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"PERSONA" - Quem é Nosso Verdadeiro Inimigo?

"Quando analisamos a persona, despimos a máscara e descobrimos que aquilo que parecia ser individual é, no fundo, coletivo; em outras palavras, que a persona era apenas uma máscara da psique coletiva." (C.G. Jung)

Tenho amigos estranhos. Que cultivam hábitos estranhos. Um deles adora números. Bem, não exatamente apenas números, mas histórias com números. Relações. Relações numéricas bizarras. Histórias que envolvem associações aparentemente absurdas com números. Este é o seu hobby… Ele me manda números…

E eu, o que faço com esses números? Na maioria das vezes, nada… E ele também não me pede nada… Apenas me manda aquelas histórias com aqueles números, por e-mail, e ponto. Nunca disse uma palavra além do relato jornalístico (detalhadíssimo), e nas raras vezes em que nos encontramos pessoalmente, ele nem sequer mencionou o assunto.

Respeito a sua natureza racional e calada. Na verdade, sinto uma secreta atração por aquelas histórias, aquelas métricas, que finjo para mim mesmo, desdenhar. Prefiro não falar nada, pois temo que se eu disser algo, ele pare de mandar. Pessoa ímpar… E eu, na verdade, também tenho um meu estranho hobby: encontrar relações, conexões entre fatos, acontecimentos, imagens aparentemente sem conexão nenhuma entre si…

Ficamos, pois, assim, nesse diálogo de Babel: ele procurando nos números, no lado esquerdo do cérebro, a resposta matemática que silencie suas questões internas sobre o sentido da existência, ou a falta dele. E eu, buscando no lado direito, conexões intuitivas, sincrônicas que respondam a mesma pergunta…

Na semana passada, a notícia que ele me mandou era realmente fora do comum. Á princípio, não me chamou muita atenção, pois o título do e-mail parecia ser algo relacionado aos esportes, e eu não tenho o menor interesse em dados esportivos, tipo quantas vezes o Grêmio foi campeão em anos pares, ou coisas do gênero.

Mas algo indizível mandou, e eu abri a mensagem… O que ela dizia?

Um jogador alemão, Robert Enke, goleiro do Hannover e da seleção alemã, havia se jogado diante de um trem á 150 km por hora, num entroncamento ferroviário que ficava á aproximadamente dois quilômetros do local, onde sua filha de dois anos de idade, que havia falecido de alguma doença congênita, fora enterrada há mais ou menos dois anos atrás… Dois mil torcedores haviam passado a noite em vigília, dizia a mensagem. O último jogo que o cara jogou havia terminado empatado em 2X2…

No dia anterior, o jogador havia treinado normalmente, e á noite, foi com sua esposa, á uma exposição de arte feita com cadáveres humanos reais… Há meses, Enke vinha apresentando problemas com uma estranha “inflamação” que o afastava, ás vezes, de jogos e treinos.

Fiquei pasmo. E inquieto. Minha antena me sussurrava algo… O quê aquela tragédia toda tinha a ver com o número dois? Qual o recado que a vida estava me mandando com aquele triste acontecimento e aquela macabra simetria?

Vi algumas imagens na NET. A maioria, fotos oficiais de Enke como goleiro de diversos times europeus, e da seleção de seu país. Ser o goleiro da seleção alemã de futebol não é pouca coisa. Vem-me á cabeça, a imagem do gigante Sepp Maier, que fechou o gol e foi fundamental para a vitória daquele país em 1974. Não acompanho atentamente os rumos do esporte bretão, mas sei que outros grandes nomes já passaram por aquela posição, e sei também que não mais do que três goleiros de cada geração podem conhecer a honra e a glória de serviram á seleção de seu país.

Nas fotos, Enke aparecia com o sorriso e a empáfia dos vencedores. Um “winner”, como costumam dizer nossos irmãos do norte. Careca, durão. Um cara “hard”. O último homem, a última instância do “Deutsche Team”… Deus me livre de ser o jogador que tivesse que bater um último penal para o Brasil numa final de copa do mundo, com um cara daqueles pela frente…

Mas o que poderia ter acontecido, com um cara daqueles, para ele chegar ao extremo em que chegou?

Sim, havia a história da filha, e o fato do suicídio ter ocorrido á dois quilômetros do local onde a menina estava enterrada pode ser um sinal de que aquela ferida jamais havia cicatrizado no coração do pai, por mais durão que ele fosse…

Depois do ocorrido, a esposa do jogador comunicou a imprensa, que Robert Enke sofria de depressão, e tinha medo de que, se essa notícia vazasse, ele pudesse perder o seu tão almejado posto de goleiro da tricampeã mundial de futebol… E havia aquela exposição de arte com cadáveres reais… Arte? Que lugarzinho para uma pessoa depressiva estar passeando, hein?

