiplas oportunidades de elevação, mas sim ensinar o que é a vida humana para o espírito, ou seja, ensinar a relação entre o mundo espiritual e o material.

Começamos nosso trabalho, então, definindo a fonte que vamos usar para descobrir o que é a vida humana para o espírito e vice-versa. Será em O Livro dos Espíritos e nos demais livros trazidos pelo Espírito da Verdade através das mãos de Kardec que encontraremos o que é a vida humana para o espírito e o que é o espírito para a vida humana. Por isso, tudo o que dissermos aqui buscaremos fundamento e O Livro dos Espíritos.

Participante: não compreendi… Há uma doutrina espírita dos espíritos e outra humana?

Sim, existe uma doutrina espírita dos espíritos e há uma que se utiliza dos mesmos ensinamentos, mas que está humanizada na sua interpretação. Ao longo de nossa conversa a diferença entre elas ficará bem clara, pois existem informações que existem na doutrina espírita dos espíritos que não faz parte da humana, aquela que é vivida pelos seres humanos que seguem esta religião.

Vou lhe dar apenas um exemplo agora para que você possa compreender o que estou dizendo. A doutrina espírita humana não aceita Deus como causa primária de todas as coisas, mas apenas do que ela quer aceitar. Não aceita o Pai como causa primária de tudo, mas de apenas algumas coisas.

A doutrina espírita humana, por exemplo, não aceita Deus como Causa Primária dos elementos materiais. Crê que o vírus da gripe pode causar a doença por ação livre sua, quando em O Livro dos Espíritos se afirma o seguinte:

“07. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas? Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária”.

Nesse texto está bem claro: existe sempre uma causa primária e esta está em Deus, como, aliás, consta da resposta à pergunta 01 do mesmo livro:

“01. Que é Deus? Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.

Apesar de tudo isso, os espíritas de hoje ainda acreditam que a propriedade dos elementos físicos pode agir livremente sem que o Pai tenha causado o acontecimento. E nem se pode colocar a culpa desta compreensão no próprio Kardec, pois ele compreendeu bem a questão:

“Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que há de ter uma causa”. (Comentário à resposta da questão 07).

Portanto, a doutrina espírita dos espíritos acredita que é Deus que dá a gripe ao homem e a humana crê que foi o vírus que se instalou por uma combinação fortuita no homem. Para estes recomendo a leitura da resposta dos espíritos à questão 08 de O Livro dos Espíritos:

“Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou por outra, ao acaso? Outro absurdo! Que homem de bom senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada”.

Você poderia dizer que o tema que estou levantando se constitui apenas num debate ideológico, de uma questão de semântica, mas isso não é verdade. A compreensão sobre este tema traz profundos reflexos para o que estamos estudando: a vida humana para o espírito. Digamos que amanhã você tem uma atividade que se realizada lhe trará grande lucro, seja moral, espiritual ou até mesmo material. Digamos, ainda, que você não a consiga realizar porque contraiu gripe e não possa sair da cama.

Como viverá este momento? Com certeza o viverá com angústia e pesar. Desta forma, naquele momento não estará agindo como um ser elevado, pois, como ensina o Espírito da Verdade na pergunta 115 de O Livro dos Espíritos, o que caracteriza a elevação de um ser é a vivência da felicidade que Deus tem prometido.

Agora, digamos que você conheça a doutrina espírita dos espíritos. De posse deste conhecimento, que afirma que tudo é causado por Deus, certamente não se lamentará com o fato de não poder realizar o que pretendia, pois se a gripe foi causada por Ele é sinal que Ele não quer que você faça. Com isso poderá viver a sua doença em paz e harmonia e com isso provará que atingiu a perfeição.

Viu como não se trata de um debate ideológico? Trata-se sim de explicar a vida humana aos seres humanizados como ela realmente acontece para que eles possam aproveitar as oportunidades que tem de mostrarem a si mesmo que já aprendeu tudo o que estudou antes da encarnação.

Como estes, existem diversos aspectos da doutrina espírita dos espíritos que são desconsiderados pelos seres humanizados, aqueles que seguem a doutrina espírita humana, e que precisam ser levados em consideração por aqueles que dizem buscar a união com Deus como objetivo de sua existência. Por isso vamos ter estas conversas…

Participante: no próximo mundo, o de regeneração, os espíritos ainda vão se achar humanos ou isso acaba aqui, no mundo de provas e expiações?

Sobre isso já falei diversas vezes. O próximo mundo não será habitado por seres que se sentem humanos, mas sim onde os seres universais se compreenderão como espíritos na carne.

Participante: o que devemos fazer quando as pessoas nos maltratam? Qual deve ser nossa atitude?

A que Cristo ensinou: ame. Se alguém lhe dá uma bofetada, dê a outra face; se alguém lhe pede emprestado, dê; se alguém lhe faz carregar um peso por um quilômetro, carregue dois… Se você quiser saber o que fazer é só ler o que Cristo ensinou…

Participante: você poderia falar qual seria a aparência do amar quando alguém lhe dá uma bofetada? Através de uma conversa com o agressor ou aos gritos esse amor poderia também estar acontecendo?

Estou falando de amor universal. Ele acontece no coração e não na ação. Portanto, o oferecer a outra face acontece no coração e na atividade ou ação humana não importa qual seja o acontecimento.

Até porque, Cristo, aquele que foi a conjugação do verbo amar, ofendeu, brigou e matou, mas amou. Melhor: praticou ações que tinham estas coisas enquanto o coração estava amando.

Participante: Cristo matou?

Matou e injustamente, pois matou uma figueira que não dava frutos numa época que não deveria realmente dar.

‘Ah, mas era só uma figueira’, vocês me diriam. Mas podem ter certeza que ela não gostou de morrer…

Participante: já nos falaram que espíritos humanos não podem voltar em corpos animais. Outros dizem que sim. Qual a verdade?

Primeiro você precisa entender o que é um espírito num corpo humano. Trata-se de um ser que está vivendo provas morais. O animal tem estas provas? Não, porque ele não tem raciocínio. Possui um tipo de inteligência que se chama instinto.

Sendo assim, se um ser já possui inteligência, é sinal que está em provas morais e por isso não pode fazer prova em outra turma, junto com estudantes de outro grau. Portanto, só pela lógica extraída da compreensão do que é uma coisa e outra você pode entender que o ser que encarna num ser humano não pode reencarnar num animal.

Apenas mais uma questão: não estou afirmando que um grau é mais ou menos evoluído do que o outro. O que estou dizendo é que são turmas diferentes e que por isso um ser não pode navegar entre uma e outra.

Participante: temos notícias de que já há um novo mundo de provas e expiações para onde estão indo os espíritos que forem reprovados aqui na Terra. Pelo que você disse, eu entendi que estes espíritos não começarão o seu processo evolutivo neste momento, mas que só iniciarão seu processo encarnatório quando houver uma forma mais elevada no novo planeta?

Sim, eles só começarão a sua encarnação quando houver uma forma racional. Não uma forma humana, mas uma onde exista o processo racional. É por isso que mesmo depois de anos do processo de exílio daqueles que não têm mais oportunidade de elevarem-se no planeta Terra ainda não começaram a encarnar no novo. Eu diria que os que foram exilados daqui estão no umbral de lá esperando o processo encarnatório racional começar para encarnar.

