INICIAÇÃO

[Eduardo Luís C. Figueira]

(foto: Portal da Lua, sítio arqueológico Tiwanaku, Bolívia – Peru.)

INICIAÇÃO

Desde tempos imemoriais, as filosofias herméticas (“fechadas”) e círculos religiosos mais esotéricos trabalharam com o conceito de iniciação. O aprendiz, ou adepto, vai elevando o estado de Consciência do Ser por degraus ou etapas e, para dar cada um desses passos, ele tem que atravessar um Portal de iniciação, simbolicamente.
Daí o nome de iniciado e a existência de iniciados em graus mais ou menos elevados.

Cada um de nós, ao longo da vida e num processo “normal” de evolução, conscientemente ou não, vai trabalhando certos aspectos “negativos” do seu ego-personalidade. Como vamos entendendo, esses aspectos vão ficando “resolvidos” e são postos de lado.

Ora, no processo de iniciação, cada portal é defendido por um guardião, que testa o candidato e com quem este tem até que lutar e vencer, para ser merecedor de atravessar o portal.
Mas, como tudo sempre é muito simples, esses guardiões na realidade são os nossos “demônios” interiores, aqueles aspectos “negativos” do nosso ego-personalidade ou, até mesmo, aqueles que nós colocamos de lado como resolvidos muito tempo atrás. Achávamos que estavam resolvidos mas, em verdade, eles estavam apenas adormecidos. Temos que nos libertar deles, definitivamente, para poder atravessar o portal.

Mas, o que é que isso nos interessa, agora, isso que essas correntes filosóficas faziam ou apregoavam? O que é que nós temos a ver com isso?

Pois é, é precisamente isso que está acontecendo conosco, agora, de forma coletiva, acelerada. Estamos todos num imenso processo de iniciação, mas agora radicalmente diferente.
Não é mais um processo consciente de “santificação trabalhada”, por etapas, em que cada um tem que enfrentar os seus “demônios” interiores, um-a-um, com todo o simbolismo e ritualização. Agora, se trata de um processo completo, consciente e inconsciente, poderíamos dizer a Última Iniciação.
A hora é de limpeza e, como Mãe Maria falou, em sua mensagem de 10 de Novembro, “é preciso que possais compreender que para vos reintegrar ao mundo da perfeição muito do que acumulastes em vossos corpos físicos, emocionais e mentais precisa ser deixado para trás”.

Os aspectos conscientes (desamor, apego às formas, etc.), bem ou mal nós conseguimos trabalhar. Mas, mesmo falando desta terceira dimensão, nós somos seres muito antigos e muito complexos. Muito lixo foi jogado para debaixo do tapete, autênticas areias do tempo, e tudo isso precisa ser limpo. Coisas que não iríamos descobrir nunca, conscientemente.

Aí, por imensa Graça, a Luz está se encarregando de fazer essa limpeza interior do nosso coração em níveis que nós não conseguimos enxergar. Para isso, da nossa parte basta apenas uma coisa: uma atitude séria de entrega, total e irrestrita, à Luz.

Talvez por isso, por estar correndo um processo interior que desconhecemos, possamos em certos momentos passar por sensações estranhas, de nos sentirmos “não estar bem” mas sem saber porquê.
Estes dias, falando com uma boa Amiga, ela sabiamente me disse: “Deixa ir.”
É isso mesmo, simplesmente, deixa ir. Essas coisas antigas, estados de espírito que não são mais nossos.
DEIXA IR.

(Obs.: esta é a forma como eu entendo o que está se passando, apenas quero compartilhar; se for útil para alguém, fico feliz.)


Como curiosidade, a título de ilustração de como “eram” os processos de iniciação, transcrevo a seguir um trecho do Prefácio do livro “Astrologia Hermética”, de Samael Aun Weor, o pai da Gnose moderna (não sou gnóstico, aliás “não sou nada”, mas aqui deixo a minha homenagem).

“... Quando o devoto da senda está preparado para o curso das provas, a primeira que lhe compete passar é o Guardião do Umbral, defrontar-se com seu próprio Satã, que foi nosso guia e mestre durante muitos séculos.
Recordo-me que lá pelo ano de 1949, após mais de quatro meses de castidade absoluta, um fiel discípulo do então Hierofante de Mistérios Menores Aum Weor, foi submetido à prova do Guardião. Um dia 27 de julho, encontrava-se aquele principiante em um lugar solitário. Ele estava no mundo interno, mas não o sabia, quando invocou o Guardião do Umbral, que não se fez esperar.
Conta o principiante que, primeiramente, sentiu um frio mortal. O tempo que estava claro foi tornando-se cada vez mais escuro. Junto com o frio, que aumentava, cresceu um cheiro nauseabundo que o fazia estremecer de pavor. Sentiu desejos de sair em fuga dali, porém a força crística que acumulara em seu organismo através da transmutação alquímica com o Arcano AZF deu-lhe valor para permanecer no local indesejável.
De repente, viu que avançava para ele um animal com aparência de símio, totalmente peludo, com chifres na testa que brilhavam e trinavam quando movimentava a cabeça. Tinha o nariz e a boca muito semelhantes aos que possuem as mulas. A entidade se aproximou e disse-lhe: “De maneira que queres me abandonar? Assim me pagas por tudo que te favoreci? Trocas-me por esse homem que nem conheces?”
O devoto respondeu cheio de pavor que sim, que o abandonava. A besta arremeteu em atitude de ataque e o principiante a conjurou, porém de nada adiantou aquela débil conjuração dita por um homem fraco e atemorizado. Lembrou-se de que ele era um discípulo do Cristo e o conjurou em nome do Cristo, conseguindo fazê-la retroceder um pouco. Cada vez que a fera arremetia, pedia proteção ao Cristo e aos amados Mestres, enquanto exclamava: “Tu já não podes contra mim, eu te vencerei”.
A besta retirou-se proferindo ameaças de todo tipo.
A intranqüilidade do discípulo foi imensa porque o Hierofante tinha saído em direção a outra cidade e sua volta requeria pelo menos três dias de ausência. Quando regressou, o discípulo inquiriu-lhe a respeito e obteve como resposta: “Vos felicito, te saíste bem da primeira prova com o Guardião do Umbral. Este ser é o teu próprio Satã e a ele tens servido e alimentado durante muitos séculos”. “E como o alimentei”, perguntou temeroso o estudante. O Mestre respondeu-lhe: “Ele se alimenta com as tuas baixas paixões, nutre-se com os teus baixos desejos e com tuas paixões mórbidas e vida suja. Tudo isso vem a constituir os mercadores do templo de quem nos falava o Cristo. Comerciam com nosso próprio templo e agora toca-nos expulsá-los com o látego da vontade. Esses mercadores te escravizaram a Satã e agora tens de vencê-los um por um se, de verdade, queres te libertar do mal e seguir o caminho branco”.

[maria joao costa brito]

Gostei muito. Realmente é SIMPLESMENTE DEIXAR IR E SIMPLEMSMENTE SER. EU SOU O QUE EU SOU.EU SOU LUZ.
Obrigado.