A importancia de nascer humano

[José Carlos de Araujo]

A importância de nascer humano

Eu não tenho a pretensão de influenciar ninguém a fazer coisa alguma, mas gostaria de despertar nas pessoas a auto-estima e a crença na beleza e na transcendência como agentes autotransformadores, e a confiança na possibilidade de realizar sonhos, e ser feliz. Para isso, é preciso desarmar-se, ter coragem para destrancar o coração, ampliar a visão e abrilhantar a inteligência. Transformações não são bichos de sete cabeças, podem acontecer sem alarde, quando nos propomos rever antigas convicções, ou por em movimento idéias e projetos engavetados, por exemplo. Afinal não somos os mesmos todos os dias, por menos que percebamos esse continuo de mudanças sutis. Nós somos um vir a ser, um processo de constante reestruturações. A vida manifestada está sempre se renovando e o universo, em expansão. Conosco se passa a mesma coisa. Além do mais, vivemos múltiplas realidades,visíveis e invisíveis simultaneamente, e essas realidades são amplas, complexas e atuantes no aqui e agora.Tudo está em constante mutação, nosso corpo, nossas mentes, nosso intelecto e nossa percepção de nós mesmos, do significado das coisas, das pessoas e da vida. Consequentemente, nossas aspirações, pontos de vista, e a qualidade e resultados da nossa atuação no mundo, também mudam. Nosso nível de consciência se eleva e pelos filtros mentais selecionamos informações, emoções e atitudes mudam de acordo com essa elevação. Modificamos a maneira como atuamos e interferimos na realidade exterior, de acordo com a nossa mudança interior. Para viver em sociedade criamos paradigmas, sistemas de pensamento, que resultam em modelos de ver, sentir e agir. E esses paradigmas tornam-se elementos condicionadores subliminares, que nos enquadram, e influenciam nossa compreensão, avaliação e interpretação das coisas. Mas, paradigmas são criações humanas, portanto mutáveis. Todos nós estamos sentindo que existe algo pairando ar, um desejo  de transformação vibra e pulsa na sociedade planetária, e  nos impele a refletir sobre nós mesmos e o atual paradigma que rege nossas vidas. Estamos insatisfeitos, queremos outros parâmetros, outros objetivos e valores, embora, ainda estejamos naquela região intermediaria, a zona crepuscular das indefinições. Porém, já começamos a perceber que a vida é urgente, interdependente e complementar, e que precisamos reverencia-la e protege-la para garantir a nossa sua integridade e nossa própria sobrevivência. apodemos ser co-criadores de uma dos mais importantes momentos da nossa historia humana. A vida está nos convocando para rever pressupostos, para respeitar e acolher amorosamente as diferenças, reconhecer na diversidade das expressoes e escolhas humanas, uma riqueza, e a ter uma visão sistêmica da existência. Sinto que ela nos convoca principalmente para aprender sobre a importância de nascer humano, e consequentemente ver, sentir, pensar e agir humanamente. Vivamos sem medo a beleza dessa aventura de autodescoberta.

Marilu Martinelli

[Maria Alexandra Barrinha]

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