A CURA ESPIRITUAL E O TRATAMENTO ALOPÁTICO

[JORGE LUIZ DE OLIVEIRA BARBOSA]

A CURA ESPIRITUAL E O TRATAMENTO ALOPÁTICO

 

Devemos dosar a ação das terapias alternativas,

dos médiuns e curadores espirituais, assim

como da medicina alopática em

 proporções saudáveis.

 

            Não é de hoje que é noticiada, na mídia em geral, a existência de pessoas dotadas de capacidades incríveis, as quais são seguidas por multidões. Dentre diversos curadores que podemos ter notícias, alguns se destacam pela amplitude de suas atuações, e, muitas vezes, pelos resultados encontrados por pessoas que foram beneficiadas por seus tratamentos.

            Estou me referindo a médiuns e curadores espirituais que dedicam suas vidas para atender a um fluxo muito grande de pessoas vindas de todos os lugares do mundo, as quais buscam a cura para os mais diversos males, do corpo e da alma.

            As evidências de que muitas pessoas conseguiram relativos “milagres” ao serem tratadas por curadores fizeram com que a procura por esse tipo de tratamento aumentasse sensivelmente.

            Médiuns ou curadores – como os conhecidos João de Deus ( João de Abadiânia) e o professor Hirota – se destacam por sua grande popularidade e, especialmente, pelo número de casos de tratamentos bem-sucedidos que passaram por seus atendimentos.

            Recentemente, algumas emissoras de televisão fizeram reportagens em torno do trabalho desses dois curadores citados. Sobre o trabalho deles, vimos os dois lados de uma mesma moeda. Algumas pessoas mostraram-se impressionadas pela ação curadora dos tratamentos aos quais foram submetidas, mas outro grupo de pessoas se manifestou para dizer que nada foi obtido. Com isso, polêmicas surgem...

            E esse motivo principal deste artigo: estimular uma reflexão saudável sobre o tema.

            Em primeiro lugar, quero expressar minha admiração e respeito por esses dois homens, em especial, ao médium João de Deus, o qual já tive a oportunidade de estudar mais detalhadamente. Por isso, quero deixar aqui minha opinião profissional, como incentivador da visão holística, mas, antes, evidenciar o quanto percebo de doação, entrega e um trabalho de total devoção à causa humana, envolvida nesse médium e paranormal que tanto faz pelo mundo.

            Quando falamos de polêmica a respeito deste assunto, ela surge por conta de alguns aspectos bem distintos:

1- Os médiuns frequentemente têm realizado procedimentos ou recomendações que caberiam – no cenário atual da nossa sociedade – apenas a médicos qualificados, tais como cirurgias físicas e recomendações para retirada de medicações.

2- Algumas pessoas relatam que não perceberam qualquer benefício no pós-tratamento com os curadores, o que leva a comunidade científica – já cética em relação à espiritualidade – a considerar que tudo não passa de efeito placebo.

3- Algumas pessoas, já desesperadas pela busca de uma cura verdadeira, transferem completamente a responsabilidade da recuperação de sua saúde para os curadores, ausentando-se de seus papéis e tarefas pessoais.

UNIR TERAPIAS

            Quando tratamentos convencionais da medicina alopática, com uma ótica profundamente distorcida da realidade, não consegue conceber a interação mente  x  corpo  x  espírito, por consequência, não atua a favor das correntes extrafísicas na busca da cura.

            Logo, ela (a medicina alopática ocidental) estimula que as pessoas busquem outros métodos, em uma tentativa naturalmente humana por um “algo mais”. Assim, podemos concluir que é a visão unicamente materialista (que considera apenas o material, o orgânico) da medicina ocidental alopática (que se utiliza de remédios) a maior estimuladora do trabalho desses curadores, por conta das lacunas que elas mesmas mantêm abertas.

            Quando o tratamento “alternativo” começa, a pessoa que busca a cura jamais deverá cessar qualquer medicamento ou procedimento médico sem antes consultar um profissional especializado. A pessoa deve buscar a sua cura, seguir as recomendações desses médiuns curadores, ma jamais deve interromper tratamentos médicos. O certo a ser feito é a união de esforços, jamais permitindo que as diferentes formas de tratamento colidam durante o período de busca pela cura. Eis um grande erro dos médiuns curadores: infringir o campo da medicina ocidental alopática. Cada um deve atuar na área que lhe compete!

