O meu louco Cristina Guedes
Amo, o haver dos símbolos
misteriosas figuras,
centelhas e alturas,
de minha loucadernada missão.
Amo, variegado arremesso
jogos que em ti mereço
carteio em procriação.
Amo, o pórtico encantado
do homem apaixonado
de estar onde estar a ação.
Amo, nas proporções inexatas
na penumbra e na praça
não me deu o amar
outra opção.
Amo, feiticeiros e bruxos,
dias santos e de luto,
soberanos que escuto,
bastando pra isso:
ser Rei ou bufão.
Arcano XXII
O Louco
Da simbologia – Ponto último ou inicial do tarô, O Louco se distingue pela ausência de cifra, para significar que está à margem de qualquer ordem ou sistema. A alegoria mostra um homem de costas, mas com o rosto bem visível, caminhando com um bastão na mão e segurando no ombro um pau em cuja extremidade há uma sacola – símbolo de potencialidades. Seu traje de cores fortes indica as influências múltiplas a que se submeteu. Sua perna esquerda (inconsciente) é mordida por um cão, fato que poderia significar um resíduo de lucidez. A situação a que se expôs não significa ausência de espiritualidade nem impossibilidade de salvação – seu brilhante gorro brincante e o cinto são amarelos. O arcano é plural, correspondendo ao instinto ativo e capaz de sublimação, mas também à forte impulsividade. Simboliza a utilização do inconsciente para inverter uma ordem maligna reinante.
O Louco, segundo Frazer, possui o caráter das “vítimas de substituição” nos rituais de sacrifícios humanos. A imagem de um homem solitário que atravessa os campos, sendo agredido por um animal, é, segundo Alberto Cousté, uma das contribuições mais originais do tarô.
Provavelmente é uma alusão aos Clerici vagante – estudantes medievais inquietos e migratórios, sempre em busca de novos mestres ou novas tabernas. Seu traje lembra o de um bufão, figura que fazia a caricatura da corte, de reis e senhores. Personagem singular, O Louco não se preocupa com os perigos do caminho porque se sabe imortal.
Representa o microcosmo como resumo de tudo o que existe. A não-identificação com a personalidade terrena. Passividade, abandono absoluto, renúncia a toda resistência; inocência, repouso, instintividade; capacidade mediúnica grandiosa; abstenção, o não-fazer. Perigo de se isolar da sociedade, incapacidade para reconhecer os erros; sentimentos sem duração, abandono voluntário dos bens materiais; extravagâncias, incoerência, escravidão aos desejos, inconsciência, insegurança; despreocupação em relação à palavra dada. O homem, vergado sob o peso de obrigações e prazeres.
Apenas permita-se de sonhar. Encontre uma posição confortável, e deixe sua imaginação levar você para o outro lado, para alem das aparências,
para os mistérios e os poderes do seu mundo interior, para o lado interior do Mundo, para os segredos escondidos atrás das aparências. Na plena Luz da sua consciência, você esta descendo para seu mundo profundo, até descobrir uma porta em você. Dentro da porta, iluminado/a pela Luz da sua consciência,
você descobre uma outra porta de madeira. Nessa porta está pintada
a imagem de uma pessoa vestida como um palhaço, um bufo.
Na mão direita segura um bastão, que usa como bengala. Nas costas leva uma mochila, que parece vazia. Anda com os olhos virtuosos, sonhando... devaneando. Um cachorrinho atrás está pronto para morder suas calças. Um bufo, que vai. Com curiosidade, você entra nessa imagem; é uma porta para ir longe. Entrando nessa figura, você se torna ela, você é ela. caminhando... olhando com o olhar do devanear. olhando para Nada, olhando no Nada.
olhando nesse Nada misterioso de onde vem o Universo, nesse Nada divino que contém as galáxias.
Sentindo-se um zero.
Sentindo-se nada.
Sentindo-se tudo.
Em comunhão com a imensidão, com o Céu e com a Terra:
"Tudo isso sou eu. Esse Universo sou eu."
O meu louco
Amo, o haver dos símbolos
misteriosas figuras,
centelhas e alturas,
de minha loucadernada missão.
Amo, variegado arremesso
jogos que em ti mereço
carteio em procriação.
Amo, o pórtico encantado
do homem apaixonado
de estar onde estar a ação.
Amo, nas proporções inexatas
na penumbra e na praça
não me deu o amar
outra opção.
Amo, feiticeiros e bruxos,
dias santos e de luto,
soberanos que escuto,
bastando pra isso:
ser Rei ou bufão.
Arcano XXII
O Louco
Da simbologia – Ponto último ou inicial do tarô, O Louco se distingue pela ausência de cifra, para significar que está à margem de qualquer ordem ou sistema. A alegoria mostra um homem de costas, mas com o rosto bem visível, caminhando com um bastão na mão e segurando no ombro um pau em cuja extremidade há uma sacola – símbolo de potencialidades. Seu traje de cores fortes indica as influências múltiplas a que se submeteu. Sua perna esquerda (inconsciente) é mordida por um cão, fato que poderia significar um resíduo de lucidez. A situação a que se expôs não significa ausência de espiritualidade nem impossibilidade de salvação – seu brilhante gorro brincante e o cinto são amarelos. O arcano é plural, correspondendo ao instinto ativo e capaz de sublimação, mas também à forte impulsividade. Simboliza a utilização do inconsciente para inverter uma ordem maligna reinante.