Participante: você já afirmou que a definição de um ser humano é a encarnação de um espírito e nada mais. Pode falar disso?

Quem fala isso não sou eu, mas o próprio Espírito da Verdade. Esta informação faz parte da nossa conversa de hoje e por isso vou responder a sua pergunta dando continuação ao que temos para falar hoje.

Uma vida humana para o Espírito da Verdade é a encarnação de um espírito. Todo ser humano, segundo a definição dada em O Livro dos Espíritos, é um ser encarnado. Todo ser nesta condição vive uma encarnação, uma vida.  A partir disso temos, então, a nossa primeira resposta ao tema que levantamos hoje: a vida humana para o espírito é uma encarnação.

O espírito não trata a vida humana pelos mesmos elementos que a razão utiliza para definir o que é vida. Ele a trata com os elementos espirituais, ou seja, os objetivos da encarnação. Para os espíritos não há ninguém vivo ou morto, mas sim seres que vivem uma encarnação humana ou não.

Esta é a primeira questão que precisamos levantar para nós que dizemos que estamos buscando nos aproximar de Deus: a vida humana é uma encarnação. A partir desta consciência, descobrimos que para nós, quanto o é para os espíritos, o significado dos acontecimentos não são os mesmos para os seres libertos da materialização e os não libertos.

Quem está preso à condição humana como se ela fosse a realidade do universo, a vida é vivida com valores humanos: nascer, crescer, estudar, namorar, casar, trabalhar. Os valores que a mente humana vivencia em cada uma destas situações não existem para os espíritos libertos da materialidade, porque eles vivem uma encarnação e nela não há nascimento, crescimento, namoro, casamento estudo ou trabalho profissional. Tudo isso é substituído por outros valores que já iremos abordar.

Portanto, a primeira mudança que o buscador precisa fazer para poder aproveitar a encarnação é substituir a idéia de que está vivo pela de que está encarnado. Você não está vivo, não está vivendo uma vida humana. Você é um espírito e como tal precisa compreender que está vivendo encarnação.

Antes de continuarmos vamos deixar uma coisa bem clara, pois os que não me conhecem podem achar que sou muito genérico. Não existem divisões no tudo. Quando se afirma que todas as coisas são algo, não se pode separar nada: todas as coisas idênticas têm que ser a mesma coisa. Não se pode considerar algumas coisas como sendo algo e outras semelhantes como coisas diferentes. Tudo é tudo.

Sendo assim, tudo o que você chama de vida precisa ser substituído pela idéia de que aquilo é um elemento de uma encarnação. Desde as necessidades básicas de um ser humano até a atitude mais sublime que possa acontecer, é considerado por um espírito como pertencente a uma encarnação e não a uma vida e por isso tratado com valores diferentes.

Vocês, como humanizados que são, tratam os acontecimentos como atividades de uma vida, mas os espíritos não tratam estes elementos desta forma. Para poder se mudar a forma como se vive é importante se atentar à palavra atividade, pois é nela que se reconhece o buscador de Deus e aquele que não só se importa com a vida humana. Isso porque o buscador vive durante uma existência atividades diferente daqueles que simplesmente se contentam em ser humano.

Participante: no novo mundo a Terra haverá umbral ou isso não existirá mais?

Sempre existirá, mas não será o desenho de umbral que vocês conhecem hoje.

Participante: a magia negra pega em todas as pessoas ou só em algumas?

O que é magia negra? É um ato de vida? Sendo, você que é buscador não pode tratá-la humanamente, mas precisa lidar com ela a partir dos ensinamentos trazidos pelos espíritos.

Sendo você um buscador e sabendo que a vida é apenas a encarnação de um espírito, deve tratar este acontecimento como uma atividade de uma encarnação. Tratando-a desta forma deverá guiar-se neste momento de outra forma. Já falaremos sobre a forma de se lidar com as atividades que acontecem durante a vida a partir do momento que se descobre que elas pertencem a uma encarnação e não a uma vida, mas vou adiantar um pouco para não deixar de lhe responder.

Uma das regras da encarnação afirma que ela é dada ao espírito como uma oportunidade dele aproximar-se de Deus. Para isso o espírito precisa sofrer vicissitudes de acordo com o seu merecimento.

Portanto, se a atividade encarnatória é formada pela vivência de vicissitudes, ou seja, de alternância de situações, de acordo com o carma, o merecimento de cada um, o espírito só viverá o ser atacado ou fazer a magia negra, se isso estiver dentro das vicissitudes que Deus determinou para ele como instrumento desta aproximação.

Resumindo: só pega em quem precisa pegar. Mais: só faz quem precisa fazer…

Participante: é possível racionalizar o espírito?

Não.

Participante: podemos dizer que a encarnação do espírito é feito de histórias ilusórias onde cada ação é apenas uma aparência que serve de prova para os espíritos?

Não. Não podemos dizer que a encarnação do espírito é feita através de histórias ilusórias, pois ela é feita através de provas. Estas são geradas através de histórias ilusórias, mas não vamos misturar a encarnação com histórias, com vida. Para o espírito não há vida, não há histórias, mas sim encarnação. É preciso distinguir bem uma coisa de outra.

O espírito nem vê a história que você imagina que está acontecendo. Ele nem sabe o que está acontecendo, mas sim da essência da história, que são os elementos da encarnação e sobre os quais, aproveitando novamente sua pergunta, vamos conversar.

Falei em atividades, mas o que é uma atividade? Na última pergunta foi citada uma palavra interessante que podemos aproveitar para definir atividade: uma história ilusória que a compreensão racional tem.

Por exemplo: vocês imaginam que estão tendo uma atividade de me ouvir. Por que isso acontece? Porque estão humanos e por isso vivem o acontecimento dentro dos valores humanos da atividade. Dentro deles, isso que estão fazendo agora é compreendido como ouvir Joaquim, assistir uma palestra, vir até aqui. Estas são compreensões racionais sobre a atividade que estão vivendo neste momento, mas para o espírito não há atividade humana, mas sim atividade espiritual.

Para o ser que busca se unir a Deus, tudo o que a mente humana declara que está sendo vivido num momento, a história ilusória que foi falada, é trocada pela idéia de estar vivendo uma encarnação. Para aquele que pretende aproveitar esta oportunidade para se aproximar do Pai esta é a única atividade que ele vivencia, não importa o que a mente diga que ele está vivendo.

Enquanto a mente humana declara que está me ouvindo, o espírito sabe que está vivendo uma encarnação. Enquanto você acredita que está escrevendo ou lendo, o espírito sabe que está vivendo uma encarnação. Enquanto acredita que está bebendo água, o espírito sabe que está vivendo uma encarnação.

É por causa desta sabedoria do espírito que respondi que a encarnação não é formada pelas histórias que a mente conta sobre a vida, mas sim pelas provações. Na verdade, para o espírito a história não existe e por isso aqueles que acreditam na sua existência, mesmo sabendo que ela é ilusória, acabam não conseguindo aproximar-se de Deus. Quem acredita na história que a mente cria, crê em atividades variadas enquanto que para o espírito durante tudo aquilo que você chama de vida encarnada existe apenas uma atividade: viver a encarnação, a provação.

