Em recente artigo publicado agora em junho na conceituda revista OSTEOPOROSIS INTERNATIONAL, número 9, os autores comentam sobre um desafio como tantos ainda para a medicina: a osteoporose em adultos jovens!
A osteoporose pós – menopáusica na mulher é causada pelo aumento da perda óssea resultante de deficiência estrogênica existente na pós-menopausa.
A indicação para tratamento, já bem conhecida, é quando há uma densidade mineral óssea baixa, revelada na densitometria por um T score < que 2,5, fraturas típicas por fragilidade óssea na coluna ou fêmur, e mais recentemente, por uma probabilidade de existência de se ter fratura em 10 anos, em avaliação calculada por um índice já validado chamado de FRAX.
Em contrapartida, não existe um consenso ainda bem definido do conceito de osteoporose assim como do tratamento para casos de osteoporose em adultos jovens, uma vez que uma baixa massa óssea (baixo BMD) nesse grupo, pode refletir um baixo pico de massa óssea fisiológico, como pode ocorrer em pessoas magras, embora nestes casos possam ocorrer fraturas por alto impacto, isto é, sem fragilidades óssea.
A osteoporose verdadeira em pessoas jovens pode existir quando se tem um T score < que 2,5 na coluna ou fêmur, em associação com alguma doença crônica que afete o metabolismo ósseo. Na ausência de causas secundárias, a presença de fraturas por fragilidade óssea como as vertebrais, podem ser de causas genéticas ou idiopáticas. Mulheres jovens com pouca massa gorda, como bailarinas, maratonistas , anoréxicas, usuárias por longos períodos de corticoides, podem ter osteoporose quando jovens, mesmo antes da menopausa.
Outro fato que preocupa, é que, associada à baixa massa óssea estão os baixos níveis de vitamina D, existentes hoje com uma alta prevalência em várias regiões do mundo, inclusive no Brasil, onde no Rio De Janeiro na FIOCRUZ desenvolvemos uma linha de pesquisa no assunto em cooperação com grupos internacionais, já tendo sido comprovada a deficiência desta vitamina na população de nosso estado. O grupo está estudando junto ao Ministério da Saúde medidas de suplementação em âmbito nacional.
O tratamento, contudo deve visar uma melhora da massa óssea, não existindo na grande maioria da vezes um tratamento especifico para casos isolados, embora todos os esforços visem a prevenção dos riscos de fratura.
A Fundação Internacional de Osteoporose /IOF, criou recentemente um grupo, para revisar a fisiopatologia, rastreio, diagnóstico e tratamento para este grupo de pacientes jovens com osteoporose, excetuando-se crianças e adolescentes, visando um diagnóstico precoce com exames laboratoriais específicos para uma abordagem sistemática desta condição.
Lizanka Marinheiro
Endocrinologista – Instituto Nacional de Saúde da Criança, Mulher e Adolecente Fernandes Figueira
FIOCRUZ
A osteoporose é uma doença que acomete os ossos, tornando-os porosos e frágeis, suscetíveis a fratura. Embora sua ocorrência seja maior no sexo feminino, ela atinge ambos os sexos e se torna mais freqüente com o envelhecimento. A densidade mineral óssea começa a decair progressivamente, a partir dos 35 anos, com uma velocidade de perda mais acentuada nas mulheres, principalmente após a menopausa. Outros fatores, além do sexo feminino, são considerados de maior risco para o desenvolvimento da osteoporose como história familiar, raça branca, magreza, sedentarismo, tabagismo e uso de medicamentos (corticosteróides e anticonvulsivantes).
A doença progride lentamente e na maioria das vezes não apresenta sintomas, exceto quando ocorre uma lesão mais grave, por isso é considerada pela Organização Mundial da Saúde como a “Epidemia silenciosa do século”. Quando o diagnóstico não é feito precocemente, a osteoporose é percebida apenas quando ocorre um evento de maior gravidade como uma queda inesperada devido a fratura do colo do fêmur ou uma dor aguda na coluna secundária a fratura de uma vértebra. As fraturas são mais freqüentes no fêmur (osso da coxa), coluna e ante-braço e podem cursar com sintomas que variam desde dor crônica, diminuição da estatura até deformidades na coluna (corcunda). A fratura de fêmur é a consequência mais dramática da osteoporose causando imobilidade e dependência familiar. Cerca de 15% a 20% dos pacientes com fratura de quadril morrem devido à fratura ou suas complicações.
O diagnóstico da osteoporose é fácil e realizado através do exame de densitometria óssea, um método moderno, de alta sensibilidade e com mínima exposição radioativa. Já o tratamento, pode reduzir drasticamente o risco de fraturas e engloba além do tratamento medicamentoso, medidas gerais como ingesta adequada de cálcio e vitamina D; atividade física, corretamente orientada; exposição solar; o fim do etilismo e tabagismo e adoção de medidas simples para evitar quedas, tais como retirar tapetes, disposição adequada de móveis e evitar o uso indiscriminado de tranquilizantes. É de suma importância o acompanhamento médico e tratamento adequado para que se morra “com” a doença ao invés de morrer “da” doença.
Dra Renata Morato
Ginecologista e Obstetra
renata.morato@yahoo.com