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"SALVAGUARDAR A LUCIDEZ - Por NILTON BONDER.


SALVAGUARDAR A LUCIDEZ
O GLOBO - 1º CADERNO - OPINIÃO - 22 de setembro de 2007

 

 

Celebrar a lucidez nos dá a dimensão de nosso pecado;

jejuar dá espaço para outras fomes.

 

E só quando essas fomes forem despertas no

ser humano haverá sustento para todos.



Uma conhecida história conta que o rabino viu um sujeito correndo desenfreado pelo mercado.

 

Esbaforido, segurava com uma mão a mala e com a outra o chapéu para que não voasse.

O rabino chamou o homem que, entre golfadas de ar, o cumprimentou.

 

“Para onde você corre com tanta pressa?”, perguntou o rabino.

“Como assim?”, disse o homem, não escondendo sua irritação por ter que parar.

 

“Estou tentando ganhar a vida e corro atrás de meu sustento!

Há oportunidades lá na frente que, se eu não correr, serão perdidas!”

 

“E como você sabe que as oportunidades estão à sua frente?”, disse o rabino.

 

“Quem sabe elas estão ao seu lado, ou, pior, talvez estejam atrás e você se afastando cada vez mais delas?”

 

O homem ficou sem ação, ao que o rabino concluiu:

“Meu amigo, não estou dizendo que não deva ganhar seu sustento, mas me preocupo que, na obsessão com seu ‘ganhar’, esteja comprometendo a ‘vida’.”


Realmente há algo de errado na expressão “ganhar a vida”, até porque a vida já está ganha.

 

A diferença entre “vida” e “sustento” está no centro das questões de nosso tempo.

Será pela qualidade dessa reflexão que teremos um futuro amigável ou litigioso.

 

Fazer a vida girar em torno do sustento é algo semelhante ao vício cultural de dizer que o “sol nasceu”, implicando que é ele e não a Terra que experimenta o movimento de rotação.

 

Saber distinguir o pivô do que é orbital é o início de toda a inteligência e a possibilidade de anteciparem-se mecânicas e trajetórias.


O nosso mundo é bem caracterizado por esse sujeito com uma mão na mala e outra segurando o chapéu.

 

A mala é representativa de nosso materialismo desmedido, já a mão que segura o chapéu é simbólica da desagregação da identidade num individualismo exacerbado.

 

O mundo é hoje regido pelo sustento.


Essa foi a grande parceria entre comunismo e capitalismo que, mais do que adversários, estabeleceram definitivamente o sustento como a haste central de políticas públicas e da cultura.

 

Talvez, em seu embate secular, ambos os sistemas tenham nos distraído da revolução central na cultura planetária que promoviam.

 

Hoje, com todos os dados que temos do litígio que teremos com o futuro, ainda assim há uma lógica do “sustento” que se sobressai à lógica da vida.

 

E nós não ficamos chocados com isso.

 

Nós entendemos. O impacto econômico seria por demais desestabilizador. Interesses importantes ficariam comprometidos.

 

Compreendemos e acolhemos a mesma lógica nazista, indiscutivelmente racional, que não se poupou em usar a vida como combustível para alimentar o desenvolvimento sustentável das circunstâncias de então.


E as políticas de sustentabilidade são hoje um band-aid em fratura exposta. Paliativos que terão pouco impacto na força acumulada pela inércia da cultura.

 

É a cultura que alavanca o movimento maior de massas, de bilhões que não poderão mudar de curso de um dia para o outro.

 

Está na hora de não corrermos mais para a frente.

Para o sustento que está sempre na frente.

Estabelecer economias de crescimento como única opção de futuro não exige grande dom profético para antever o desastre.

 

Não será bolha, será implosão mesmo.

 

É hora de olharmos para o lado e até para trás e esperarmos por uma nova revolução na cultura humana.

 

Uma revolução que se valha de outras sensibilidades que não apenas a racionalidade. Foi ela que construiu todas as revoluções do século XIX e que afetam a nossa cultura até hoje.

 

Esse iluminismo cultural desbancou a vida e ungiu o sustento.

As várias fomes da vida se fizeram em uma única, a do sustento, e está difícil alimentá-la.


O dia do Kipur é um dia para se ter coragem de falar sobre acertos que provavelmente não faremos.

Mas essa prática não se faz vazia por conta da dificuldade em promover transformação.

 

É que queremos salvaguardar a lucidez e mantê-la como uma chama para que, em condições favoráveis, ela realimente a labareda de uma nova cultura.

 

Uma cultura na qual, por exemplo, crescer e ter mais não signifique sempre qualidade, em que as oportunidades talvez estejam em não crescer, ou até em decrescer.

 

Celebrar a lucidez nos dá a dimensão de nosso pecado;

jejuar dá espaço para outras fomes.

 

E só quando essas fomes forem despertas no

ser humano haverá sustento para todos.


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NILTON BONDER

É Rabino e Escritor - Nascido em Porto Alegre, em 27/12/57.

Leia mais:

Fonte: http://www.niltonbonder.com/

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