Portanto, o espírito não escreve, anda, ouve, senta e não fala: ele apenas vive uma encarnação. Este é o problema que leva vocês muitas a não compreender o que digo. Ficam preocupados em saber como o espírito faz determinadas coisas, pois acreditam que a atividade espiritual é a história que está sendo levada à consciência pela mente. Mas, a atividade do ser universal não tem nada a ver com o que a mente afirma estar acontecendo.

A única atividade que o ser universal pratica é o estar encarnado, o viver as questões ligadas à sua encarnação. Esta é a única atividade que o espírito pratica enquanto encarnado. Por causa disso ele sabe que na sua encarnação existem duas sub-atividades que precisa vivenciar: a provação, que é vivenciada através de expiações, que nada mais são do que as vicissitudes da vida, segundo o Espírito da Verdade e as missões, que se consiste no fato de vestir um corpo de acordo com o mundo em que vive para aí, sob as ordens de Deus, contribuir para a obra geral.

Tudo isso vive o espírito e você que se diz buscador de Deus não pode afirmar que ignora isso porque estas questões estão explicitadas na pergunta 132 de O Livro dos Espíritos que fala sobre os objetivos da encarnação:

“132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns é expiação; para outros é missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal; nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”.

Quando se vê a vida a partir deste prisma, a existência começa a ficar diferente. Para este não mais existe a atividade de falar ou de ouvir, mas apenas provas e missões. Aquele que se sabe buscador de Deus e por isso sabe que é um espírito, precisa constantemente viver provações ou missões e jamais a história que a mente conta sobre os acontecimentos.

Qual a diferença entre prova e missão? Muito simples… Prova é tudo aquilo que lhe fazem durante a vida; missão é tudo aquilo que você faz a outro. Toda atividade humana que você vivencia seja através de percepção ou de formação mental, o espírito não vive a história que está sendo criada sobre o acontecimento, mas sim uma prova. Toda vez que se comunica com alguém, seja, também, através de palavras, gestos ou pensamentos, o espírito vivencia isso como missão e não com a consciência gerada pela mente.

O espírito vivencia o cumprir a missão e não o que ele diz, pensa ou faz para outros; o espírito vivencia a provação e não aquilo que recebe do outro, seja este recebimento classificado como calúnia ou carinho, como afago ou ataque.

Um espírito, por exemplo, jamais pode se prender à questão da prática da caridade material como vocês entendem: dar a quem precisa o que necessita. Como um espírito pode dar comida para alguém se para ele não existem alimentos? Ou será que nunca repararam na literatura espírita que uma das primeiras coisas que o espírito faz é parar de ingerir alimentos?

Por isso, quando a mente cria a idéia de dar comida ou recebê-la o espírito sabe que é apenas um elemento de uma encarnação e não uma realidade. Sabe que são provações ou missões e não uma caridade, um ato amoroso.

Participante: o espírito elevado pode estar encarnado em mais de um corpo ao mesmo tempo?

Não.

Participante: porque às vezes nosso espírito parece se sentir tão cansado?

Você fala em nosso espírito, mas será que existe um espírito e você? Isso não existe; o que há é você, o espírito.

É isso que estou querendo mostrar hoje falando da vida humana para o espírito. Não há um espírito para ser vivido por você, mas elementos de uma encarnação que precisam ser vividos por você, o espírito.

Participante: mas, e quanto à questão do cansaço? O espírito pode sentir-se cansado?

Pode; você não se sente cansado às vezes?

Participante: sim, estou cansado hoje, mas como existe a questão do ego já não sei mais quem está cansado…

Onde o ego existe? Na mente do espírito. Portanto, se na mente do espírito surge a idéia de haver um cansaço e o ser encarnado comunga com ela, torna-se cansado.

Participante: o espírito sai de uma encarnação para outra. Encarnar é trabalhar a consciência que se tem a cada momento? A consciência se manifesta através dos pensamentos?

Encarnar é viver provas que são realizadas através das vicissitudes, que se consiste na expiação. Encarnar é cumprir missões.

Tudo o que você está falando são atividades humanas, a do espírito é viver provas e cumprir missões. Portanto, ele não faz nada disso…

Participante: mas, ele não pode trabalhar a consciência através das provas?

Não, pois a consciência lhe é dada. A consciência é o ego e por isso lhe é dado por Deus. Sendo assim, o espírito não a trabalha. Na verdade, quando lhe vêm uma consciência, ele realiza uma prova.

Ele não a consciência, mas a prova que existe durante a consciência.

Participante: espírito não tem consciência?

Sim, ele tem.

Participante: então, ele pode trabalhá-la.

Na verdade, quando encarnado ele tem duas consciências: a espiritual e a que é dada pelo ego. A primeira pode ser trabalhada pelo ego, mas este trabalho jamais será conscientizado pelo ego e, portanto, pelo ser humanizado. A segunda ele não pode trabalhar, pois ela lhe é dada pela personalidade humana.

Ora, sendo desta forma, lhe respondo que o espírito pode trabalhar a sua consciência, mas este trabalho jamais lhe será consciente.

Participante: mas, estamos falando sobre a consciência do espírito e não da consciência dada pelo ego. Por isso repito a pergunta: o espírito pode trabalhar a sua própria consciência?

O que para você é trabalhar a sua própria consciência?

Participante: é fazer a prova não acreditando no ego.

Então, o que você fala é em fazer prova e não em trabalhar consciência. Aí é que está o grande problema para os buscadores de Deus que estou querendo deixar bem claro nestes comentários sobre a questão atividade.

Precisamos entender a atividade do espírito para que possamos caminhar no sentido de aproximar-se de Deus. Para fazer isso nenhum ser trabalha a sua consciência, mas realiza provas. Para fazer isso trabalha na consciência espiritual, mas não no sentido de alterá-la, mas sim de fazer a prova. Vou tentar explicar o que estou dizendo…

Qual a sua consciência neste momento? Imaginar que está me ouvindo. Você, espírito, está realmente me ouvindo? Não. A idéia de estar me ouvindo é criada pelo ego, pela mente, pela personalidade humana.

Trabalhar a consciência seria mudar a idéia de estar me ouvindo. Isso jamais poderia acontecer, pois não depende de você: por mais que evolua será bombardeado em momentos semelhantes a este pela idéia de estar ouvindo alguém. Por isso, aquele que busca a Deus neste momento não se preocupa em alterar ou mudar esta consciência, mas sim em realizar a sua prova enquanto está recebendo esta consciência.

Como o espírito passa na prova? Quando ama a Deus acima do que está acontecendo e ao próximo como a si mesmo neste momento. É isso que o espírito faz e não mudar a consciência que tem do momento. Ele não se importa com o que é conscientizado, a história que a mente cria, mas sim em amar a Deus e ao próximo neste momento.

Amar a Deus e ao próximo é a atividade que o espírito busca executar em cada momento de sua existência. É preciso sempre se preocupar com a atividade que está exercendo a cada momento, pois só alcança Deus aquele que consegue distinguir qual a atividade que o espírito executa e aquela que é criada pela personalidade que ele vivencia durante a encarnação.