Sai para caminhar um pouco e mudar o disco em minha mente, pois não conseguia pensar em outra coisa…

Na esquina, na banca de jornal, vejo na capa de uma dessas revistas de “vida saudável”, uma loira com pose de “winner” e a seguinte manchete: Ela perdeu doze quilos, virou loira e agora é outra mulher…

Outra mulher? Huuummmm…

Voltei para casa. Meu amigo cartesiano havia me mandado outra mensagem. Agora era apenas uma foto. Dois torcedores do Hannover abraçados, em vigília pela morte do ídolo querido. Cada um dos dois usava uma camisa do Enke, com o nome do goleiro e o número um. Estavam de costas para o fotógrafo.

Plim, plim… Haviam dois Robert Enkes… O cara “durão” das fotografias, e outro, muito ferido emocionalmente. Um cara sensível que se abalou profundamente com a perda da filha, e não estava suportando a idéia de perder a sua imagem pública…

Mas… Seria a imagem pública tão importante assim, ao ponto de Enke preferir perder a vida a perdê-la?

Como isto é possível?

C.G. Jung, profundo conhecedor da mente e da alma humanas já falava, em meados do século passado, sobre a existência em nós, de algo que ele chamava de “persona” (SHARP, Daryl; Léxico Junguiano; Editora Cultrix, São Paulo, 1997)

Ela é, como o nome indica, apenas uma máscara da psique coletiva, uma máscara que finge individualidade, fazendo com nós e os outros acreditemos que somos indivíduos, embora estejamos, simplesmente, desempenhando um papel através do qual a psique coletiva se exprime. Quando analisamos a persona, despimos a máscara e descobrimos que aquilo que parecia ser individual é, no fundo, coletivo; em outras palavras, que a persona era apenas uma máscara da psique coletiva. Fundamentalmente a persona nada tem de real: não passa de um acordo entre o indivíduo e a sociedade sobre aquilo que um homem deveria parecer ser. Ele adota um nome, ganha um título, desempenha uma função , é isto ou aquilo. Em certo sentido tudo isto é real; contudo em relação á individualidade essencial de uma determinada pessoa, é apenas uma realidade secundária, uma formação de compromisso, fato no qual as demais pessoas muitas vezes têm uma parte maior do que a própria pessoa. Ninguém pode, impunemente, desembaraçar-se de si mesmo em troca de uma personalidade artificial; até a tentativa de fazê-lo acarreta, nos casos comuns, reações inconscientes, sob forma de mau-humor, afetos, fobias, idéias obsessivas, vícios reincidentes, etc. O “homem forte” social, em sua vida privada, freqüentemente não passa de uma simples criança, no que diz respeito a seus próprios estados de sentimento. As exigências de adequação e de boas maneiras são um incentivo adicional a que se assuma uma máscara condizente. O que acontece, então, por detrás da máscara recebe o nome de “vida privada”. Esta dolorosa divisão familiar da consciência em duas figuras, muitas vezes absurdamente diferentes, é uma penetrante operação psicológica, fadada a ter repercussões no inconsciente.

Não há nada de errado com a persona. Ela é uma espécie de máscara social que todos temos e precisamos ter, para podermos nos adaptar e sobreviver ás pressões e aos atritos entre aquilo que verdadeiramente somos, e aquilo que a sociedade espera que sejamos… Ou que nós esperamos que ela espere de nós…

Ninguém sobreviveria á vida na terra sem a persona. Até mesmo os monges mais desapegados também têm apego… Á sua imagem pública de monges desapegados…

Na Índia, país considerado por nós ocidentais sem religião, como o supra-sumo de tudo que é espiritual, até hoje existem monges que não se sentam á mesa com pessoas de castas inferiores, para que isto não venha denegrir suas imagens públicas…

No episódio em que Jesus se encontra com uma samaritana á beira de um poço e lhe pede água, a mulher se surpreende por EL’e, um judeu, estar se dirigindo a ela, uma pessoa inferior. Sem saber que se tratava de alguém que estava á milhas e milhas e milhas de distância das convenções sociais da época, ela O adverte sobre os prejuízos que EL’e poderia sofrer em sua imagem pública por aquele ato “impensado”.

O problema começa quando esquecemos que somos pessoa, e passamos a nos identificar totalmente com a persona, o personagem, esta imagem pública vista por nós, no espelho que é o olhar do outro.