            Em minha opinião, remédios e cirurgias físicas são recursos dos especialistas conhecidos como médicos.

            As pessoas transferem as suas responsabilidades para os curadores e “milagreiros”, ausentando-se plenamente da responsabilidade da reforma íntima, da mudança de pensamentos e atitudes, considerando que a cura de seus males está nas mãos de um ser como João de Deus ou professor Hirota. Esse é mais um erro grosseiro provocado pela ignorância humana, porque a causa de qualquer doença está na alma. Portanto, é responsabilidade da própria pessoa seu caminho de cura. Podemos e devemos buscar curas alternativas, mas aliando tais terapêuticas com novas condutas, com novos pensamentos, promovendo assim uma transformação de dentro para fora, mudando a consciência. Assim sendo, quando o aprendizado acontece, a cura é uma consequência. Portanto, não devemos depositar as nossas esperanças nos abnegados curadores, que são canais ou instrumentos da Vontade maior, mas sim, em nossa capacidade de mudar nossos pensamentos e atitudes. Essa é sempre foi a chave da cura!

 

O DESPERTAR DA FÉ

            O principal papel desses seres – curadores abnegados como João de Deus -  é de um alerta para a presença de Deus, para o despertar da fé. Portanto, toda expressão – ainda quando exagerada – da força das entidades espirituais que o amparava, serve para mostrar ao povo que existe muito mais alem do véu de ilusão da matéria.

            Quero dizer que a ação dos médiuns curadores tem um papel fundamental para o despertar da consciência espiritual que inicialmente começa com o aparecimento de uma doença e se processa com a busca por curas alternativas, quase sempre envolvidas pela ação das entidades espirituais.

            Precisamos desses curadores para mostrar para a sociedade que a ciência médica ocidental foi sequestrada pelo materialismo e, portanto, não é detentora das verdades universais, mas que é apenas especializada em uma determinada faixa do processo total que envolve uma cura.

            Tanto no campo da fé, dos tratamentos energéticos, da religião, das terapias alternativas e das curas espirituais, quanto na medicina ocidental existem muitas pessoas aproveitadoras, destituídas de moral, valores e ética. Infelizmente, em todos os campos da vida existem boas e más pessoas. Não acredite em tudo, não se entregue a primeira opinião ou abordagem terapêutica. Sempre, antes de buscar o caminho da cura, seja na área que for, pesquise, informe-se e, acima de tudo, acredite na sua intuição.

            Nossa sociedade está doente e distanciada de sua causa, de sua razão de viver. Todo esse movimento mostra que ainda estamos engatinhando no que tange a conquista do conhecimento dos processos envolvidos na doença, na saúde e na cura profunda que vai além dos limites do corpo físico. Precisamos pensar melhor forma de viver, com foco no aumento do amor e na evolução espiritual, caso contrário, continuaremos a ser, cada vez mais, uma sociedade doente, do corpo e da alma.

 

O CAMINHO DO MEIO

            Temos que ter discernimento suficiente para entender que o equilíbrio é o melhor caminho. Devemos dosar a ação das terapias alternativas, dos médiuns e curadores espirituais, assim como da medicina alopática em proporções saudáveis, pois uma cura profunda se estabelece quando a pessoa compreender a importância de unir as mais diversas medicinas, mas que, acima de tudo, as diferentes terapêuticas possam estimular a consciência, porque se isso não acontecer a cura jamais será profunda.

            Nos hospitais do futuro, profissionais da fé, da mente, das emoções, da meditação, do Yoga, do Reiki e das curas energéticas, da regressão a vidas passadas, etc. trabalharão em consórcio com os seus irmãos médicos, cirurgiões, fisioterapeutas, dentistas... focados em um propósito comum: a cura da alma, da mente e do corpo.

 

 

REVISTA CRISTÃ DO ESPIRITISMO  -  POR BRUNO J. GIMENES