Participante: mas, o espírito não pode imaginar que é o ser humano, como o ator que se empolga e imagina que é o personagem que está representando?

Isto é o resultado de uma forma de exercer uma atividade pelo espírito e não o que ele faz. Quando o espírito se apega à personalidade humana, ou seja, a ama acima de Deus e do próximo, ele exerce a atividade prova e missão de uma forma. Esta forma de viver a sua atividade o leva a imaginar que é o personagem que está servindo como instrumento para a sua encarnação.

Volto ainda a repetir: vocês estão apegados a atividades humanas. Nenhum espírito terá atividade de controlar ou não a sua mente primária que dirá a secundária. Todos os espíritos só têm uma atividade quando encarnado: viver a encarnação, ou seja, realizar provas e cumprir missões. Mais nada…

Portanto, apegar-se ou não ao ego é realizar uma atividade provação de uma determinada forma; apegar-se ou não ao ego é o resultado da prática de uma atividade cumprir missão. Sendo assim, esqueçam qualquer coisa que não seja provação ou missão. Sem isso, dificilmente conseguirão alcançar o Pai, como dizem querer.

Se quiserem viver qualquer outra atividade, jamais conseguirão compreender o que é a vida humana para o espírito.

Participante: pela discriminação e discussão os homens se confundem nos julgamentos e a paixão pela experiência emocional pela qual os méritos das pessoas se tornam confusos vem do espírito ou do ego?

São atividades humanas, portanto, vem do ego. Tratam-se apenas de visões humanas que ocorrem enquanto o espírito está vivendo outra atividade: a de estar encarnado.

Participante: poderia se dizer que entre o animal e espiritual o ser humano está no meio?

Dentro da escala progressiva que você citou, afirmo que o ser humano é um animal. Portanto, não está no meio, mas no início da escala que criou. Agora, se você está falando de cachorro, gente e espírito, eu diria que sim, o ser humano está no meio.

Participante: Jesus viveu na Índia mesmo?

Não.

Participante: o que você acha da idolatria que existe em torno do personagem Jesus. Na nova Terra não haverá mais idolatrias a mestres ou ainda terá?

O que é a idolatria a Cristo, Krishna ou Buda ou até a um ser humano? Uma atividade humana. Sendo assim, não posso afirmar que ela não mais existirá, pois já não existe neste momento. Ela é apenas uma idéia gerada pela mente humana para que o espírito viva a atividade provação que marca a sua encarnação.

Na verdade, enquanto você está preocupado se haverá ou não idolatria no novo mundo se esquece que ninguém idolatra, mas está sempre vivendo provações. Esquecendo-se disso, não faz a sua prova.

É isso que estou querendo mostrar a vocês hoje. Se vocês se preocuparem com as múltiplas atividades que a mente gera, nos perdemos com a imensidão de atividades humanas. É preciso reunir todas as atividades que o ego gera em apenas uma: realizar uma provação espiritual ou uma missão.

Portanto, quando você vive uma atividade de idolatrar ou não Cristo ou qualquer outro, saiba que isso não está acontecendo no nível espiritual, mas está acontecendo uma atividade para o espírito, quer seja ela de provação ou de missão. Enquanto idolatra, aquele espírito é um aluno em provação e um missionário para outros para ver se existe o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo ou se compactua com os julgamentos que a mente faz das coisas deste mundo.

Aquele que é cônscio de sua existência espiritual não se preocupa se há ou não idolatria a qualquer ser humano ou espiritual, pois sabe que esta atividade não é exercida por um espírito, mas por uma personalidade humana e, portanto, apenas ilusória. Ter a consciência precisa do que é atividade do espírito e do que não,é o fundamental para se compreender o que representa a vida humana para o espírito.

A vida humana para o espírito se consiste em provas e missões e qualquer outra atividade que você imagine que está acontecendo e comente comigo eu a abominarei e ficarei com a realidade.

Participante: o que é o eu superior?

O espírito.

Participante: guardando as devidas proporções a consciência seria, então, o efeito e a prova a causa. Poderia ser visto assim?

Sim. Na verdade a consciência é a resposta a uma provação, mas como ela se tornará em nova prova, digo que seu posicionamento está perfeito.

Participante: se só existe prova e missão, o que é que chamamos de expiação.

É a própria prova. Lembra-se do que estava na pergunta 132 de O Livro dos Espíritos?

“Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal; nisso é que está a expiação”.

Ficou claro? A expiação consiste em viver as vicissitudes e estas marcam a provação para o espírito.

Participante: hoje arrumei o armário e pensei porque guardo tanta coisa velha. Então joguei muitas coisas fora, pensando que elas só servem para esta encarnação. Será que devemos nos desfazer das coisas para treinar o desapego e estarmos mais próximos da verdade espiritual e menos da ilusão de humanos?

Aí está um grande exemplo do assunto de nossa conversa de hoje: o que é a vida humana para o espírito. Você abriu o armário, reparou na quantidade de coisas que estavam lá dentro, pensou sobre o que viu, retirou diversos objetos de lá e depois os jogou fora. Ainda por cima agora quer saber se está certo ou errado o que aconteceu. Acontece que não se pode julgar o que não existe ou como afirma Salomão: como contar quando não há números para isso?

Tudo o que você fez são atividades humanas, portanto, apenas realidades ilusórias. Enquanto está vivendo tudo isso não está vivenciando a realidade, ou seja, o que representa a vida humana para o espírito.

Você não abiu armário, pois quando teve a idéia de estar fazendo isso, na realidade, estava vivenciando uma provação. Quando reparou, pensou, decidiu, retirou e jogou fora coisas, na realidade não fez nada disso, pois todas estas coisas são realidades ilusórias que servem apenas para que o espírito tenha a sua atividade provação. No momento em que acreditou estar fazendo esta pergunta, na verdade estava cumprindo uma missão, já que outros a leram, e estava vivendo uma provação.

Veja que diferença entre o que você imaginava que estava vivendo para o que realmente estava sendo vivenciado. Agora, repare numa coisa: se você nem sabia que estava em provação, como poderia realizá-la a contento?

Esta é a aplicação prática do que estamos conversando hoje. Caso você não troque a realidade que vive, vivendo a real e não a ilusória, jamais compreenderá que está em provação e com isso não conseguirá aproveitar a oportunidade da encarnação para elevar-se. Vocês encarnam para fazer provas, mas, ao invés disso, vivem as múltiplas atividades criadas pela mente e com isso não fazem o que viveram fazer.

É disso que estamos tratando aqui. Estamos falando sobre o que representa a vida humana para o espírito para podermos nos conscientizar do que é irreal e substituirmos pelo que é real. Estamos falando que ao ter a percepção de que você abriu o armário conscientize-se de que esta atividade é ilusória e que na realidade está realizando uma provação. Se não fizer isso, você não aproveitará a oportunidade que está tendo.

Por isso estou me prendendo muito a palavra atividade. Para o ser humano existem milhares de atividades, mas aquele que se considera buscador sabe que só existem duas, que são reflexo do fato de estarem encarnados: vivenciar provações e praticar missões. Portanto tudo que me perguntarem sobre o que estão fazendo dentro da percepção humana se foi certo ou errado fazer ou deixar de fazer, eu responderei que isso não importa: o importante é saber se você aproveitou aquela atividade de uma forma espiritual.