Vamos voltar á capa da revista de “vida saudável”: Ela perdeu doze quilos, virou loira e agora é outra mulher… Ou seja, ao transformar a sua imagem, ela passa a ser outra pessoa. A outra, a numero dois… E a número um? Continua lá, com todas as suas angústias, dores e fraquezas. Continua lá com toda a ansiedade que a levou a ficar doze quilos acima do seu peso natural. Continua lá. Subsistindo em uma região imediatamente abaixo da superfície fina da personalidade numero dois, que é a persona. Subsistindo sub-nutrida e abandonada. Carente, sedenta de atenção e amor. Continua exatamente lá. Exatamente do mesmo jeito que sempre esteve. Exatamente do jeito que a gente a deixou… Aguardando uma vacilação da “poderosa” numero dois, para mostrar a sua verdadeira face de fraqueza e desespero…

E quantos de nós, perdidos nesse mundo sem alma, identificados com esse mundo sem alma, tentando sobreviver nesse mundo sem alma, também não perdemos nossa conexão com nossa própria alma, e esquecidos de quem verdadeiramente somos, também nos identificamos com uma imagem qualquer, á ponto de acreditarmos que sem ela, é preferível a morte?

Quantos de nós trocamos a nossa alma por uma ilusão qualquer? Quantos de nós vestimos uma roupa qualquer, uma fantasia qualquer, e passamos a acreditar que somos o personagem, e que sem ele não somos nada, que sem ele não vale a pena viver?

Artista, ator, político, chefe… Rico, poderoso… Pobre, revoltado… Permissivo, doidão, durão… Médico, psicólogo, astrólogo… Gostosona do momento, santo, pessoa espiritualmente evoluída… Branco, preto, japonês, árabe, índio, mulata, judeu… Qual é a sua máscara? Quem é você?

Quantos de nós somos também como bolhas de sabão, que brilham ao sol, mas que não resistem ao mais leve contato com a realidade?

O que somos nós, quem somos nós, o que estamos fazendo por aqui? Perguntas simples, que alguns consideram simplórias, mas, provavelmente, as mais importantes de todas.

O filósofo existencialista Albert Camus, considerava o suicídio, a única questão que realmente valia a pena ser discutida.

Discutir o suicídio é discutir a própria vida, o sentido e a graça que estão implícitos nesta questão.

Enquanto continuarmos adormecidos de nós mesmos, enquanto continuarmos sendo crentes desta “religião” materialista que domina o mundo e nossas mentes atualmente, e que nos ensina que somos coisa, continuaremos cegos para o sentido maior de nossas existências, e sujeitos a nos identificarmos completamente com os personagens que representamos.

A vida é muito mais do que isto, nós somos muito mais do que as nossas máscaras… E ás vezes, é só quando as perdemos, é que podemos nos encontrar de verdade…

Meu amigo pitagórico, agora me manda mais um e-mail sobre aquele dia fatídico: faziam dois dias, da grande comemoração dos vinte anos da derrubada do muro… Que desde o final da segunda grande guerra dividia o território e o coração do povo alemão… Em dois…

FONTE: http://www.carlosmaltz.com.br/blog/?p=187

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de sua Compaixão e Sabedoria. Existe
um AMOR que transcende a toda compreensão e que mora nos corações
daqueles que vivem no Eterno. Há um
Poder que remove todas as coisas. É Ele que vive e se move em quem o Eu é Uno.
Que esse AMOR esteja conosco e que esse
PODER nos eleve até chegar onde o
Iniciador Único é invocado, até ver o Fulgor de Sua Estrela.
Que o AMOR e a bênção dos Santos Seres
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Encoraje-me através da minha conexão profunda e segura e da energia de fluxo eterno do amor incondicional, do equilíbrio e da aceitação, a amar, aceitar e valorizar  todos os aspectos do Criador a minha volta, enquanto aceito a minha verdadeira jornada e missão na Terra.
Eu peço com intenções puras e verdadeiras que o amor incondicional, a aceitação e o equilíbrio do Criador, vibrem com poder na vibração da energia e na freqüência da Terra, de modo que estas qualidades sagradas possam se tornar as realidades de todos.
Eu peço que todas as energias e hábitos desnecessários, e falsas crenças em meu interior e ao meu redor, assim como na Terra e ao redor dela e de toda a humanidade, sejam agora permitidos a se dissolverem, guiados pela vontade do Criador. Permita que um amor que seja um poderoso curador e conforto para todos, penetre na Terra, na civilização e em meu ser agora. Grato e que assim seja.”

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