A PENA DE PAVÃO

[JORGE LUIZ DE OLIVEIRA BARBOSA]

A PENA DE PAVÃO

 

“Fique atento em todas as suas atividades diárias,

não permitindo que suas ações prejudiquem

os outros, mesmo que de forma leve,

como se costuma dizer...”

 

            Conta uma lenda árabe que um nômade do deserto resolveu, certa vez, mudar de oásis, e começou a carregar o seu único camelo com os utensílios que possuía. Colocou primeiro os tapetes de sua predileção, quadros da paisagem árabe, utensílios de cozinha, muitos baú cheios de quinquilharias, e o animal aguentava firme, sem mostrar nenhuma revolta pelo peso excessivo que lhe impunha o dono.

            Depois de algum tempo, o camelo estava abarrotado e ainda assim permanecia de pé. O beduíno já se preparava para partir, quando se lembrou de que esquecera uma pena de pavão, que lhe servia de caneta para escrever cartas.

            Tomou cuidadosamente a pena e a colocou em cima do animal, que, de imediato, arriou com o peso e morreu, levando o árabe à seguinte exclamação: “Que animal mole!... Não aguentou uma pena de pavão...”

            Esta historinha nos leva a reflexões profundas, porque a pena de pavão foi apenas a gota d’água que faltava para a implosão daquele pobre animal. O mesmo ocorre conosco no campo íntimo, porque é muito comum o trabalhador perder o emprego e dizer o seguinte: “Fui mandado embora, porque cheguei atrasado apenas dez minutos,” esquecendo que aquela era sua décima falta. Ou então o marido que exclama: “Minha mulher me deixou porque cheguei um pouco embriagado,” quando, na realidade, aquele companheiro era contumaz em chegar bêbado e espancar sua companheira.

            Todo ser humano tem o seu limite, e quando ele é ultrapassado, fica difícil haver uma reversão. Portanto, cuidado com as suas atitudes diante dos outros, principalmente junto àqueles a quem ama, porque as pequenas faltas são imperceptíveis, mas se juntam para formar um todo indivisível, e é justamente aí que surge a terrível gota d’água, que pode destruir casamentos, empregos, amizades, sociedades e a própria personalidade da pessoa envolvida.

            Fique atento em todas as suas atividades diárias, não permitindo que suas ações prejudiquem os outros, mesmo que de forma leve, como se costuma dizer, porque algumas pessoas são sensíveis ao extremo, e a famosa gota d’água para elas é quase nada, se aborrecem por qualquer coisa, cabendo então, ao mais evoluído a missão de selecionar os atos sinceros de relacionamento.

            Procure controlar o nervosismo, as desilusões e os desencantos, a fim de se manter sempre em harmonia, não se expondo a riscos de qualquer natureza, passando para os outros o melhor de você, certo de que a felicidade que fizer aos sues semelhantes voltará de forma invisível mas real, proporcionando-lhe as venturas da alegria de viver.

 

 

TEXTO EXTRAÍDOS DO LIVRO REFLEXOS DA LUZ  -  DJALMA SANTOS