Quem se considera um buscador de Deus não deve, portanto, viver as atividades humanas, mas no lugar dela vivenciar a espiritual: uma prova ou uma missão. Se alguém, por exemplo, se sente dependente monetariamente de alguém, não deve viver isso, mas sentir-se como espírito em prova. Quando arruma ou desarruma um armário, se se considera um buscador, não deve acreditar que está praticando esta ação, mas vivendo uma prova. Quando me ouve, não deve se sentir um ouvinte, mas sim um ser universal realizando uma provação. Só assim sua busca terá algum sentido.

Por isso, volto a repetir, estou usando muito a palavra atividade. O buscador para ser diferente dos outros precisa trocar a vida humana pela encarnação e ao fazer isso deverá trocar as múltiplas atividades por apenas duas: viver provas e realizar missões.

Participante: existe um jeito de colocar em prática o que nos ensina? É preciso raciocinar porque não sei quando sou espírito e quando sou humano.

Você é cem por cento ego. A prática que estou falando existe apenas no coração e não na razão. Mas, para falar disso preciso me estender um pouco mais no assunto de hoje…

Quando você está exercendo atividades humanas, que são múltiplas, a reação a ela também é múltipla.  Para cada determinada atividade humana você pode reagir de diversas formas, mas o espírito não vive estas atividades e sim apenas a da provação. Por isso, só existem duas possibilidades de reações a um ser universal: escolher entre o bem e o mal.

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso se consiste o seu livre arbítrio”.

“851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre arbítrio? A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a conseqüência mesma da posição em que vem achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois pelo que toca as provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o seu livre arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou resistir”. (O Livro dos Espíritos)

O bem é Deus, o amor do Pai. Não estamos falando de bom, ou seja, o que é melhor para você, mas estar em uma relação amorosa com Deus. O mal é o individualismo, o amor a si mesmo. Sendo assim, quem opta pelo bem é aquele que ao exercer ilusoriamente a atividade de arrumar um armário está amando, no coração e não na razão, Deus acima de sua atividade e ao próximo como a si mesmo. Já quem opta pelo mal é aquele que ao vivenciar esta atividade ilusória ama a sua opinião, acredita que é certo ou errado fazer o que está fazendo. Este está em relação amorosa apenas com as suas idéias e não com Deus nem com o próximo.

Sendo assim, enquanto você humano busca uma das múltiplas reações possíveis a uma atividade, o espírito apenas ocupa-se em amar individualmente ou universalmente, o amor sem porque, sem para que, sem como. Esta é a resposta a todas as perguntas que vocês me fizerem. Qualquer que seja a atividade que comentem, será uma provação e por isso existem apenas duas respostas possíveis: você está amando universalmente ou individualmente neste momento? Por isso, não me preocupo se você deve ou não esvaziar o seu armário, mas sim se ao fazer isso você está mando universalmente ou individualmente.

Respondendo, então, a última questão que me foi dirigida e que versava sobre a forma de colocar em prática o que estamos conversando, digo que isso só acontecerá quando a cada momento de sua existência, a cada atividade criada pelo ego, ao invés de estar preocupado com as múltiplas reações que a mente diz que podem acontecer, ocupe-se em saber se está amando universalmente ou não. Ocupando-se com esta questão, estará exercendo a atividade espiritual e com isso estará praticando o que estamos conversando.

Quando sua consciência estiver voltada para a realidade espiritual, a real, pouco importa se a sua mente lhe dirá que você gostou ou não do resultado de uma ação: amará a tudo o que fez e a tudo que resultou da sua ilusória ação. Quando a sua atividade for a do espírito, mesmo que a mente acuse sofrimento por não ter o que quer, você poderá manter-se na neutralidade porque estará atento a forma como está amando naquele momento.

Veja a diferença da forma como vivem. Hoje vocês amam a coisa e esperam recebê-la um dia; vivendo a atividade do espírito poderão amar o não ter e por isso a ausência do que é desejado não causa sofrimento, angústia ou nervosismo.

Quem compreende a atividade do espírito sabe que a cada momento há um amor sendo vivenciado e por isso pode optar em como amar: individualmente ou universalmente. Já aquele que está preso às múltiplas atividades ilusórias que a mente cria, perde-se na existência, pois a cada momento está praticando uma ação diferente e com isso se concentra na ação e não no amar. Quem vive deste jeito não se preocupa se fez ou não, mas em amar o que foi feito ou deixado de fazer.

Agora, repare que estou falando em amar de coração e não de razão. Qual a diferença entre as duas coisas? Amar pela razão é ter razões para amar; amar de coração é ter este sentimento sem motivação. Por isso posso dizer que aquele que aproveita a oportunidade da encarnação para aproximar-se de Deus é quem tem o seu coração sempre leve e solto de quaisquer amarras. Este é aquele que ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Quem vive isso não tem amarguras, ressentimentos ou ansiedades no seu coração. No entanto, para viver desta forma é preciso que o ser esteja concentrado em cada momento de sua existência em acabar com a multiplicidade de realidades e de possíveis reações e concentrar-se apenas em viver a atividade espiritual. Só quem faz isso pode concentrar-se na forma como ama. Já aquele que está iludido pelas múltiplas atividades tem tanta coisa para se atentar que se esquece de verificar como está amando.

Veja como a vida e o alcançar o objetivo do buscador ficam simplificados quando se entende perfeitamente qual o valor da vida humana para o espírito. Veja como as coisas mudam. Já não se trata mais de aprender a como reagir a quem lhe ofende – será que se dá a outra face fisicamente, será que se pode brigar mesmo amando – mas, sim de atentar a forma como se está amando. Quando o tapa na cara se torna apenas uma prova para o espírito e não uma ofensa, o ser pode, então, concentrar-se no seu coração, que como ensina Cristo, é de onde vem o que importa.

Quem alterou a sua realidade não está preocupado que ação humana marcará a sua reação a um determinado acontecimento, mas sim de que forma o seu coração está se comportando naquele momento. Isso porque ao alterar a sua forma de entender os acontecimentos ele sabe que a sua reação já será uma nova provação e, por isso, aguardará este momento em paz e harmoniza consigo e com o mundo.

Participante: como o eu superior interfere em nossa existência?

Como o eu superior, o espírito, interfere na vida humana? Ora, se a vida humana, ou seja, as atividades realizadas fisicamente são a provação do espírito e se o é o ser universal quem escolhe o gênero de provas pelo qual passará durante a encarnação, o eu superior ou espírito é o determinante de todas as atividades humanas.

Quem entende que o espírito pede antes da encarnação o gênero de provas que irá passar e que por isso ‘institui para si uma espécie de destino, que é a conseqüência mesma da posição em que vem achar-se colocado’ (O Livro dos Espíritos – pergunta 851), sabe que as atividades humanas terão que estar em acordo com o gênero de provas pedido. Ou seja, sabe que os acontecimentos humanos de uma encarnação precisam estar em acordo com as atividades espirituais que aquele ser precisa vivenciar.

