Da Consciência Corporal à Consciência Universal (meditação)

[Rosalina Candida Carvalho]

A meditação é uma técnica que envolve exercícios de respiração, concentração e relaxamento. Ela nos conecta com as sensações físicas, emoções, pensamentos e amplia o nível de consciência acerca de nós mesmos e do universo no qual estamos.

Guardamos em nosso inconsciente todas as memórias de sentimentos e sensações registradas em nossa existência, bem como introjetamos costumes, padrões sociais e culturais do país e da cidade na qual nascemos e vivemos. Todas estas informações são armazenadas, também, em nosso corpo e são ativadas por fatos do cotidiano. Não temos nenhuma dificuldade em acionar dados que nos tencionem, tragam sentimentos de angústia, tristeza e dor, estas sensações e sentimentos estão dispostas em nosso corpo, em camadas de bloqueios e tensões.

O homem expressa no mundo exterior tudo aquilo que se passa no seu interior: suas emoções, desejos, intolerância...Porém, não somos apenas guerra, miséria, ganância, soberba. Estamos também ligados a uma fonte de amor, generosidade, criatividade, compaixão e humildade, “Essência”, e podemos senti-la, quando somos tocados por gestos de homens grandiosos. Quem de nós não se comove com a manifestação de amor, generosidade? Com o olhar de uma criança? Com um belo por de sol? E isto nos toca,  porque esta qualidade de energia também a possuímos. Somos seres duais e estamos em uma dimensão dual, porém, temos posse de uma energia de criatividade, vontade e amor, Essência ou Eu Superior.

A meditação com visualização criativa é uma técnica que consiste em usar a imaginação para trabalhar bloqueios e criar o que se deseja para ter uma vida mais harmônica e saudável. A visualização e as imagens mentais encerram a chave para a libertação dos potenciais ocultos de poder do pensamento humano. A imaginação é muito mais importante para as pessoas que a maioria dos educadores e psicoterapeutas compreendem. Por trás da imaginação, estão as portas que dão acesso aos níveis superiores da realidade.

A capacidade de usar metáforas simbólicas é uma maneira de ter acesso às vastas fontes interiores de criatividade e discernimento. A meditação é um caminho constante de transcendência. Desde que transcendência e desenvolvimento são sinônimos, vemos que a meditação é crescimento ou desenvolvimento constante. Para o ego ela parece misteriosa e retorcida, pois é um desenvolvimento que o ultrapassa.

Ao iniciar o processo meditativo a pessoa é exposta ao inconsciente imergente (não reprimido em geral). À medida que a meditação avança, aspectos resistentes do ego são minados e começam a aflorar, ou seja, o inconsciente reprimido vem à tona. A pessoa se confronta com a sua sombra, revive a sua vida, se abrindo para seus traumas, fixações, complexos e imagens. Porém, paralelamente ela toca o inconsciente emergente, este contém todas as potencialidades e capacidades do Ser a serem desenvolvidas nesta existência. Ela tem a condição de efetuar o que Jung chama de função transcendente, que é o confronto sereno entre luz e sombra, ambas como parte do todo que compõe o ser humano.

A meditação permite que o indivíduo tenha acesso ao seu banco de memória subconsciente e superconscientes a fim de obter uma melhor compreensão a respeito dos aspectos ocultos do seu próprio ser. O uso de metáforas simbólicas durante a meditação permite que a pessoa utilize o hemisfério direito como uma via de acesso aos níveis superiores da consciência humana.

Quando os bloqueios de percepção são removidos e o comportamento disfuncional alterado, as doenças que foram criadas nos níveis vibracionais superiores podem ser curadas ou consideravelmente minoradas. Neste contexto a meditação com visualização criativa associada ao trabalho corporal proporcionam distensionamento muscular, restabelecimento da pulsação energética, desbloqueio emocional, ampliação da auto-percepção e estabelecimento de novas conexões neurais e cura.

Lúcia Cerqueira.