O Louco, segundo Frazer, possui o caráter das “vítimas de substituição” nos rituais de sacrifícios humanos. A imagem de um homem solitário que atravessa os campos, sendo agredido por um animal, é, segundo Alberto Cousté, uma das contribuições mais originais do tarô.
Provavelmente é uma alusão aos Clerici vagante – estudantes medievais inquietos e migratórios, sempre em busca de novos mestres ou novas tabernas. Seu traje lembra o de um bufão, figura que fazia a caricatura da corte, de reis e senhores. Personagem singular, O Louco não se preocupa com os perigos do caminho porque se sabe imortal.
Representa o microcosmo como resumo de tudo o que existe. A não-identificação com a personalidade terrena. Passividade, abandono absoluto, renúncia a toda resistência; inocência, repouso, instintividade; capacidade mediúnica grandiosa; abstenção, o não-fazer. Perigo de se isolar da sociedade, incapacidade para reconhecer os erros; sentimentos sem duração, abandono voluntário dos bens materiais; extravagâncias, incoerência, escravidão aos desejos, inconsciência, insegurança; despreocupação em relação à palavra dada. O homem, vergado sob o peso de obrigações e prazeres.
Apenas permita-se de sonhar. Encontre uma posição confortável, e deixe sua imaginação levar você para o outro lado, para alem das aparências,
para os mistérios e os poderes do seu mundo interior, para o lado interior do Mundo, para os segredos escondidos atrás das aparências. Na plena Luz da sua consciência, você esta descendo para seu mundo profundo, até descobrir uma porta em você. Dentro da porta, iluminado/a pela Luz da sua consciência,
você descobre uma outra porta de madeira. Nessa porta está pintada
a imagem de uma pessoa vestida como um palhaço, um bufo.
Na mão direita segura um bastão, que usa como bengala. Nas costas leva uma mochila, que parece vazia. Anda com os olhos virtuosos, sonhando... devaneando. Um cachorrinho atrás está pronto para morder suas calças. Um bufo, que vai. Com curiosidade, você entra nessa imagem; é uma porta para ir longe. Entrando nessa figura, você se torna ela, você é ela. caminhando... olhando com o olhar do devanear. olhando para Nada, olhando no Nada.
olhando nesse Nada misterioso de onde vem o Universo, nesse Nada divino que contém as galáxias.
Sentindo-se um zero.
Sentindo-se nada.
Sentindo-se tudo.
Em comunhão com a imensidão, com o Céu e com a Terra:
"Tudo isso sou eu. Esse Universo sou eu."
Seu caminhar o levou para uma pequena cidade. Caminhando na rua principal você sente: "Ninguém presta atenção para esse Nada que eu sou.
Ninguém, fora os cachorros. será que não sou?" Eu sou Nada?" Da mochila, que parecia nada conter, você tira uma coroa, vestindo-se de rei, começando o teatro. Você é um ator em um papel de rei. As pessoas da cidade vêm admirar o espetáculo. Aplaudem. Vestindo-se de camponês, você é um ator em um papel de camponês. As pessoas da cidade aplaudem. Vestindo-se de velho... vestindo-se de jovem... vestindo-se de ingênuo... vestindo-se de esperto...
vestindo-se de guerreiro. Aplaudem, aplaudem. E você vai embora,
você o Nada, o rei, o jovem, o velho, o guerreiro, o camponês,
você vai embora agora. O Nada que você é vai bem longe para vestir-se com a imensidão dos caminhos, vestir-se das colinas, das árvores, do vento, da chuva, vestir-se da Luz das estrelas, do Sol e do luar.
Você vai, sem saber para onde. Qualquer caminho caminha na imensidão da Realidade divina. Caminha no Ser. "Eu sou Nada, posso vestir qualquer forma,
a forma de um rei ou de um vagabundo, a forma da juventude ou da velhice,
a forma da estupidez ou da sabedoria. Minha mochila está vazia. E a sua agora? Minha mochila contém o Céu e as estrelas. E a sua agora? O Sol e a Lua, o mar, as florestas, as cidades com seus moradores e o vento que vem do mar, o vento onde voam os pássaros e o vento de Luz, que vem das galáxias.
Não sei nada, o Universo é grande demais.
Eu compreendo sendo. Para compreender o rei eu sou o rei, para compreender a vida sou a vida, para compreender o amor, amo. Para compreender o relâmpago, eu caio do Céu, para compreender o fogo, danço a dança das chamas, para compreender você, sou você. Para compreender o Divino, entro em comunhão com DEUS. Podem latir os cachorros e morder. Não podem morder o Nada que eu sou." Imaginando o Templo do Sol, você é Você, embaixo da grande cachoeira de Luz. E com prazer você veste seu corpo humano, para respirar o vento que vem do mar, para admirar a beleza tranqüila do pôr do Sol, e para participar da criação permanente do Universo.
Cristina Guedes
escritora, taróloga e poeta
Autora do Livro A CADA DO MUNDO NO REINO DOS ARCANOS.
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