Quem acredita nos ensinamentos do Espírito da Verdade, a partir do que ele fala nas respostas às perguntas 258 e 851 sabe que nada pode acontecer numa vida humana que não tenha interferência do espírito, do eu superior, como você o chama. E se você crê que o gênero das provas são escolhidas pelo espírito, tem que saber que todas as atividades humanas são oriundas desta ação.

Participante: como diferenciar a atividade humana da espiritual? Nós pobres humanos temos como saber?

É tudo o que estamos conversando hoje…

Como diferenciar a atividade humana da espiritual? Primeiro, sabendo que não há diferença elas. Isso porque não existe a atividade humana. Ela é apenas uma realidade ilusória que surge na mente humana enquanto o espírito está vivendo a sua atividade espiritual. Saiba que enquanto você ser humano exercia a atividade de estar fazendo esta pergunta, o espírito estava exercendo a atividade espiritual que se consiste em escolher entre amar individualmente ou universalmente.

Segundo: trocando a ilusão pela realidade. Ao invés de acreditar que estava fazendo a pergunta, conscientize-se que estava vivendo uma provação. Fazendo isso, ao invés de se preocupar com o que está dizendo, se ocupará em como está amando. Ao invés de crer que está ouvindo uma resposta, saiba que está vivendo uma prova e cumprindo uma missão. É assim que se diferencia a atividade humana da do espírito.

É claro que esta resposta para a sua mente ainda é insuficiente. Como ela é orgulhosa, mal educada e egoísta ainda irá querer ter mais informações para poder prendê-lo na multiplicidade de atividades. Por causa disso, ela questionará: que gênero de prova eu estou vivendo agora? Compreenda novamente que isso não interessa, não existe, mas trata-se apenas de uma nova provação. Portanto, ao invés de se deixar levar pela curiosidade que ela cria, concentre-se em observar como está amando neste momento. Só assim poderá aproveitar a encarnação.

Este é outro grande detalhe quando se fala da questão da atividade do espírito. Para o ser universal a compreensão da sua atividade naquele momento consiste-se apenas em conscientizar-se de que está vivendo uma prova e não em buscar compreender a justiça e merecimento da provação ou saber a que gênero ela se prende. Isso porque estas questões são irrelevantes.

Não importa se a prova é justa ou injusta: ela foi escolhida pelo ser. Por isso certamente ela é merecida. Pouco importa de gênero ela seja, pois a resposta será sempre a mesma: amar universalmente ou individualmente. Tanto faz o gênero de provações, só há duas respostas possíveis. Por isso, aquele que quer alcançar a Deus não se preocupa em entender o que está acontecendo, mas ocupa-se em ver como está amando naquele momento.

Quando falamos que a atividade do espírito é viver uma provação, não dissemos que é vivenciar diferentes provações. Pouco importa a que gênero esteja ligado uma provação, ela é sempre uma prova e nada mais. Por isso, viver provas não se traduz em múltiplas situações, mas viver sempre o exercício do livre arbítrio de amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo ou amar a si acima de tudo.

Portanto, para o ser não existe a prova da ganância, da soberba ou da luxúria. Para ele só existe a provação sobre o seu amar. Sendo assim, quando se fala na possibilidade de múltiplos gêneros de provas, ainda estamos vivendo ilusões, pois existe apenas uma única provação. Foi por isso, também, que Cristo resumiu todos os mandamentos apenas nestes dois.

Por isso lhe digo que se sua mente cria a possibilidade de existirem múltiplos gêneros de provações para o espírito, não se deixe levar por isso: concentre-se apenas em reconhecer como seu coração está vibrando.

Participante: quanto tempo o espírito passa no plano espiritual em média?

No plano espiritual não existe tempo. Apesar disso posso lhe dizer que ele passa lá a eternidade, pois na verdade nunca sai do plano espiritual.

Quem está no mundo material é o ser humano e não o espírito.

Participante: a alternância de situações e a impermanência das coisas servem como prova aos espíritos para que eles aproximem-se de Deus?

É isso que o Espírito da Verdade afirma na questão 132 de O Livro dos Espíritos (Objetivos da encarnação). A impermanência das coisas, como fala Buda, ou as vicissitudes da vida humana, como fala o Espírito da Verdade, é a expiação que serve como provação ao ser espiritual.

Participante: como um espírito em prova se sente? Como eu ego posso me sentir como um espírito em prova?

Como um espírito em provas se sente? Em provas…

Como o ego pode se sentir como um espírito em prova? Sentindo-se assim…  Respostas interessantes, não?

Não posso lhe ensinar como se sentir, pois cada possui uma sensibilidade individual. Só com relação a questão do ego, acrescento que só sentirá desta ou daquela forma se Deus criar e não você. Portanto, você humano só sentirá como um espírito em prova se o Pai assim gerar uma idéia pela razão humana.

Agora, é preciso estar atento a um detalhe: isso é uma atividade humana. Portanto, se Deus lhe gerar a consciência de que é um espírito em prova, não viva esta atividade, mas veja nisso mais uma provação onde precisará estar atento ao coração e não à razão.

Participante: não haveria uma palavra que melhor traduza o amor de Deus ao invés do termo impor, que é usado na questão 132 de O Livro dos Espíritos? (“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição”)

Não, a melhor palavra mesmo é que Deus impõe a encarnação. O importante não é a palavra, mas o entendimento do que ela afirma.

O que quer dizer Deus impor uma encarnação? Que a encarnação é obrigatória. Nenhum espírito pode deixar de encarnar. Deus não concede ao ser o direito de encarnar ou não, mas sim impõe este acontecimento da vida espiritual. Mas, a partir desta visão, temos que compreender alguns fatos.

Deus obriga que se encarne, mas não a que o espírito durante ela se sujeite ao que não queira.

“258a. Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo? Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar por que decretou Ele esta lei e não aquela. Dando ao espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das conseqüências que estes tiverem”. (O Livro dos Espíritos)

Além disso, o Pai não obriga que o espírito aproveite a encarnação.

“115. Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus? Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros, só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade”. (idem)

Fora isso, precisamos nos lembrar que o dogma da reencarnação se fundamenta na justiça de Deus.

“171. Em que se funda o dogma da reencarnação? Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento”. (idem)

Em face de tudo isso que está em O Livro dos Espíritos, que como dissemos no início desta conversa é elemento importante para se compreender a vida humana para o espírito, fica bem claro que a obrigatoriedade de encarnar é um ato amoroso e não um constrangimento legal. Mas, se você ainda acha este termo incorreto, lhe pergunto: se seu filho não quiser ir mais a escola, você o deixará vagabundear o dia inteiro? Claro que não… Como um pai zeloso do futuro de seu filho o brigará a ir a escola e realizar lá os estudos e as provas necessárias para que ele tenha um futuro melhor.

A obrigação do encarnar sem que haja determinação do que será vivido e sem a necessidade de sair-se bem nas suas provas dada por Deus aos espíritos é a mesma que você exerce quando obriga o seu filho a ir à escola. É a atitude de um Pai zeloso e amoroso que preza pelo futuro do seu filho.

Saiba de uma coisa: Deus não tem livre arbítrio. Ou seja, o Pai não pode dar o que quer ao filho. Ele depende de que o filho mereça para receber. Por isso obriga que o espírito encarne. Só assim, ele gera o merecimento para poder receber alguma coisa de Deus.

Participante: No estudo de O Livro dos Espíritos, você disse que os sentimentos são criados a partir do sentimento do espírito. Pode falar sobre isso?

É o que acabei de dizer. Se o pensamento é uma atividade humana e se ela é uma prova para o espírito, a atividade humana é regida pela provação que o espírito precisa passar. Se ele opta pelo amor individual, pelo egoísmo, terá que vivenciar a mesma prova. Sendo assim uma nova atividade material, humana terá que ser criada neste sentido.

Participante: podemos conhecer nossas encarnações passadas e este conhecimento pode ser importante para nos ajudar a evoluir desta vez?

O que é ter conhecimento sobre uma encarnação passada? É ter uma atividade humana. Ter ciência de acontecimentos de outras vidas é uma atividade humana e como ela é regida pela atividade espiritual, ou seja, é criada a partir da necessidade de provação do espírito, eu lhe respondo que você pode ter este conhecimento se isso for necessário para a provação nesta encarnação.

Mas, em que lhe ajuda a lembrança nesta vida de acontecimentos de outras? Dando-lhe a prova. Este acontecimento deu ao espírito a provação que precisava para o trabalho desta vida. Esta é a única forma que a lembrança de outras vidas pode lhe ajudar nesta.

Participante: então esta escolha de amar no egoísmo ou no universalismo é uma decisão do coração? Eu só digo que vou amar universalmente e pronto, mesmo que não saiba o que é isso?

Se disser, ainda não fez, pois o coração não conhece palavras. Ele vive diferente da razão. Portanto, é no coração que você tem que dizer que ama universalmente e não na boca.

Participante: o que são os espíritos da natureza ou elementares?

Espíritos. Ora, se segundo o Espírito da Verdade, no universo só existe o espírito e a matéria e Deus acima de tudo, os espíritos elementares são seres universais.

“27. Há, então, dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito? Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal”. (O Livro dos Espíritos)

Chegar a esta conclusão é aplicar o entendimento da vida a partir das realidades do mundo espiritual. Se o Espírito da Verdade afirmou que no universo existem apenas três elementos e se estes ensinamentos regem as relações entre os encarnados e os desencarnados, aquele que se diz buscador tem que entender que tudo se resume a existência do espírito, da matéria universal e acima de tudo Deus.

Sobre este assunto, apenas ressalto que a matéria que é citada neste ensinamento nada tem a ver com aquela que vocês conhecem no mundo humano, pois ainda de acordo com o Espírito da Verdade, toda matéria conhecida no mundo humano é transformações da matéria universal (pergunta 30).

Aproveito para falar a quem no início desta conversa falou sobre as diferenças das doutrinas espíritas. Este é outro ponto onde a doutrina dos espíritos diverge da doutrina espírita humana e ao qual o buscador deve se atentar. Para aquele que busca aproximar-se de Deus não pode existir a matéria humana.

Para estes precisa prevalecer a idéia de que tudo que é inteligente é espírito e tudo o que não possui inteligência é fluído cósmico universal. Usando este conhecimento fica mais simples cumprir o mandamento do não julgar.

O que é uma mesa cheia de poeira? Um monte de fluído cósmico universal sobre outro elemento idêntico. Uma roupa não passada e um chão sujo é a mesma coisa. Sabendo disso, não há necessidade de se julgar se o elemento está limpo ou sujo, arrumado ou desarrumado. Veja como os valores desta vida mudam quando se começa a vivê-la como espírito, a partir da realidade espiritual.

Já me perguntaram anteriormente hoje se aqueles que vão encarnar no próximo mundo terão na consciência o valor de ser um humano. Eu falei que esta idéia não existirá, pois todos se saberão como espírito na carne. Estes não viverão atividades humanas, mas apenas espirituais, ou seja, não viverão o ouvir ou andar, mas sim a realização de provações. Também não viverá com o mundo material como composto por múltiplas matérias ou elementos, mas apenas a matéria universal.

Dá para começar a entender o que estou querendo afirmar e com isso alcançar a importância da conversa que estamos tendo hoje? Mas, ainda tem coisas importantes a serem conversadas e continuaremos falando sobre isso. Por enquanto, apenas quero deixar bem clara uma coisa: mudar os valores com os quais convive com as coisas deste mundo é a grande revolução que todo aquele que quer alcançar Deus precisa fazer.

Alcançar a elevação espiritual é aproximar-se de Deus, mas para isso é preciso que se viva com os mesmos valores que o Pai tem. Para se aproximar de Deus o ser precisa ter a consciência espiritual e para se alcançá-la é preciso trabalhar para alterar as atividades humanas em espirituais e os elementos materiais em universais. É a partir desta mudança que se estabelece a base da concepção da vida para aquele que almeja aproveitar a encarnação. Quem aproveita a sua oportunidade de elevação promove dentro de si uma reforma e esta se caracteriza pela mudança da concepção que se tem da vida que se vive: dos valores materiais para os espirituais ou universais.

Como já disse hoje, quem vive como todos, chegará ao mesmo lugar que eles. Quem é um buscador, mas não vive diferente, não pode jamais alcançar aquilo que busca. O que vocês chamam de alcançar a evolução ou promover uma reforma no íntimo é exatamente tudo o que conversamos até aqui e o que conversaremos ainda. Trata-se de viver a vida a partir dos elementos espirituais, como se ela fosse, porque é, uma atividade espiritual, ou melhor, viver uma vida humana com as atividades e elementos do universo.

Na hora que você mudar a sua forma de viver o mundo vivendo as atividades espirituais e não as materiais, liberta-se da materialidades da prisão ao ego.

Participante: as mesmas leis de merecimento para o espírito valem para o ser humano?

Não. O ser humano é o resultado do merecimento do espírito.

Se a atividade humana está vinculada a espiritual, o ser humano será aquilo que o ser universal precisar que ele seja para que existam as provas e as missões.

Participante: se o ser humano não existe, ou seja, existe apenas transitoriamente, porque o espírito se confunde e apega-se à mente material?

Por que ele ama egoisticamente. O espírito apega-se à mente humana porque ela possui como característica primária o egoísmo que corresponde a mesma intenção que o espírito em desenvolvimento moral no nível de elevação que vocês estão possui.

Participante: porque é tão difícil para o espírito largar as pedras?

Para lhe responder vou usar a mesma figura que você usou (largar as pedras), que estou entendendo como largar a coisa humana.

Como disse, o espírito se apega às coisas humanas porque gosta de amar egoisticamente. Sendo assim, posso dizer que ele não larga as pedras porque quer jogá-las nos outros: julgar, criticar, acusar, etc. Por que ele gosta disso? Porque agindo desta forma prova que é melhor que os outros.

Você já reparou todos os seres humanos apontam defeito nos outros. Diante disso, pergunto: quem será o certo, ou seja, quem tem realmente a capacidade de conhecer as coisas tão profundamente que não pode jamais ser contestado?

Participante: o espírito racionaliza a vida?

Dentro da razão espiritual, sim; dentro da razão humana, não. A razão humana não existe no universo. Ela é apenas uma razão ilusória que serve para a criação da provação do espírito. Enquanto ela está existindo, o espírito racionaliza não com idéias humanas (palavras, sons ou imagens), mas através de sentimentos.

Amar egoisticamente ou universalmente é a razão do espírito.

Participante: se tudo é prova e missão, então não há espaço para o acaso ou coincidência. Todas as interações humanas são criadas no sentido da provação dos espíritos.

Isso é o que diz, como vimos, o Espírito da Verdade. E é por causa desta afirmação que ele responde quando perguntado sobre a fatalidade que isso existe, pois o espírito ao escolher um determinado gênero de provações cria para si uma espécie de destino. Nesta afirmação está a comprovação de que para os espíritos o que rege o relacionamento entre os dois mundos é a vinculação entre o elemento humano e o objetivo da encarnação dos seres universais.

Aliás, neste aspecto, está outra grande diferença entre a doutrina dos espíritos e a espírita humanizada. Esta última acredita que a atividade humana é fruto do livre arbítrio do homem, quando o transmissor dos ensinamentos que ela diz seguir afirma que o livre arbítrio é do espírito e ela é exercida antes da encarnação.

Como seguimos a visão espiritual dos ensinamentos transmitidos pelo Espírito da Verdade, concedemos o livre arbítrio ao espírito, antes e durante a encarnação, como ensinado por este grupo de seres e por isso ensinamos que a atividade humana segue rigidamente o que ele escolheu antes de iniciar a sua encarnação.

Quem no início de nossa conversa me perguntou sobre a diferença entre as duas doutrinas, está compreendendo agora o que quis dizer? Para mostrar o que existe de diferente não criei novas informações, mas apenas citei o que está em O Livro dos Espíritos.

Participante: estamos todos caminhando para o amor universal, o alinhamento com o Cristo…

Concordo, mas sem a compreensão do que é a vida humana para o espírito eu lhe garanto que não se chega a ele.

Para se alinhar com Cristo você precisa compreender o que é a vida humana para o espírito, pois ele sabia. Por isso disse: se um soldado inimigo lhe faz carregar um peso por um quilômetro, carregue-o dois.  Para ensinar assim, ele tinha que entender que a atividade humana é uma boa oportunidade para o espírito provar a si mesmo que ama a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo.

Participante: se agora estivesse no mundo espiritual sem o corpo, ou seja, morto, como estaria me comportando referente à nova compreensão da razão, das percepções e outras coisas do mundo de lá?

Não saberia lhe responder esta questão. Para isso teria que saber como você está neste momento fora do corpo humano e no momento não tenho acesso a esta informação. Mas, posso lhe garantir que ainda estaria vivendo provas, pois como a humana é a sétima consciência, mesmo que tivesse se desapegado dela ainda iria para a sexta, onde ainda existem as mesmas provações pelas quais está passando agora.

Participante: pode se vivenciar a mesma essência de provação em diferentes encarnações? Não me refiro apenas às humanizadas, mas sim a qualquer outro tipo de nível consciencial, mesmo que não se possa traduzir em palavras para os humanizados essas outras manifestações.

Vou lhe responder apenas sobre a essência humana, pois como você mesmo disse, outras consciências não dá para colocar em palavras que gerem uma compreensão.

Qual a essência de qualquer acontecimento humano, ou seja, qual o gênero de provas que um espírito passa? A vivência do amor universal ou do egoísta. Não importa que atividade humana o espírito esteja vivenciando, o que está em provação sempre é o direcionamento do amor que ele viverá. Não importa se atividade humana se traduz em matar ou dar a luz, de acariciar ou atacar, de elogiar ou criticar, em qualquer humana delas está sempre ocorrendo a provação do direcionamento que o ser dará ao seu amor.

Sendo assim, aquele que mata e o que dá a luz está vivendo o mesmo gênero de provação. Por isso lhe digo que na verdade todas as provações em todas as encarnações estão vinculadas a este gênero.

Participante: você diz que fala a espíritos. Como seres universais nós estamos todos ouvindo e nos libertando?

Não, como espíritos estão vivendo provações neste momento. Isso porque o espírito não ouve nada. Por isso tudo o que você traduz como audição e compreensão é na verdade uma provação para o ser universal.

Vivendo a prova, ele tem a livre opção de se libertar ou não. Sendo assim, não podemos afirmar que ele está se libertando neste momento, mas sim tendo uma oportunidade para isso. Afirmar categoricamente que isso está acontecendo, como já respondi anteriormente,  eu não posso, pois não tenho esta informação agora.

Participante: como nos libertar das responsabilidades que nos foram impostas e por ignorância assumimos para findar o ciclo da razão humana?

Você humano não pode se libertar dessas responsabilidades, pois se conseguisse praticar esta atividade o espírito não teria a sua provação. Portanto, você humano não pode acabar com as responsabilidades que a sua razão possui.

Mas, se não pode mudá-la, pode fazer algo com ela: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo enquanto exerce esta atividade. Como isso pode ser compreendido racionalmente? Se fizer fez, se não fizer não fez. Quem ama egoisticamente é aquele que cobra dos outros e de si mesmo as questões pelas quais se sente responsável; quem ama universalmente, é aquele que vivendo responsavelmente não cobra nada de si ou de outros.

Vamos encerrar por aqui esta conversa. No próximo encontro ainda falaremos um pouco sobre o que é a vida humana para o espírito, mas falaremos muito mais sobre o que é o espírito para o ser humano.

Fiquem com Deus.

Espiritualismo Ecumênico Universal

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Co-criando A NOVA TERRA

«Que os Santos Seres, cujos discípulos aspiramos ser, nos mostrem a luz que
buscamos e nos dêem a poderosa ajuda
de sua Compaixão e Sabedoria. Existe
um AMOR que transcende a toda compreensão e que mora nos corações
daqueles que vivem no Eterno. Há um
Poder que remove todas as coisas. É Ele que vive e se move em quem o Eu é Uno.
Que esse AMOR esteja conosco e que esse
PODER nos eleve até chegar onde o
Iniciador Único é invocado, até ver o Fulgor de Sua Estrela.
Que o AMOR e a bênção dos Santos Seres
se difunda nos mundos.
PAZ e AMOR a todos os Seres»

A lente que olha para um mundo material vê uma realidade, enquanto a lente que olha através do coração vê uma cena totalmente diferente, ainda que elas estejam olhando para o mesmo mundo. A lente que vocês escolherem determinará como experienciarão a sua realidade.

Oração ao Criador

“Amado Criador, eu invoco a sua sagrada e divina luz para fluir em meu ser e através de todo o meu ser agora. Permita-me aceitar uma vibração mais elevada de sua energia, do que eu experienciei anteriormente; envolva-me com as suas verdadeiras qualidades do amor incondicional, da aceitação e do equilíbrio. Permita-me amar a minha alma e a mim mesmo incondicionalmente, aceitando a verdade que existe em meu interior e ao meu redor. Auxilie-me a alcançar a minha iluminação espiritual a partir de um espaço de paz e de equilíbrio, em todos os momentos, promovendo a clareza em meu coração, mente e realidade.
Encoraje-me através da minha conexão profunda e segura e da energia de fluxo eterno do amor incondicional, do equilíbrio e da aceitação, a amar, aceitar e valorizar  todos os aspectos do Criador a minha volta, enquanto aceito a minha verdadeira jornada e missão na Terra.
Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

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